quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Um homem foi condenado em Rio Verde a 33 anos de prisão por diversos crimes de cunho sexual contra duas irmãs, uma de 11 anos de idade e outra de 15. Entre os delitos está a imposição para que mandassem fotos e vídeos eróticos e o estupro de uma delas. De acordo com denúncia do Ministério Público, ele conseguiu contato com as meninas por meio de um perfil falso nas redes sociais e, desde então, passou a ameaçá-las para que cumprissem o que ele ordenava.
A decisão é da juíza Tatianne Marcella Mendes Rosa Borges, da 2ª Vara Criminal da cidade. Conforme a denúncia, o homem, que nega todos os crimes, morava em Uberlândia e começou a estabelecer contato com as vítimas em julho de 2015. Com um perfil usando o nome de "Nayara", ele enviou um convite à irmã mais velha, que acabou aceitando após várias negativas.
Em seguida, ele encaminhou um link com um falso sorteio de maquiagem. Quando a menor clicou, teve seu computador invadido pelo homem, que passou a ter acesso a todas as suas informações pessoais. Neste momento, começaram as ameaças.
O condenado criou um novo perfil, desta vez com a nome "Pedro Montanha" e pediu para ser adicionado pela adolescente, alegando que ele sabia onde ela morava e os pais trabalhavam e que, portanto, ela deveria obedecê-lo. A ordem era que ela enviasse fotos íntimas suas. Porém, a garota o bloqueou.
O homem criou então um terceiro perfil, nominado de "Caroline Souza", usado para falar com a irmã mais nova. Na ocasião, ele escreveu que se seus pedidos não fossem atendidos, "acabaria com a vida de toda a família".
Imagens eróticas e estupro
Amedrontadas, as irmãs começaram a obedecer as ordens e enviar fotos e vídeos eróticos para o homem. Posteriormente, ele ordenou que a adolescente mantivesse e filmasse relações sexuais com seu namorado.
Após algum tempo, o homem disse que encerraria as ameaças caso a garota mais velha tivesse relações sexuais com uma pessoa que ele indicasse. Ela então aceitou a proposta, mas não sabia que, na verdade, a pessoa em questão era o mesmo homem que a chantageava.
O encontro ocorreu em um dia em que o homem foi a Rio Verde. Apesar da promessa, o condenado seguiu coagindo as vítimas e exigiu que a outra irmã também se encontrasse com ele. Cansadas da situação, as irmãs excluíram suas contas nas redes sociais e interromperam os contatos.
O papel dos pais na vigilância dos filhos
Algo sempre discutido é a liberdade que os pais devem dar aos filhos menores de idade, a questão da privacidade e até onde eles devem saber da intimidade dos filhos, principalmente nas redes sociais. Para o Juiz Vitor Umbelino Soares Júnior é necessário que haja um equilíbrio entre os valores ''eu acredito que é a junção de dois valores importantes, a autonomia da criança e adolescente e os limites que os pais devem impor, deve haver fiscalização dos pais''.
Na era da informação se torna quase impossível os jovens não terem contato com as mídias socias e modernidade, mas o essencial é que os pais saibam controlar esse uso e o respeito também deve atuar. Não tem que ser uma relação de brigas, mas de diálogos sobre o que pode e o que não pode, e a segurança das crianças deve ser essencial.
"A culpa nunca é da vítima", entenda.
Para o juíz, um grave problema ainda é o machismo e a culpabilidade que recai sobre a vítima ''Infelizmente, esse é um dos piores problemas a nível de Brasil, essa cultura do machismo e a mulher, vítima, é sempre culpada pelos crimes que lhe acontecem. Isso tem que ser desmistificado, é a origem que mais gera violência contra a mulher no Brasil, ou seja, essa cultura do machismo, que submete a mulher aos desejos, aos caprichos do homem e que a coloca sempre em situação de inferioridade. E não é assim, nós temos que desconstruir isso, a luta da justiça do Ministério Público, dos Conselhos da mulher, de toda rede de proteção, nessa direção, quebrar essa cultura do machismo, quebrar essa cultura. Gênero masculino e feminino devem ser iguais,as tarefas tem que ser as mesmas, divididas em forma iguais. Homens e mulheres juntos que coordenam a sociedade conjugal, o casamento não é uma relação de subordinação, é uma relação de coordenação, então isso tem que ser debatido, tem que ser divulgado para nós quebrarmos a cultura do machismo. A mulher não tem culpa, muito pelo contrário, tem culpa quem pratica o fato criminoso, ele tem que ser denunciado e se a mulher colaborar no cumprimento dessa legislação, nós vamos ter sucesso nessa luta''.
Procura de ajuda psicológica
As vítimas do estupro ou qualquer outro tipo de violência devem buscar ajuda psicológica para que possam amenizar os traumas, evitar a depressão e até mesmo suicídio.
A psicóloga Caroline Josiane Fernandes explica como deve ser o tratamento nesses casos.
''Vai depender do impacto do acontecido na vida da vítima, auxiliamos no equilíbrio das emoções, buscando uma reorganização mental e desenvolvimento pessoal afim de minimizar os prejuízos''.
A procura por ajuda não é vergonhosa, não busca o constrangimento da vítima, é algo importante e benéfico para a vida de todos ''o acompanhamento psicológico, o apoio de pessoas próximas que por vezes podem ser orientadas também por um profissional sobre como agir é essencial para a reorganização da vida desses jovens'', acrescentou a psicóloga.
Fonte: G1 Goiás
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