segunda-feira, 08 de julho de 2024

Rio Verde

Entrevista com a mulher da política Andresa Martins

POR Jornal Somos | 26/06/2018

A cantora que virou locutora de rádio, agora é Vereadora. Porque mulher de raça com ela não está só na cor da pele, mas nas ideias e falas.

Entrevista com a mulher da política Andresa Martins

Jornal Somos

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A cantora que virou locutora de rádio, agora é Vereadora. Porque mulher de raça com ela não está só na cor da pele, mas nas ideias e falas. Reconhecida pelas frases impactantes, ANDRESA MARTINS contou parte de sua história e futuro ao JORNAL SOMOS entre um sessão ordinária e reuniões da semana das plenárias da Câmara dos Vereadore de Rio Verde.

EJ: Esta semana está acontecendo as reuniões ordinárias da Câmara de Vereadores de Rio Verde. Qual de seus requerimentos está como prioridade em sua pauta?

ANDRESA: Eu apresentei um requerimento recentemente solicitando envio de ofício a Agência Municipal de Mobilidade e Trânsito (AMT) para que seja instalado faixas refletivas no asfalto nos locais que possuírem radar na via. Pois apesar de aprovado em sessão, não foi atendido pelo executivo e essa semana inclusive vou cobrar sobre o mesmo. A importância deste requetimento está na melhoria da identificação dos locais que existem radar na via, dando assim maior conhecimento sobre a sinalização de trânsito de nossa cidade a todos os condutores, sejam eles locais ou visitantes, bem como dando uma visibilidade maior da importância de trafegar de acordo com o Código De Trânsito Brasileiro.

EJ: Como surgiu o interesse da sua parte para a política?

ANDRESA: Eu nunca fui interessada em política, para entrar e participar ativamente tinha interesse em participar como cidadã, pela escolha dos candidatos, principalmente na época de eleição. Surgiu o interesse da parte de um partido em me convidar. Eu já havia sido convidada uma vez e não tinha aceitado, mas dessa vez me deu vontade, quis tentar, gosto muito de desafios e achei que seria um. A vontade partiu do partido em me chamar para completar a porcentagem de mulheres.

EJ: Desde a sua entrada como vereadora na política, o que você tem sentido de diferente na sua vida?

ANDRESA: A minha vida mudou completamente. Eu virei alvo de algumas maldades, virei alvo também pelo lado bom de pessoas que me procuram pedindo ajuda, e isso é bom, porque as pessoas lembram de você no momento ruim, e eu tenho condições agora de ajudar. Tenho contato com o prefeito, contato com os secretários, consigo resolver alguns problemas, e quando consigo ajudar de alguém, eu fico muito feliz. Mas já sofri muita perseguição, inclusive por ser mulher.

EJ: Como é tratada a mulher na política?

ANDRESA: Infelizmente, o machismo existe dentro da política. O comportamento da mulher deve ser três vezes maior do que na sociedade normal, que já é machista. Então eu senti que tive que me impor muito mais do que na sociedade do que no rádio onde eu sempre trabalhei com homens. Sempre trabalhei com música, com homens e na política foi diferente, eu tive que ser bem mais firme para poder impor respeito.

EJ: O que você vê como dificuldade sendo vereadora?

ANDRESA: Existem muitas dificuldades, além do preconceito com a mulher, preconceito com quem entra - como os veteranos quando entram na faculdade - é a mesma coisa. A gente entra não sabendo muito, eu tive que estudar muito, estudar o regimento interno. Estudei muito sobre esse cargo antes de entrar, não entrei de uma hora para outra para aprender fazendo. Estudo bastante antes, me preparo sempre, leio os projetos, me preparo porque eu não tenho formação em direito, então mexer com leis gera uma certa dificuldade para mim.  Então, eu estudo muito, me dedico antes de qualquer votação, discussão. Tenho medo de falar besteira, então eu observo bastante, porque quando eu falo, tenho certeza do que estou fazendo.

EJ: Além de vereadora agora, você já era cantora e locutora, como você relaciona essas atividades hoje?

