quarta-feira, 24 de abril de 2024

Rio Verde

Contra as estatísticas: mulheres rio-verdenses e suas trajetórias profissionais

POR Jornal Somos | 08/03/2020
Contra as estatísticas: mulheres rio-verdenses e suas trajetórias profissionais

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O "ser mulher" é instantaneamente associado a luta. Não é à toa que o Dia Internacional da Mulher foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de lembrar as conquistas políticas e sociais femininas. Muito espaço foi conquistado, mas ainda assim a desigualdade é presente, principalmente no âmbito profissional.

 

 

Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidencia que as mulheres ganham menos do que os homens em todas as ocupações analisadas na pesquisa. Em meio a batalha contra estas estatísticas, mulheres rio-verdenses (de nascimento e de coração!), são inspirações profissionais, mesmo entre dificuldades.

 

 

Camila Carrijo – 3° Sargento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás

 

A Sargento Camila Carrijo, nunca havia imaginado ser bombeira. Ela se formou em Psicologia e decidiu trocar de área quando precisou mudar para Rio Verde devido ao trabalho de seu marido. Prestou o concurso do Corpo de Bombeiros e, após iniciar uma rotina de estudos e treinos físicos, conseguiu ser aprovada em todas as etapas.

 

 

Mãe de 3 filhos, a Sargento afirma que a jornada múltipla é exigente. “Ter filhos e trabalhar em um lugar que exige muito é um desafio, onde o segredo é manter físico e emocional sempre em sintonia”, conta.

 

 

Apesar dos desafios de sua vida profissional, ela acredita ser possível superá-los. “A profissão de bombeira é muito linda, gratificante! Mas por sermos mulheres, e também por nossa estrutura natural, há várias restrições físicas para a realização das atividades exercidas nessa profissão. (...) Mas por outro lado, tem várias atividades no quartel que as mulheres são escolhidas para exercê-las. Desse modo, não vejo nenhuma dificuldade que não possa ser superada. Todas nós, mulheres bombeiras, exercemos o mesmo trabalho que os homens: treinamento físico, atendimento a ocorrências, corridas, flexões, motoristas dos caminhões”.

 

 

O maior desejo de Camila é conquistar as promoções e o reconhecimento no cargo em que ocupa, mas esta sua vontade também se estende à todas as mulheres. “Desejo a todas as mulheres, em especial à minha mãe e minha irmã, um merecido reconhecimento em sua área de atuação profissional, familiar e social, cada qual com sua especialidade”.

 

 

 

 

Lari Ferreira – Cantora e Compositora

 

Falando em reconhecimento profissional, este também é o sonho de Larissa Ferreira, artisticamente conhecida como Lari Ferreira. Dona de vários hits de sucesso conhecidos em grandes vozes da música sertaneja (Eu Sei de Cor – Marília Mendonça, Maldade – Maiara e Maraisa e Romance com Safadeza – Wesley Safadão part. Anitta), ela afirma que este é o trabalho que sempre desejou.

 

 

“Me interessei por essa profissão desde que nasci, a música corre nas minhas veias. Desde que ‘me dei por gente’, não me via fazendo outra coisa. Com 3 anos de idade falei pra minha mãe que meu sonho era cantar”, relata.

 

 

Segundo Lari, o maior desafio foi conseguir entrar na indústria da música. Porém, com muita autoconfiança, este empecilho foi vencido. “A maior dificuldade foi infiltrar num meio tão fechado, fazer contatos sólidos e conseguir ter a minha música reconhecida nas vozes de grandes artistas! Acreditei mais que todo mundo em mim mesma e no potencial que eu tinha, e isso foi essencial para que eles acreditassem também”.

 

 

Depois de escrever para grandes nomes, a compositora agora está vivenciando o desafio de deixar os bastidores e ganhar os holofotes. O seu primeiro single, Deixa Eu Namorar, já conta com quase um milhão de visualizações no YouTube. “Eu ainda quero ser uma das maiores vozes desse país! E eu acredito muito nisso, hein”, revela Lari. “Nada é mais forte e admirável que uma mulher que sabe o que quer e não tem medo de ser quem é”.

