quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Campanha Faça Bonito faz 20 anos e Rio Verde continua luta contra abuso e exploração sexual infanto-juvenil

POR | 18/05/2020
Campanha Faça Bonito faz 20 anos e Rio Verde continua luta contra abuso e exploração sexual infanto-juvenil

Redação Jornal Somos

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A campanha Faça Bonito faz 20 anos desde a sua criação e implantação hoje, dia 18 de maio. Isso porque hoje é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Segundo os organizadores, esse dia foi escolhido porque nesta data em 1973, na cidade de Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade, que teve todos os seus direitos humanos violados, foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune. Desta forma, a campanha com os dizeres 'Faça Bonito. Proteja nossas Crianças e Adolescentes' é permanente e realizada o ano todo por meio da conscientização no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. A proposta da campanha é mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

 

Em Rio Verde, o projeto conta com um espaço para acolher as vítimas desse tipo de violência através do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), que oferece uma equipe multidisciplinar para o acompanhamento das famílias! A psicóloga Lídia de Melo Matos Ferreira que é coordenadora do Centro explica que o trabalho deles é de suma importância para a proteção destas crianças e adolescentes. "Toda a sociedade tem a responsabilidade e obrigação de proteger nossas crianças e adolescentes", afirma.

 

Processo

Segundo ela, os casos chegam até o Creas atraves do Conselho Tutelar, Delegacia de Polícia e Ministério Público. "Sempre que acontece uma situação com a crianças ou adolescente que pode ser caracterizada como agressão ou violência psicológica, física e/ou sexual, ou ainda de negligência dos responsáveis, somos acionados", explica ela, que acrecenta que a partir disto, é feito um atendimento individual com essa família e seus envolvidos para verificar a situação e passasse a ter o acompanhamento semanal em grupo, em que são dadas as orientações para a família toda ter e dar oportunidade de superar e dar um novo significado ao fato acontecido.

 

Lídia ainda completa que além da psicologia, existe a parte do serviço social que busca saber mais sobre a família, tentando confirmar qual a real situação desta família, se precisa de ajuda assistencial também, entre outros apoios. E também, a advogada presta as orientações jurídicas quando necessário, como por exemplo em casos em que será preciso ajudar com processo de guarda, etc. E finaliza explicando que os atendimentos individuais, que teriam uma necessidade clínica, não são realizados pelo Centro, mas quando enxergados por elas ou pedido por algum indivíduo da família, é direcionado para as outras unidades de Saúde responsáveis por este atendimento.

 

 

Prevenção

Atualmente são atendidas 60 famílias através do acompanhamento do Creas, mas a coordenadora pontua que este número é inferior e possível realidade. 

"Temos uma grande preocupação com aqueles casos que não chegam até o órgão, de crianças e adolescentes, e até mesmo famílias que convivem com essa violência sem perceberem a necessidade de mudar isso", justifica ela.

 

Por isso, a psicóloga pontua sobre a importância de fazer campanhas e divulgar o assunto. 

"É necessário falar sobre isso, ter ações como esta. A gente precisa aprender a falar sobre sexualidade de uma forma que não seja pejorativa, e principalmente com essa criança ou adolescente, sobre os cuidados que cada item precisa ter, dentro da sua realidade. É importante o cuidador ou responsável da criança ou jovem, ter uma boa relação com essa crianças ou jovem, ensinando qual é o toque do sim (qual é o toque que pode acontecer) e qual que é o toque do não (qual que é o toque que não pode acontecer de forma alguma). É dever do adulto, responsável direto por essa crianças ou não, aprender e ter a habilidade de observar qual que é o padrão dessas crianças, para que caso elas tenham alguma alteração de comportamento, possam identificar e buscar ajuda profissional, o quanto antes, e assim possa ser averiguado a possível violência".

 

E a profissional ainda coloca um ponto quanto a denúncia: "Não se pode ter medo ou receio de denunciar. Melhor uma denúncia que encontramos negativa, do que o inverso.Temos que exercer a função de protetores de nossas crianças. Todos nós". Frisa ela.

 

 

Vida continua

Para fechar, ela demonstra a felicidade em ver como muitas famílias melhoram e conseguem passar por este fato, e lembra que é um equilíbrio. "É muito bom quando vemos famílias conseguindo ressignificar o fato", e repassa que a educação antes, durante e depois com a criança ou adolescente é primordial. "Existe dois fortes tabus em nossa sociedade o sexo e a morte. Mas, neste assunto, o sexo não pode ser tratado como tabu pelas famílias, precisa ser o contrário. De forma correta é preciso falar sobre a prevenção as violências sexuais na infância e na adolescência, ensinando corretamente. Para isso acontecer, é preciso ter um profissional, psicólogo ou pedagogo, que entende de desenvolvimento humano, para entender qual a faixa etária da criança de maneira correta. Tem que tomar um cuidado muito grande para não estimular o que não é para ser estimulado, porque isso também pode se tornar uma violência sexual"

 

Lídia diz também que entende o receio das famílias, precisa sim ter o cuidado com a sexualidade, mas diante de uma orientação correta. Para isso ela chega a sugerir duas literaturas que podem ser trabalhadas com crianças. Para crianças entre 2 e 3 anos, o livro "Pipo e Fifi", e para crianças maiores, o "Não Me Toca Seu Boboca".

 

 

Mas o Creas não é apenas um local para o trabalho junto as crianças e famílias vítimas dessa violência, pois é uma unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados. "Qualquer família pode procurar o Creas para uma avaliação, para ajudar com a sexualidade e orientações das crianças." Pontua.

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