terça-feira, 01 de outubro de 2024

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Super Sunset e os altos e baixos na busca por amor e fama

POR Jornal Somos | 04/11/2018
Super Sunset e os altos e baixos na busca por amor e fama

Reprodução/Youtube

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Super Sunset foi uma surpresa quando anunciado. Os fãs da cantora canadense Alexandra Hughes, vulgo Allie X, estavam acostumados com os lançamentos de CollXtion's, álbuns de 10 (ou menos) faixas que contavam a jornada de Allie pela sua identidade, o fator X. Ao lançar o CollXtion II em junho de 2017, a artista revelou estar trabalhando em algo que seria o seu "bebê alienígena" e usou e abusou de gifs como o abaixo, conhecidos como Vaporwave para retratar sua visão das músicas que vinha produzindo.

 

Logo, foi pressuposto que se tratava do CollXtion III, mas Allie preparava algo diferente. No dia 1º de junho de 2018, Allie lançou Focus e disse "Pense nisso como uma introdução do que está por vir. Isso nasceu de uma versão conceitualizada e surrealizada de Los Angeles que eu explorarei com vocês. Estão prontos para vir comigo?". O som divergindo bastante dos trabalhos anteriores e o não-lançamento dos stems (os áudios dos instrumentos e vocais usados separadamente para a composição de remixes), foram a indicação de que algo diferente viria. 

 

E assim foi. A cada mês foi lançada uma música que usou bastante do conceito vaporwave além de sintetizadores marcados para a composição do Super Sunset, anunciado no dia 17 de julho. Já foram introduzidos que os visuais contariam com 3 alter egos (The Sci-Fi Girl, The Nun e The Hollywood Starlet) e o primeiro videoclipe da era foi lançado em Agosto. A data foi anunciada e na última segunda-feira (29/10), o EP com 8 faixas foi lançado. Confira abaixo a review faixa-a-faixa:

 

Faixa 1: SUPER SUNSET INTRO (0:36)

O EP é aberto com uma introdução do que estar por vir. Iniciando com um som sintético e decadente, é rapidamente transformado em um ritmo que poderíamos muito bem ouvir na bossa nova ou em algum elevador do Rio de Janeiro e finaliza-se ao transitar diretamente para a próxima faixa. A introdução pode ser ouvida no clipe de Not So Bad In La, lançado em agosto e agora aparece justamente antes da faixa no trabalho completo.

 

Faixa 2: NOT SO BAD IN LA (2:50)

Essa faixa é um marco para a carreira de Allie X. Usando de um som de trap/hip-hop marcado como fundo do refrão e vocais distorcidos, a música é muito comparada com algum trabalho de Lana del Rey. Foi a sucessora de Focus na ordem de lançamento e Allie fez um vídeo explicando a faixa, onde ela diz: "Eu tinha acabado de voltar à Los Angeles após viajar por algumas semanas. Eu estava dirigindo por Beverly Boulevard olhando para o perfeito céu azul e pensando como a vida em LA pode ser glamurosa. Eu nunca gostei muito da cidade, mas então eu tive esse pensamento e disse: bem, não é tão ruim em LA. e foi assim que eu consegui o título da faixa". 

 

Então, NSBILA se torna um ode sarcástico à cidade, ao iniciar com "Numa cidade que vive enquanto suas maiores estrelas morrem e você começa a ficar velho aos 25 anos". A música reflete sobre o estilo de vida na cidade, o culto às drogas e uma certa monotonia. Conforme acontece a progressão do segundo refrão, a música parece demonstrar um certo estado de tédio ao falar "aquele céu azul dia após dia" e ao ter uma voz distorcida e quase robótica cantando.

 

 

Faixa 3: LITTLE THINGS (3:08)

A faixa que é considerada a mais pessoal do projeto foi inspirada num episódio da vida de Allie em Los Angeles: "um dia eu acordei e as cortinas do meu quarto estavam entreabertas e tinha esse feixe de luz brilhando no meu rosto e eu fiquei muito brava. Eu comecei a pensar comigo 'o que tem de errado com você, por que está tão brava com essa pequena coisa que você poderia consertar?' e então eu comecei a escrever sobre como essas pequenas coisas podem me desapontar e como problemas maiores eu consigo derrubar como um soldado".

