quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Rio Verde

Mais responsabilidade na imprensa

POR | 28/08/2019
Mais responsabilidade na imprensa

Redação Jornal Somos

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Mais uma reportagem faz com que a responsabilidade da imprensa seja questionada. Desta vez o site do jornal O Globo é quem entra nas discussões.

 

Em matéria publicada hoje de manhã com título “Agricultor diz que desmata a Amazônia para poder sobreviver” o veículo apresenta a opinião do agricultor Aurélio Andrade que mora próximo à região das queimadas de Rondônia, da Floresta Amazônica, afirmando que, de acordo com a publicação, "Nós desmatamos para sobreviver".

 

Agora vem a pergunta: seu Aurélio está mentindo naquilo que afirma? Bem, provavelmente não porque inclusive na matéria vemos uma fotografia do mesmo em meio à destruição do fogo.

 

Entretanto, uma matéria em que abre o título com a palavra que representa uma categoria de milhões de brasileiros que produzem e se preocupam com o meio ambiente, sem o menor cuidado de deixar claro que essa é uma ação isolada e não representa a categoria, coloca todos nós da imprensa em cheque. Principalmente quando não foi apresentada nenhuma resposta, nota ou qualquer dado de entidades representantes ou órgãos oficiais com dados que dão a veracidade da reportagem.

 

Pelo contrário, por exemplo, em uma nota técnica publicada recentemente pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) com dados e opinião de representantes de uma categoria inteira afirmando o oposto (leia matéria completa). Segundo essa mesma nota, inclusive, “as diversas notícias, muitas delas infundadas, colocaram o setor produtivo rural como responsável, até mesmo pela ‘chuva negra’ ocorrida na tarde desta terça feira (20), em São Paulo”. E essa manifestação das entidades não é à toa já que os produtores rurais são quem perdem diretamente animais, plantações ou dinheiro com tudo que vem acontecendo.

 

Na nota ainda é colocado que a prática de queimadas nas propriedades rurais é ultrapassada, pouco utilizada, além de ser considerada uma técnica primitiva e arcaica, um método que traz mais prejuízos do que benefícios, até mesmo na redução da fertilidade do solo das propriedades, como a destruição de micro-organismos decompositores que são precursores na formação da matéria orgânica do solo. E que em parcerias e convênios, os produtores rurais tem ajudado no combate aos incêndios. (clique aqui) Ainda existem projetos através do sindicatos como o Projeto Brigada Aérea (parceria entre o Sindicato Rural de Rio Verde e uma empresa aérea), lá na base de Montividiu, em que a empresa dispõe de 03 aviões, 02 pilotos e uma equipe no solo para quando o produtor tiver um incêndio descontrolado, ele aciona e os aviões dentro de 15 minutos em média, e eles possam já voar por cima da área ajudando a combater o incêndio. “Não resolve o problema, mas é mais uma ferramenta que temos disponível pra combater estes incêndios”, lembra o produtor rural José Roberto Bruceli que já vive isso há muito tempo no Sudoeste goiano.

 

O engenheiro agrônomo e produtor rural George Fonseca Zaiden conta ainda que a Brigada é organizada através de dois grupos de WhatsApp e que eles tem desempenhado papel muito importante na região de Rio Verde, Montividiu, Paraúna, Acreúna e Santa Helena. "Somos os maiores defensores da natureza e meio ambiente, tanto é que deixamos 20% ou mais de nosso patrimônio em reservas para manter o equilíbrio com o ambiente. A sociedade urbana precisa saber disso para também fazer a sua parte na zona urbana". Falou ele.

 

José Roberto Bruceli desde 2017 comprou um trator com um reservatório de água para ficar de reserva em sua propriedade. Isso depois de perder 500 hectares por conta de um incêndio que começou em pequenas proporções e logo se alastrou. O prejuízo para ele foi de R$ 3 milhões na época. “Quando queima a palhada o prejuízo é enorme, primeiro o prejuízo ambiental, você fica nu, acaba com a cobertura do solo, e segundo na perca do produto” explica Bruceli, que ainda lembra que isso tudo é reflexo do tipo de plantio utilizado hoje na maioria das plantações: “Plantio direto  (nele a palha e os demais restos vegetais de outras culturas são mantidos na superfície do solo, garantindo cobertura e proteção do mesmo contra processos danosos, tais como a erosão) é uma ferramenta excepcional para a agricultura, criamos um barril de pólvora, que é uma camada de material orgânico que fica em cima do solo. Só no Sudoeste goiano, tem um milhão de hectares em área contínua”.

 

George Fonseca Zaiden é de família rural e já é produtor desde 1988, também fica preocupado com tudo que tem acontecido na zona rural.

“Durante a colheita de milho safrinha, aconteceu que quebrou uma peça da colheitadeira onde o operador não viu e a mesma foi soltando faíscas na palha e começou o incêndio. Como era 13h, o sol estava muito quente, ventando bastante, foi o necessário para o fogo se alastrar rapidamente. Neste momento entramos com nossos tratores, tanque d’água e ligamos para o nosso grupo da Brigada de incêndio que rapidamente chegaram com varias máquinas e vários caminhões de água e controlamos o fogo.”

E ainda acrescenta que já tiveram queimadas varias vezes em sua propriedade rural, e que elas podem acontecer por vários motivos como: raio, cabo de rede elétrica que se rompe, há incêndios criminosos, latas e garrafas deixadas por pessoas que trafegam na região.

 

Por isso ele acredita que hoje o produtor deve e faz parte da luta contra as queimadas, assim como na conscientização para conseguir isso.

“Mais de 80% dos incêndios na região sudoeste são incêndios que poderiam ser evitados, como colocar fogo no lixo na porta de casa, ou outras queimas de pequeno porte. De julho a setembro não é aconselhado fazer pequenas queimadas em qualquer área ou mesmo o lixo em quintal de casa. Porque qualquer fagulha que perde o controle e transforma em incendeio gigantesco, que prejudica tanto o meio ambiente, quanto as produções do agricultor.” Conclui.

 

Estudos da Embrapa apontam que a categoria mobiliza mais R$ 3 trilhões ao meio ambiente. Ainda segundo a entidade, ratificado pela própria Nasa, atualmente, temos mais de 65% do território brasileiro preservado. Além das leis ambientais brasileiras que são consideradas as mais modernas e rigorosas do planeta.

 

Por isso vamos concordar com uma das frases apresentadas pela Nota publicada pelos órgãos que representam realmente a categoria e escrever: “Repudiamos notícias distorcidas que condenam o setor produtivo rural indiscriminadamente, com finalidades diversas.”

 

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