sábado, 20 de abril de 2024

Rio Verde

A arte me resgatou com um lápis, e com um lápis eu resgatei a arte

POR Jornal Somos | 22/10/2018
A arte me resgatou com um lápis, e com um lápis eu resgatei a arte

Arquivo Pessoal

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Além de interligada à estética, pelo fato de ser o potencial do homem de imprimir beleza ou se esforçar para materializar (ou imaterializar) algo que o inspira, a arte existe desde a pré-história e o que a mantém viva até os nossos tempos são os praticantes dela.

 

Um exemplo mais próximo de nós é o artista João Dias, desenhista hiper-realista e tatuador em Rio Verde. O artista concedeu ao Jornal uma entrevista falando de sua vida profissional.

 

João Dias contou sua história, cresceu no Instituto de Assistência ao Menor (IAM), descobriu o talento ainda aos quatro anos de idade e se declara autodidata. “Eu não finalizei os estudos, parei no segundo ano do ensino médio, desisti do colégio e, por conta do talento, fui para o mundo a fora viver da arte como desenhista de rua, fazia retratos. Não tenho cursos, não estudei para os desenhos e nem pinturas, foi dom de Deus, sou autodidata”.

 

 

“Quando fui sair do orfanato aos 18 anos, minha tia que me criou disse que eu precisava fazer alguma coisa da vida para quando eu saísse já tivesse um emprego. Foi onde me apaixonei cada vez mais por desenho.”

 

 

O artista contou sua evolução nos desenhos. “Em 2001, quando comecei a desenhar nas ruas fazendo retratos, em 2008, me profissionalizei e a partir daí só fui evoluindo. Eu tive o privilégio de trabalhar com um artista plástico, em pinturas, e lá consegui trocar ideias e técnicas. Mas o talento tenho desde criança, igual cantar, a pessoa já tem que nascer com a voz e depois só aperfeiçoar”.

 

Ele revelou desânimo e falta de interesse das pessoas em seus desenhos, o que o fez pensar em desistir. “Hoje eu sobrevivo da tatuagem, porque ainda no mês passado quase desisti de desenhar, não tive apoio, sem patrocínios. Ficaram abandonados os desenhos porque as pessoas não veem valor, eu tenho páginas nas redes sociais onde divulgo os desenhos e não encontro pessoas interessadas. Cheguei a divulgar que ministrava cursos de pintura e não encontrei nenhum aluno, isso é muito complicado”.

 

João explica seu interesse em se profissionalizar na tatuagem, e que hoje sobrevive da profissão. “Em uma época, um desenho meu tamanho A3 eu cobrava vinte reais para desenhar uma pessoa ao vivo. Um dia, eu levei minha namorada para fazer uma tatuagem em uma loja e o tatuador cobrou cem reais para escrever um nome de quatro centímetros e demorou praticamente três minutos, e foi daí que virei tatuador. É uma técnica rápida e que as pessoas acabam voltando. O desenho é no quadro ou em uma folha a tatuagem não, já é o desenho na pele.”

 

Ele ainda ressalta: “As pessoas tem que entender que a gente faz por amor”.

 

João define seu amor à arte com a seguinte frase, “Sem a arte nada sou, porque vivo e respiro a arte. A arte me resgatou com um Lápis, e com um Lápis eu resgatei a arte.”

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