domingo, 06 de outubro de 2024
Jornal Somos
As votações para escolha dos representantes estaduais do Parlamento Juvenil do Mercosul iniciaram na segunda feira (26) e vão até sexta feira (30). Em Goiás, são 4 candidatos, sendo três deles do Sudoeste goiano. Letícia Martins dos Santos, de Rio Verde, Lauany Oliveira Costa de Goiânia, Daniel Sabbadin, de Jataí e Hugo Mendes de Carvalho de Ouroana disputam tiveram seus projetos selecionados e disputam a eleição para representar o estado no Parlamento.
O Parlamento Juvenil do MERCOSUL (PJM) é uma iniciativa do Setor Educacional do MERCOSUL (SEM) que proporciona aos jovens estudantes de nível médio público dos países membros e associados do bloco um espaço de encontro e diálogo que incentive o protagonismo juvenil para geração de propostas sobre temáticas de interesse comum.
Em visita a Rio Verde, Hugo, um dos candidatos, concedeu uma entrevista ao Jornal Somos e falou mais sobre a oportunidade de estar na final da disputa.
De onde veio essa vontade de se candidatar?
Bom, a vontade veio da inspiração que eu tive do antigo representante de Goiás, que era o Gleison. Ele foi à minha escola, falou um pouco com os alunos sobre o projeto, sobre o que era o parlamento e eu achei muito interessante, porque lutava por uma causa muito justa. Eu gostei e aderi a essa ideia. Ele contou que haveria eleições esse ano novamente, eu me inscrevi para participar e passei.
Depois de selecionado seu projeto vai para a votação. Como é esse processo?
Através do processo de seleção os alunos do ensino médio, 1º e 2º ano apenas, elaboram projetos que contemplem as necessidades deles. Esses projetos têm que ser mandados por e-mail e aí são avaliados os objetivos dos projetos e como serão executados. Em relação ao projeto eles analisam os meios e publicam os resultados. Eu fiz meu projeto, mandei, eles analisaram e selecionaram para a eleição.
Temos um representante de Jataí, um de Goiânia, um de Rio Verde. Para você, como foi essa conquista de ser selecionado sendo do interior e de uma escola pública?
Não vejo só como uma conquista minha, mas de toda a sociedade de Ouroana e do Estado. Porque muitas vezes eu fui desqualificado e desmerecido por pessoas de “nível mais alto”. Não podemos falar sobre nível, pois em minha opinião não existe diferença entre um aluno de escola particular e um aluno de escola pública. A diferença está na escola, na infraestrutura. É uma conquista para Ouroana, porque ninguém acreditava que alguém dali seria classificado. É uma cidade desacreditada por ser interior. Quando fui aprovado também foi uma surpresa.
Como foi pra criar o projeto de vocês?
Pensamos em um tema atual e chegamos à conclusão de que seria sobre gênero, etnia e diferença social, porque ainda existe muito preconceito quanto a esses assuntos. Então, abrimos os olhos para a região onde vivemos, porque o estado de Goiás é composto por uma pluralidade muito grande, mas essa diversidade não é bem vista e nem bem entendida. Algumas pessoas não têm conhecimento sobre esse tema e querem julgar sem saber. Então o projeto vem para esclarecer e tentar acabar com as desigualdades.
Você tem 16 anos. Quais são suas pretensões políticas?
Tenho muito interesse na parte política, leio muita filosofia e me apaixonei pela política lendo Aristóteles. Eu acredito que a política deve ser reformulada e explorada todos os dias, então pretendo ficar na política após o projeto.
E a faculdade?
Ciências Sociais.
Como você acha que os jovens podem ser mais participativos na política?
Buscando e acreditando em si. Tentar melhorar e se renovar, porque os jovens estão ganhando mais espaço e para que isso continue precisamos nos inovar. Então começa na vontade.
De que maneira pretende colocar o projeto em prática?
Debates, cartazes e definições. Existe a diversidade e o preconceito, muitos jovens conhecem, mas não reconhecem. Por exemplo, há o gênero biológico e o gênero social. O biológico é como nascemos e o social é construído pela vivência em sociedade. Então o projeto vai ter definições e buscar as opiniões dos jovens. Também vamos compartilhar as experiências e refletir sobre elas. Além das redes sociais, também será executado nas escolas que quiserem do país todo.
Qual foi o seu critério para abordar esses temas?
A atualidade é importante, mas a intensidade foi mais. Desde o começo do Brasil o país é racista. A miscigenação veio do estupro. É um tema atual e é necessário, porque na maioria dos casos não estudamos as influências culturais e sociais do processo de escravidão. Então mais pela necessidade. Gostaria que os jovens buscassem mais sobre estes temas, porque é assim que podemos ajudar uns aos outros.
A votação acontece no site do PJMaté o dia 30, e nele você pode conferir também o projeto dos candidatos.
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