quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Sudoeste

MP investiga dois médicos e um estudante de medicina pela morte de uma idosa

POR Jornal Somos | 24/05/2019
MP investiga dois médicos e um estudante de medicina pela morte de uma idosa

Redação Jornal Somos

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Dois médicos e um estudante de medicina estão sendo investigados pela morte de uma paciente em Santo Antônio da Barra, no sudoeste de Goiás. A médica responsável pelo plantão teria contratado outro colega para trabalhar por ela, que por sua vez passou a função a um estagiário, que foi embora antes do horário.

 

O caso aconteceu no último dia 15 de maio no centro de saúde da cidade. Uma mulher de 75 anos deu entrada na unidade passando mal, mas não havia ninguém para fazer o atendimento e acabou morrendo. Ao tomar conhecimento do caso, a prefeita Sirleide Ramos Ferreira exonerou a médica responsável pelo plantão.

 

“Fiquei sabendo pela manhã e a diretora do hospital me ligou chamando lá. Conversei com as enfermeiras da noite, que relataram o caso. No horário que a paciente chegou, o médico já tinha ido embora”, disse.

 

A prefeita contou ainda que a médica responsável inicialmente pelo plantão era a única que tinha contrato com o município para trabalhar no local e que, devido a isso, foi exonerada. “Não conheço os outros dois médicos”, disse.

 

O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) disse que, devido ao feriado municipal em Goiânia, não teria como consultar se já há alguma investigação contra os envolvidos.

 

A Polícia Civil informou que já está investigando o caso e ainda vai ouvir testemunhas. Se ficar comprovado que houve negligência, os envolvidos podem responder por homicídio culposo.

 

A Universidade de Rio Verde, onde o aluno que saiu mais cedo do plantão estuda, disse à TV Anhanguera que ainda não foi notificada sobre esse caso, mas que repudia a atitude e que o estudante estava fora das atividades pedagógicas que envolvem a instituição.

 

A prefeitura disse ainda que está dando todo apoio à família da vítima e que uma reunião está marcada para discutir o caso.

 

O filho da vítima entrou em contato com a equipe do Jornal Somos. Confira seu relato abaixo:

 

"Posso relatar com detalhes a negligência sofrida pela minha mãe, Aurora Pereira Teixeira, no hospital de Santo Antônio da Barra. Minha mãe teve parada cardíaca no começo da noite do dia 15 de maio. Foi para o Hospital Municipal com dores nas costas e muita falta de ar. O médico aplicou um remédio nela que acabou com as dores imediatamente. Não sei que medicamento foi esse. Depois ele a mandou para casa e ela dormiu a noite toda, sem dor. Acordou pouco antes das seis da manhã, já infartando. Corremos com ela para o hospital novamente, chegando lá o médico plantonista havia abandonado o posto sem prévio aviso. As enfermeiras tentaram, mas aquilo era caso para um doutor especializado e com experiência. Se o médico estivesse ali, teria salvado a minha mãe. Liguei para o Samu e eles me disseram que eu deveria ligar para o responsável pelo hospital, já que lá não havia médico. Eu falei com a pessoa responsável e ela só me disse que o médico iria resolver. Não sei como, já que não tinha médico ali. Porque o médico é pago para estar lá, e não estava. Marca o ponto e vai embora. Minha mãe veio a óbito, às 8h da manhã, sem chance de reanimação. O responsável pelo hospital também não ligou para o médico, deixou minha mãe morrer com a falta de assistência. Pago impostos para ter um atendimento médico assim? Se vocês verem o rosto dos médicos que a Secretaria de Saúde contrata, são rostos de crianças. Eles não tem capacidade de cuidar de um paciente em estado grave. Tenho uma tia que levou sua neta, com 40º de febre, ao mesmo hospital. A criança estava com catapora e a médica que as atendeu nem se deu ao trabalho de examinar com cuidado a criança. Ela não teve coragem de chegar perto da criança por medo de pegar catapora. A minha tia teve que levar a menina à outra cidade. É possível presenciar a negligência do médico de Santo Antônio da Barra em qualquer outro dia.

 

Depois do sepultamento da minha mãe, fui ao hospital pegar o prontuário, mas o responsável pelo hospital e o Secretário de Saúde não quiseram assinar. Disseram que não era responsabilidade da equipe médica. Como isso não pode ser responsabilidade da Secretaria de Saúde? Ou mesmo do Hospital Municipal? Eu acredito que tem que ser. Médicos não preparados estão atendendo. O Ministério Público tem que intervir, porque se continuar assim muitas pessoas vão morrer. Minha mãe era uma matriarca de Santo Antônio da Barra e nenhum vereador ou o prefeito foi ao velório prestar solidariedade, ou ao menos tomar uma providência sobre esse caso, porque é responsabilidade da administração municipal, e eles não se importam com o povo. A prefeitura tem que contratar pessoas capacitadas. Não pode contratar médicos que nem tem diploma! Porque pela cara e pelo que vi, não tem. O MP tem que investigar e punir essa administração que não faz coisa alguma pelo seu povo. Nem ajudam e nem possibilitam que o Samu ou os Bombeiros possam ajudar.

 

As enfermeiras fizeram o que podiam, mas era preciso um médico. E a diretoria do hospital sabia da situação e nada fez. Se os médicos que recebem para estar lá, não estavam, de que adianta esse hospital?"

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