 

 

 

 

Ludmila Martins – Conselheira Tutelar da Região Norte de Rio Verde

 

A palavra “força” é a descrição correta para a trajetória de Ludmila Martins. Oriunda de uma família humilde e com poucos recursos, sua luta pelos estudos e para se tornar uma profissional de sucesso foi grandiosa. Orgulho dos pais, a Conselheira é a única filha que possui diploma de Ensino Superior.

 

 

Formada em Jornalismo, ela trabalhou na área da comunicação. Porém, em 2016 o cuidado com as crianças e adolescentes tocou seu coração e a fez concorrer a sua primeira eleição para o Conselho Tutelar, modificando sua atuação profissional. Atualmente, Ludmila está em seu 2º mandato. “Sempre digo que é uma missão [ser Conselheira], porque tudo o que fazemos é por amor a quem precisa de cuidados”, afirma.

 

 

O maior desejo da Conselheira Tutelar é conseguir fazer com que as pessoas acreditem em uma comunidade mais humana. “Meu sonho é mostrar que é possível ter uma sociedade mais humana, atenta e preocupada com o futuro das crianças e adolescentes. Que pessoas possam valorizar a mulher como peça fundamental da sociedade, não apenas como um sexo frágil, mas uma estrela que brilha e tem chance de participar de qualquer que seja a batalha, pois a mulher veio ao mundo para somar”.

 

 

Para este 8 de março, Ludmila anseia que as mulheres tenham ainda mais persistência e autoconfiança. “Que mais mulheres avancem e não desistam de sonhar, pois seu potencial está na coragem de lutar. Temos diversas habilidades, basta correr atrás e nunca se acomodar, buscando se renovar a cada dia”.

 

 

 

 

Adriana Couto – Produtora Rural

 

A produtora rural Adriana Couto também passou por outras áreas profissionais antes de chegar onde realmente se sente bem. Apesar de vir do meio agrícola, da fazenda de seus pais, ela já vendeu pamonha, vendeu roupa, plantou lavoura de soja, foi secretária, caixa, trabalhou em campanha política, como fiscal do Procon, na ouvidoria da prefeitura e também possuiu seu próprio centro de estética.

 

 

Apesar de tudo, acabou retornando para sua origem, onde se sente livre. Atualmente Adriana possui sua própria propriedade rural onde produz verduras, legumes e frutas orgânicas, bem como quitandas, doces, geleias e demais produtos caipiras. Com a ajuda de seu filho Gabriel Shiba, que além de auxiliar nas plantações, cuida de todas as mídias sociais e do sistema de entregas do empreendimento, ela se orgulha do sucesso conquistado até então.

 

 

“Me sinto realizada. Gosto muito de transformar. De pegar uma simples fruta e transformar ela num doce, em outro prato. De pegar uma semente, joga no chão, essa semente vai proliferar, vai nascer. É isso que alimenta o mundo. O alimento é o mais importante, ninguém vive sem ele. O que vem da terra é muito lindo. É muito bonito saber que independentemente do tamanho da terra, você vai em qualquer mesa, tanto na mesa mais humilde quanto na mesa mais exuberante”.

 

 

A busca pelo respeito foi um dos maiores desafios. Por ser mulher, grande parte dos homens do meio não lhe davam voz, e até mesmo os contratados não acatavam suas ordens. Além disso, o julgamento de outras pessoas devido a sua escolha de um novo estilo de vida, e o episódio da destruição de sua casa recém construída devido a uma ventania, também foram imensos obstáculos a serem superados. Hoje, há 5 anos em sua fazenda, seu maior desejo são estufas e uma cozinha industrial, para profissionalizar seu negócio.

 

 

“Na minha vida eu encontrei muitas dificuldades, mas tô de pé até hoje. A mensagem que eu deixo é que as mulheres acreditem mais em si. Mulher não depende de homem. Basta você querer, acreditar. Se a gente lutar por aquilo que acredita, passamos a ser vistas com outros olhos. (...) Eu cheguei onde cheguei e sigo em frente por acreditar na minha capacidade. Não me acho melhor que ninguém, mas também não me sinto inferior. Eu mereço todo o respeito do mundo. Mulher nasceu pra brilhar”.

 

 

 

Matéria produzida pela acadêmica de Jornalismo, Ana Carolina Morais, com edição de Camilla Paes.

 

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