ANDRESA: Eu fiz de uma forma bem fácil, o melhor do vereador é estar perto do povo, e cantando estou muito perto do povo, isso me ajuda muito. Os shows diminuíram bastante, porque nos finais de semana eu não conseguia descansar, estava ficando doente, não estava me alimentando direito, então eu precisei diminuir os shows, mas ainda faço alguns. Isso gera um contato muito próximo às pessoas, então, acabo sendo mais acessível. E na rádio também, as pessoas me procuram lá às vezes quando eu posso resolver alguma coisa, acho que me deixa mais acessível. É difícil sim, mas eu consigo arrumar os horários, arrumar a agenda de uma forma que consiga fazer tudo bem feito.

EJ: Qual foi seu maior incentivo para continuar na política hoje?

ANDRESA: Meu incentivo é exatamente o que eu vi lá dentro. O que eu vi lá dentro me dá vontade de fazer diferente, de ser melhor e de ajudar o povo de verdade. Apesar de ter me decepcionado muito quando entrei, eu percebi que não podia fazer muita coisa. Entrei com gana, com vontade, achando que eu ia mudar totalmente a política e não é bem assim, a minha decepção foi muito grande, porque se eu peço um projeto, ou a pessoa me cobra para fazer algum projeto, corre o risco desse projeto ser vetado, porque todos tem que ser um projeto de lei, tem que passar pela procuradoria, tem que passar pela comissão, e muitas vezes se passarem, ainda corre o risco de serem vetados. Eu não posso fazer um projeto que gere custos ao executivo e isso é muito difícil. As pessoas me cobram as coisas “ah, tem que fazer isso...” “está precisando disso”, e eu não posso fazer um projeto para atender, porque é inconstitucional , isso me deixa de mãos amarradas e me deixa muito mal.

EJ: Como você tem lidado com o machismo que infelizmente ainda é um assunto crítico às mulheres que entram para a política?

ANDRESA: Eu tenho facilidade nisso, porque não tenho papas na língua, não tenho vergonha de falar, não sou muito delicada. Eu respondo na hora, na lata, porque na minha cabeça não tenho nada de diferente de qualquer homem que esteja lá, eles chegaram lá pelo voto popular e eu também, a mesma caneta que eles assinam é a caneta que eu assino, eu não tenho diferença nenhuma com eles, isso nunca foi um problema para mim. Encaro o machismo de uma forma muito direta com a cabeça erguida, porque eu realmente me acho capaz e igual a qualquer outro homem em qualquer área que eu trabalhei, no rádio que estou há vinte anos e agora na política, meu posicionamento sempre foi firme, me acho igual a qualquer um deles.

EJ: Das experiências que adquiriu, Andresa Martins continuará na política depois deste mandato?

ANDRESA: É muito cedo para dizer, se fosse hoje se eu tivesse que responder, não. Pela tamanha decepção que tenho de não poder fazer aquilo que eu gostaria de fazer. As pessoas não tem o conhecimento, não vão até a câmara para assistir uma sessão, não sabem o que acontece lá. Tem uma coisa nova que são as Fake News, as pessoas inventam as notícias e aquilo se torna verdade na boca de muita gente, elas preferem ouvir uma notícia, algum meio de comunicação do que procurar saber realmente o que acontece. Então acho que muitos de nós somos muito injustiçados, cobrados por algo que não é da nossa responsabilidade e está longe das nossas possibilidades. Exatamente por ser inconstitucional, então o projeto tem que vir do executivo para o legislativo para ser votado. Eu não posso simplesmente fazer um projeto para o posto de saúde, e as pessoas me pedem isso. A falta de conhecimento das pessoas faz com que elas cobrem errado e isso é muito ruim,me deixa muito decepcionada.

EJ: O que o Rio-verdense pode esperar de você?

ANDRESA: O rio-verdense pode esperar de mim muito trabalho e muita verdade no que eu faço, sempre nas minhas postagens, gosto de colocar bem claro o que eu posso fazer e o que eu não posso fazer. Então, se as pessoas não querem entender, não é falta de explicação. O que elas podem esperar de mim sempre é a verdade na hora de fazer as coisas, e sempre quero deixar bem claro isso, para todas elas, eu não me escondo e nem deixo de falar alguma coisa porque “vão pensar mal de mim”. O que eu tenho que falar, eu falo mesmo, eu não tenho medo.

 

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