sábado, 23 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Vários brasileiros estão preocupados com o pós-eleição. Isso porque existe a desconfiança de que o resultado da eleição possa ser motivo de contestação e acabar não sendo aceito. E aí, o que fazer?
Em várias ocasiões o presidente Jair Bolsonaro tem dito que só aceitará o resultado das urnas se ele expressar a vontade do eleitor. Já está mais do que provado, inclusive por setores do próprio governo, que não existe qualquer motivo para duvidar das urnas eletrônicas. Inclusive o resultado do primeiro turno não pode ser questionado.
Todos que fiscalizaram, comprovaram a lisura das urnas. Em discurso na tarde da última terça feira (11) em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) voltou ao tom de desconfiança em relação ao resultado das urnas no próximo dia 30 de Outubro, e de inconformidade em caso de vitória do adversário.
Próximo ao final de sua fala, Bolsonaro convocou os eleitores a “permanecerem na região” das seções até o resultado da apuração. Até que ponto, num País tão dividido, numa eleição tão polarizada, é importante colocar mais lenha numa fogueira, que já provou que o fogo não queima.
E tem mais. A legislação proíbe aglomeração no dia da eleição. Pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que 80,9% dos policiais de todo o Brasil concordam que, qualquer que seja o vitorioso das eleições neste ano, tomará posse em janeiro de 2023. Uma parcela maior, 84%, prefere a democracia, em relação a outros regimes de governo. Além disso, a classe indica confiança no processo de apuração de votação realizado pela Justiça Eleitoral.
CHEIRO DE LARANJA NO AR
O Tribunal Superior Eleitoral tem se desdobrado para evitar as chamadas candidaturas laranja, aquelas que os partidos inscrevem mulheres para participar do pleito apenas para ter acesso aos 30% obrigatórios do fundo eleitoral e para cumprir a cota de gênero.
Na maioria das vezes, essas candidaturas femininas recebem o recurso do fundo eleitoral e como a candidatura não é pra valer, devolve quase tudo para o partido usar como quiser.
Em Goiás, candidatas que obtiveram menos de 300 votos receberam em torno de R$ 8,5 milhões do fundo partidário. O que faz acender a desconfiança de possíveis laranjas já que, sem nenhuma movimentação em rede social para pedir voto, comprovaram o baixo desempenho eleitoral. Uma candidata do Patriota em Goiás recebeu R$ 450 mil e obteve 82 votos, o custo de cada voto chegou a R$ 5,5 mil. Se juntar tudo da pra fazer uma deliciosa laranjada. Comprovada a fraude, o partido, a candidata e até mesmo os eleitos desse partido podem ser punidos até com a perda do mandato. Vamos denunciar.
EM QUEM VOCE VOTOU EM 2018?
O brasileiro possui um paradoxo interessante em relação à política, ao mesmo tempo em que mostra insatisfação com os atuais políticos e pedem mudanças, ele não se lembra em quem votou nas últimas eleições. De acordo com uma pesquisa do Quaest Consultoria e Pesquisa, cerca de 66% dos entrevistados desaprovam o trabalho dos deputados e senadores, e 83% desejam uma renovação. Só que 66% sequer se lembram em quem votaram para deputado federal.
A professora titular aposentada de ciência política da Universidade Federal de Goiás (UFG), Denise Paiva, explica “É uma característica do próprio presidencialismo, as pessoas não se esquecem dos votos para prefeito, governador ou presidente, mas possuem uma baixa memória para o legislativo. Até porque se atribui mais importância ao papel do executivo do que ao papel dos parlamentares e do poder legislatório”.
O índice de renovação na Câmara dos Deputados na eleição de 2022 é de 39,38%, segundo cálculo da Secretaria-Geral da Mesa (SGM), pesquisa de antes da eleição mostra que 83% queriam renovação. Trata-se de uma queda em relação à renovação recorde de 47,37%, registrada em 2018. O índice de renovação corresponde aos 202 deputados novos, que nunca exerceram mandato de deputado federal. O número de deputados de legislaturas anteriores que foram eleitos agora é de 17 (3,31%). O número de deputados reeleitos é de 294 (57,31%). Esse último número considera os 596 deputados que assumiram o mandato em algum momento da atual legislatura, não apenas os 513 que estão no exercício do mandato. É ou não um paradoxo, pedir renovação, mas quando vai votar, vota nos mesmos.
Coluna escrita por Cairo Santos - Jornalista Político e Esportivo
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