sexta-feira, 26 de abril de 2024

Polícia Civil finaliza investigação no caso Backer e Ministério impede continuação da fábrica

POR | 10/06/2020
Polícia Civil finaliza investigação no caso Backer e Ministério impede continuação da fábrica

Montagem

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A Polícia Civil indiciou 11 pessoas por lesão corporal, homicídio e intoxicação no caso de contaminação das cervejas da marca mineira Backer. A coletiva de imprensa sobre a conclusão do inquérito é realizada no auditório do Departamento de Trânsito (Detran), localizado na Avenida João Pinheiro, no Bairro Boa Viagem, Centro-Sul de Belo Horizonte. A Polícia Civil constatou que um vazamento em um tanque provocou a contaminação das cervejas pela substância tóxica usada no resfriamento.

 

A conclusão do inquérito foi apresentada pelo delegado Dr. Flávio Rossi, que está à frente dos trabalhos, e do superintendente de polícia técnico-científica, médico-legista Thales Bittencourt, da 4ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro.

 

 

 A Polícia Civil não divulgou os nomes dos indiciados, mas indicou que trata-se de uma testemunha que mentiu; o chefe da manutenção, por omissão; seis responsáveis técnicos por homicídio culposo, lesão corporal culposa e por agirem com culpa na contaminação e, por fim, três gestores da Backer indiciados por atos na pós-produção. Flávio Grossi informou que o total de vítimas mudou. Eram 42, mas 13 foram retiradas do inquérito ao longo dos cinco meses de investigação, sendo três por se recusarem a fazer exames e 10 por fatores médicos ou de apuração. Assim, a Polícia Civil trabalha com 29 vítimas, sete fatais e 22 sobreviventes. Além disso, ainda há 30 pessoas em análise.

 

“No início das investigações, como nós não podemos fechar hipóteses, havia até a possibilidade de contaminação dolosa para o aumento da produção, por exemplo, como havia também a possibilidade de contaminação por sabotagem. Conseguimos concluir que na verdade ocorreram crimes culposos no que tange a contaminação”, detalhou o delegado Flávio Grossi nesta terça-feira. Ele explica que não é possível responsabilizar os proprietários da cervejaria pela falha na solda do tanque, mas o ponto é o uso do dietileno ou monoetilenoglicol na produção. “Esse vazamento fisicamente ocorreu porque havia um furo no tanque no alinhamento da solda. A questão a se destacar não é a ocorrência do vazamento: é o uso de uma substância tóxica dentro de uma planta fabril destinada a alimentação. Ela não poderia ocorrer”, enfatiza. “Bastaria uma simples leitura de três linhas para saber que aqueles equipamentos deviam funcionar com anticongelantes não tóxicos, como álcool”, disse o delegado. ´

 

 

Sobre o assunto, a Backer afirmou em nota que "irá honrar com todas as suas responsabilidades junto à justiça, às vítimas e aos consumidores. Sobre o inquérito policial, tão logo os advogados analisarem o relatório, a empresa se posicionará publicamente."

 

MAPA

 

No início dessa semana, a empresa informou que pediu à Justiça o direito de voltar a vender suas cervejas. O próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) teria atestado a qualidade de 219 lotes, dos quais 78 são da Belorizontina, e a venda deles custearia os compromissos empresariais da cervejaria, como colaboradores, funcionários e fornecedores, e outra parte seria destinada a pagar o auxílio às vítimas da intoxicação pelo produto.A Cervejaria Backer, uma das responsáveis pela contaminação por dietilenoglicol de pelo menos 29 pessoas, poderia então voltar às suas atividades normais, mas será somente após comprovar a segurança de quem consome seus produtos. É o que garantiu o Ministério.

 

Até o momento os rótulos de cervejas contaminadas são: Belorizontina, Capitão Senra, Backer Pilsen Export, Corleone, Capixaba, Três Lobos Pilsen, Layback D2 e Bravo. "Apesar da diferença em alguns lotes, o Mapa ressalta que todos os lotes divulgados com presença dos contaminantes estavam desconformes, mesmo não sendo possível a identificação da quantidade específica presente no produto", afirmou a pasta. Segundo o ministério, durante o processo de coleta de amostras, a Backer foi autuada pelo descumprimento de intimações que solicitavam informações essenciais à apuração do caso e determinavam o recolhimento de produtos suspeitos de contaminação no mercado.

 

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