quarta-feira, 03 de julho de 2024

Sudoeste

Corpo de idosa que faleceu em Santo Antônio da Barra foi exumado para investigações

POR Jornal Somos | 30/05/2019
Corpo de idosa que faleceu em Santo Antônio da Barra foi exumado para investigações
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A Polícia Civil exumou o corpo da idosa Aurora Pereira Teixeira, de 75 anos, que morreu após um profissional sair do plantão na unidade de saúde no município de Santo Antônio da Barra. Segundo a investigação, a médica que estava escalada combinou de passar o plantão para um estagiário estudante de medicina que foi embora antes do horário. A exumação foi feita na segunda-feira (27), mesmo dia em que a polícia colheu depoimentos.

 

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Santa Helena de Goiás. De acordo com o delegado Thiago Latorre Costa, a exumação do corpo foi necessária para respaldar o inquérito policial que investiga possível homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

 

Sobre os depoimentos, o delegado disse que, além da médica Liliane Cândida de Paula, do médico Matheus Ferreira e do estudante de medicina Paulo Ferreira Caixeta, que estiveram na delegacia, também já foram ouvidos o secretário de Saúde da cidade e dois funcionários da unidade de saúde. Falta apenas colher o depoimento da médica Nayara França, médica que estava no hospital quando o estudante deu entrada no plantão e que é citada também como diretora técnica da unidade.

 

A médica Liliane Cândida prestou depoimento à Polícia Civil e reiterou que comunicou à direção técnica e administrativa do hospital que precisaria se ausentar das atividades no dia 14 de maio (um dia antes de a idosa dar entrada na unidade) para acompanhar um familiar diagnosticado com linfoma. Ela disse ainda que Matheus confirmou que realizaria o plantão. 

“Portanto, eventual responsabilidade pelo fato não deve ser atribuído à Dra. Liliane Cândida, que apresentou justificativa para sua falta e que ainda contratou profissional médico devidamente habilitado junto ao CRM para substituí-la”, diz trecho da nota de sua defesa.

 

A defesa de Matheus disse que, nas declarações à autoridade policial, em Santa Helena de Goiás, o médico esclareceu os fatos, respondendo a todos os questionamentos concernentes ao ato procedimental. Jefferson Silva Borges, advogado do estudante, disse que o aluno foi ao local para acompanhar seu médico orientador para aprimorar o conhecimento teórico e que não recebeu nenhum valor para isso. Também disse que em razão da ausência do médico, optou por ajudar as enfermeiras e técnicas de enfermagem nos atendimentos.

 

O delegado também comentou porque vai ouvir a médica Nayara. “Vamos intimar a médica que estava no plantão antes do estagiário assumir. Ela não podia ter passado o plantão para ele”, disse. Ainda segundo Thiago, será questionado à médica o motivo de ter deixado o plantão, pois, inicialmente, ela teria, de acordo com ele, violado o Código de Ética Médico.

 

De acordo com as investigações, quem deveria estar inicialmente na unidade no dia do plantão era Liliane, contratada por uma empresa terceirizada da Prefeitura de Santo Antônio da Barra. Mas a apuração aponta ainda que ela passou o plantão para Matheus, mas ele não foi trabalhar e quem estava atendendo no dia era o estudante de medicina, que ainda teria saído antes do fim do plantão. Segundo o delegado, Liliane disse que passou o plantão para o outro colega com o conhecimento da outra médica, Nayara França, que seria também a diretora técnica da unidade.

 

Ao delegado, Liliane apresentou cópia de conversas em que comunicava a troca do plantão e também entregou a cópia de um atestado de acompanhante que estava com o marido dela fazendo exames em Goiânia. Já Matheus disse ao delegado que não foi trabalhar porque passou mal e que não teria contratado Paulo para substituí-lo.

 

Para o delegado, o médico relatou em depoimento que o universitário iria fazer um estágio supervisionado com ele e que a diretora técnica da unidade sabia que Paulo era estudante e mesmo assim deixou ele assumir o plantão. Já o estudante, ainda conforme o delegado, informou que não prescreveu nenhum novo medicamento para a idosa durante o atendimento, sendo dado a ela um que já era de uso contínuo e constava no prontuário.

 “Ele fala que não usou o documento do médico”, disse o delegado, ressaltando que, sobre a saída do estagiário antes do fim do plantão, o mesmo não teria a obrigação de permanecer no local, já que não estava acompanhado de um médico para supervisioná-lo.

 

Com a exumação do corpo, a polícia busca mais elementos para saber se houve ou não negligência no atendimento. Após autópsia, um laudo vai ser remetido ao delegado. “Temos 30 dias para concluir o inquérito. Vamos aguardar o laudo e fazer outras oitivas”, afirmou Thiago.

 

Também será investigado pela Polícia Civil a responsabilidade da prefeitura, já que Liliane denunciou falta de equipamentos e medicamentos necessários para atendimentos semelhantes ao que deveria ter sido dado a Aurora.

 

Sobre o caso de Aurora, a Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Barra, em nota, esclareceu que está colaborando com as investigações, que não tem a intenção de omitir nenhum dado ou informação, pois queremos a elucidação dos fatos e a punição dos responsáveis e que a prefeitura irá se manifestar no momento oportuno, para não atrapalhar as investigações.

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