Após o seu pronunciamento, dois dias depois da derrota nas eleições, e no terceiro dia de bloqueios em rodovias do Brasil afora, o presidente Jair Bolsonaro usou uma de suas redes sociais para confirmar não ser favorável ao impedimento do direito de ir e vir do cidadão e pedir o desbloqueio das rodovias.

O vídeo tem menos de três minutos, um pouco maior apenas que o tempo de sua fala à imprensa na terça-feira, 1º. Com semblante abatido, Bolsonaro se dirige a seu público se dizendo “tão chateado e tão triste quanto você”, mas completando que é hora de “ter a cabeça no lugar”.

“Os protestos, as manifestações, são muito bem-vinda, fazem parte do jogo democrático. Agora, tem algo que não é legal: o fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas, que está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas”.

Em seguida, o presidente fala do prejuízo à economia que os atos estão causando e conclui: “Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí, não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas, não vamos perder essa nossa legitimidade”.

O presidente faz questão em seu vídeo de destacar que apóia as manifestações e o pedido é exclusivo com relação às rodovias. “Estou com vocês e tenho certeza de que vocês estão comigo. O pedido é ‘rodovias’. Vamos desobstruir pelo bem da nossa Nação.”

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) também foi às redes para dizer que um golpe militar poderia deixar o Brasil malvisto pela comunidade internacional. No Twitter, ele que foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul publicou: “Querem que as Forças Armadas dêem um golpe e coloquem o País numa situação difícil perante a comunidade internacional.” E propôs um manifesto de esclarecimento, sugerindo que sejam bloqueadas as pautas que supostamente viriam no futuro governo Lula com cunha estritamente de esquerda. Bom censo e equilíbrio mais uma vez demonstrado pelo vice Mourão.

QUEM MAIS ACERTOU E MENOS ERROU NO SEGUNDO TURNO

Ao final do primeiro turno das eleições o principal assunto foi o questionamento dos institutos de pesquisa que supostamente teriam errado feio no resultado. É bom frisar que o instituto mostra tendência no momento da pesquisa e não garante resultado. Os questionamentos chegaram ao ponto de pedir uma CPI (comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional. No segundo turno não se falou mais em pesquisa eleitoral, alguém sabe por quê?

A situação é a mesma já que alguns institutos ficaram mais distantes do resultado entre eles o Veritá, que mostrava vitória de Bolsonaro por 51% a 49%, e o Ipec, que apresentava oito pontos de vantagem para Lula (54% a 46%). Ambos os institutos disseram que a margem de erro de seus levantamentos era de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Outro instituto que também ficou bem fora da margem, é o AtlasIntel, quando segundo os dados revelados, a vitória de Lula seria com 6,8 pontos de diferença. Entre os levantamentos dos demais institutos, tanto Datafolha quanto Quaest ficaram dentro das margens de erro de dois pontos ao prever vitória do ex-presidente por 52% a 48%.

O professor Luís Signates, Doutor em Comunicação e Consultor de Marketing Político, ressalta que erros em pesquisas fazem parte, levando em consideração que toda pesquisa trabalha com margem de erro e índice de acerto. Mas de acordo com Signates, em geral, os grandes institutos de pesquisas têm tradição de errar menos no segundo turno do que no primeiro. De acordo com ele, pelo fato da população já ter votado no primeiro turno, ela traz um voto mais convicto. Então é isso, pesquisa é tendência por isso não é aconselhável apostar a vida no resultado apontado que pode se consolidar ou não.

FANATISMO POLÍTICO

Após o resultado do segundo turno das eleições confirmarem a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o prefeito de Iporá Sr. Naçoitan Leite, deixou vazar um áudio que o político fala em “eliminar” Lula e o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Morais. A partir dai várias consequências acontecerão e vamos esperar como o prefeito vai lidar com a situação.

A primeira consequência foi a decisão do presidente nacional do União Brasil (UB), Luciano Bivar,  que suspendeu a filiação do prefeito de Iporá.

Na gravação, Naçoitan diz ainda que são “dois homens que estão acabando com o Brasil” e que, por causa deles, “vai virar uma guerra civil”. “Ou é agora ou vamos virar a Venezuela ou pior”, porque, segundo ele, “até o presidente da Argentina Alberto Fernández já está morando no Brasil”. Fernández esteve no Brasil na segunda-feira, 31, para cumprimentar Lula pela vitória nas eleições.

A decisão de Bivar foi “ad referendum”, ou seja, foi antecipada à decisão final de um colegiado, que deve referendá-la. Isso porque, segundo o presidente do UB, Naçoitan adotou “postura totalmente incompatível com o Estado Democrático de Direito e os valores do União Brasil” e não deve haver “nada mais GRAVE E URGENTE para a direção partidária que proteger pilares do Estado Democrático cuja matéria mais basilar é o reconhecimento da legitimidade do resultado do processo eleitoral”.

No texto, Bivar ainda faz sinalizações de que afiliação de Naçoitan não foi encontrada formalmente nos dados do partido.

Ao contestar o resultado do pleito e incitar movimentos direcionados contra o Presidente legitimamente eleito e o Ministro Presidente do TSE, Naçoitan Leite afronta, a um só tempo, vários artigos do estatuto do UB. O art. 95, II, pois atenta contra a normalidade das eleições; o inciso III, pois desenvolve atividade política contrária ao Estado de Direito, ao Regime Democrático e aos interesses partidários; bem como o inciso VI por falta de exação no cumprimento dos deveres atinentes às funções públicas e partidárias.

Outras consequências virão principalmente por parte do TSE e STF já que o prefeito de forma absolutamente irresponsável, principalmente por ser um ente público, comete crime previsto na Constituição Brasileira. Até onde vai o fanatismo e a desinformação? Se alguém souber me ajuda.