quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Mãe e filho de Jataí ganham óculos para daltonismo de presente e se emocionam ao verem as cores

POR Ana Carolina Morais | 19/12/2020
Mãe e filho de Jataí ganham óculos para daltonismo de presente e se emocionam ao verem as cores

Redação Jornal Somos

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Já imaginou não conseguir distinguir as cores verde, cinza, marrom, vermelho, azul, roxo e laranja? Este é o mundo em que vivem Mateus Tafuri, 21 anos, estudante de engenharia de produção, sua mãe, Zenilda Paniago, 50 anos, pedagoga, e mais diversos daltônicos. Porém, na última quarta-feira (16), mãe e filho ganharam novos tons em suas paletas de cores após receberem um apetrecho muito especial de sua irmã/filha, a advogada Marcela Paniago, de 24 anos, que os presenteou com um óculos para daltonismo. A descoberta de novas tonalidades nunca vistas antes aconteceu no Lago Diacuí, na cidade de Jataí, e fez todos se emocionarem.

 

 

O presente foi uma surpresa para o Mateus. Ele pensou que estava indo tomar água de coco no lago e não fazia ideia do que estava por vir. “Eu coloquei o óculos e quando olhei pro verde, na grama, não vi tanta diferença, aí eu fiquei ‘meu Deus, vou decepcionar todo mundo’, mas aí na hora que eu olhei para os pedalinhos, que tinha várias cores, eu vi com o óculos e depois tirei, aí que eu vi bastante diferença, principalmente no vermelho, no verde... E aí que eu me emocionei mais, porque foi a hora que eu vi realmente que era muito diferente as cores do pedalinho quando eu tava com óculos e sem óculos”, relata.

 

 

Para o estudante, a sensação é de que o mundo é mais tonalizado. “É como se eu visse tudo fosco, e quando eu colocasse o óculos, as cores ficam saltando mais, fica tudo mais vibrante. Foi uma experiência única”.

 

 

A pedagoga se emocionou ao relembrar a experiência que a fez se sentir em um mundo de mais tons. “Quando eu coloquei o óculos... Como vou definir aquela sensação? É uma emoção muito grande. A gente parece que é transportado para um novo mundo de cor, de muitas cores... E aí você realmente fica em dúvida de qual é o mundo real, se é o antes do óculos ou depois do óculos. (...) Eu fiquei muito impressionada quando eu fiz o teste de uma criança que estava vindo, e a camiseta dela era, no meu entendimento, um laranja, mas quando eu coloquei o óculos, até o menino brilhou!  Era um laranja muito brilhante, muito vibrante, uma cor que eu ainda não tinha visto, não tava na minha paleta de cores”, conta.

 

 

 

 

A ideia do presente veio depois que Marcela assistiu alguns vídeos na internet de momentos emocionantes como este, que ela proporcionou para seu irmão e sua mãe. “Eu achava tão legal os vídeos, sabe!? E eu queria para ver como é que era, pra ver se funcionava, e para eles verem o mundo como a gente vê, pelo menos um pouco”.

 

 

Já havia muito que ela queria dar esse presente, mas os óculos para daltonismo só eram produzidos no exterior. Até que, no mês passado, a advogada decidiu procurar novamente pelo item no Brasil, já que o aniversário de Mateus estava chegando. “Eu pensei, ‘uai, será que não tem esse óculos no Brasil?’. Aí eu fui pesquisar na internet. Eu pesquisei assim: ‘óculos daltonismo’. E aí saiu um site aqui do Brasil. Uma empresa de Minas.(...) Eu comprei um só, para testar, porque eu fiquei com medo de dar errado, inclusive eu sonhei várias noites nesse último mês com o óculos dando errado”, diz Marcela.

 

 

Apesar da descoberta, mãe e filho não pretendem usar os óculos de daltonismo no dia a dia, somente em ocasiões especiais. “Não pretendo usar no dia a dia, mas com certeza quando eu for em algum parque, ver o pôr do sol, ver um filme ou para andar um pouco na rua... Eu realmente vou usar ele bastante, mas não diariamente”, revelou Mateus.

 

 

Essa decisão pode ser explicada pelo fato de que, apesar de ser uma condição diferente, que gera algumas dificuldades, ela não é limitadora. Para Zenilda, “é uma limitação que não me limita”. Ela conta que também pretende utilizar o apetrecho em algumas situações específicas. “Talvez quando for comprar uma roupa, em um passeio no parque... Talvez quando for dar aulas e tiver que distinguir algumas cores”.

 

 

Para a maioria da população, que enxerga normalmente e, muitas vezes, não tem noção de seu benefício e não se colocam no lugar do próximo, Mateus deixa o recado: “As pessoas que enxergam direito tem que saber que elas são privilegiadas, porque eu sou daltônico e meu mundo é muito cinza”.

 

 

 

 

 

 

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