sábado, 07 de junho de 2025
Durante uma transmissão ao vivo no YouTube, o humorista Leo Lins se pronunciou pela primeira vez sobre sua condenação a oito anos de prisão, imposta por conta de piadas consideradas criminosas. Na live, acompanhada por mais de 25 mil pessoas, ele defendeu que seu trabalho é interpretativo e que a decisão judicial ameaça a liberdade artística.
“Um humorista interpreta no palco uma persona cômica. Uma análise literal do texto não se aplica ao cômico”, argumentou Lins, destacando que, fora do personagem, é Leonardo de Lima Borges Lins quem responde civilmente.
O humorista criticou um trecho da sentença que aponta: “Apesar de haver texto, edição, cenário, figurino e estar em um palco, parece-nos não se tratar de um personagem, mas sim da pessoa a proferir discursos.”
Em resposta, Lins ironizou: “Se eu te mostro a cabeça de um jacaré, o corpo de um jacaré e o rabo de um jacaré, e você diz que é um camelo, não adianta mais argumentar. A decisão já está tomada.”
Outro ponto contestado foi a alegação de que o conteúdo, mesmo encenado no teatro, teria ganhado nova dimensão ao ser divulgado no YouTube. Para o humorista, tal argumento abre um precedente perigoso: “Se eu assisto um filme de romance em casa, posso processar os atores por atentado ao pudor porque a cena foi exibida na minha sala?”, questionou.
Lins classificou a sentença como reflexo de uma “limitação cognitiva grave e preocupante” e ressaltou que, mesmo que se trate de um personagem, o entendimento da juíza foi de que ainda assim haveria crime. “Agora dá para prender atriz que faz a vilã da novela ou ator que interpreta vilão no cinema”, ironizou.
Ele também abordou a ideia de que suas piadas poderiam incitar crimes. “Se alguém cometer um crime, que essa pessoa responda pelo que fez. Eu não posso jogar Street Fighter, agredir alguém e culpar o criador do jogo. Proibir o jogo por causa de um idiota prejudica milhões. É isso que estamos fazendo: nivelando a sociedade pelo idiota”, concluiu.
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