 

No final, Little Things é sobre ansiedade e sobre tentar se encaixar. Alexandra compara as pequenas coisas acumuladas que geram estresse à uma morte depois de mil cortes, descreve o quão complicado é se encaixar sob a sua pele e sobre ter que se entornar 3 graus para se enturmar. As alterações que ela fala fazer para ser amada, introduz ao trabalho à fama que as personagens criadas para o disco vem buscando.

 

Faixa 4: SCIENCE (3:55)

Science é a mais longa e a minha favorita do álbum. Usando muito bem da descrição, ela projeta uma imagem futurista e apaixonada pela letra. "Me segure com firmeza, uma linda aliança" só reforça a ideia de que o amor deles é tão forte e palpável como ciência. Sobre a base forte de synthwave, Allie eterniza esse amor futurístico sob a perspectiva da personagem The Sci-Fi Girl.

 

 

Faixa 5: GIRL OF THE YEAR (3:44)

O instrumental da faixa foi usado como fundo para o vídeo de introdução do projeto Super Sunset e era uma das mais esperadas pelos fãs antes do lançamento. Com vocais distorcidos para o agudo e um ritmo rápido e forte, Allie reconhece que não é o "Plano A" da pessoa que ela está e gosta disso. Se compara com a bateria que energiza o seu parceiro e reafirma que gosta de suas mentiras.

 

No final, ela aparenta apenas querer se divertir e não se importar se a outra pessoa procura pela "Garota do Ano", alguém mais jovem e com o cabelo mais longo, porque ela apenas quer estar lá quando a pessoa precisar, assim como um objeto.

 

Faixa 6: SUPER SUNSET INTERLUDE (0:37)

De uma forma mais lenta e obscura que a intro do álbum, essa interlude funciona como um prelúdio para um apocalipse, ou o estado mental depressivo que Allie chega, a segunda parte do projeto onde ela trata ter achado que passou tempo demais em LA.

 

Faixa 7: CAN'T STOP NOW (3:03)

A música mais depressiva do Super Sunset trata sobre a superficialidade de Los Angeles e sobre o reconhecimento que Allie chega de talvez ter passado muito tempo na cidade e perceber que não se encaixa mais naquele lugar plástico, mas se sentir presa no local, como um fantasma. Podemos ver o reflexo disso nos trechos "eu passei muito tempo nessa cidade-fantasma/às vezes eu quero ir embora, eu quero sair/mas eu não posso parar agora". Ela se lembra de continuar respirando e de focar em outra coisa, apesar do seu mundo estar caindo.

 

O instrumental da faixa reforça o estado de desespero que a personagem se encontra. Assim como em Not So Bad In LA, quando as vozes ficam robóticas e repetitivas pelo final da faixa demonstrando monotonia, em Can't Stop Now é um som eletrônico e agudo que se repete várias vezes no final formando um padrão e se tornando a cada vez mais lento, até desaparecer no que parece ser descargas elétricas ou de adrenalina, um paralelo à morte por sufocamento.

 

Faixa 8: FOCUS (3:47)

O EP é finalizado com Focus, uma música pós-apocalíptica sobre o amor. "Mantenha os seus olhos em mim. Não há mais ninguém. Os céus estão se despedaçando e tem pessoas pedindo socorro" é apenas o início do fim. Enquanto o pôr do sol se divide em dois, Allie apenas foca nos olhos de seu amor e fica na paz da bolha formada pela dupla. Focus é uma versão vaporwave e mais bizarra de One Last Time de Ariana Grande. Com o amor por Los Angeles o projeto começa e com o amor por alguém o projeto é finalizado. É deixado implícito que a fama que ela tentou conquistar não foi atingida no trecho "não precisamos dos sonhos viciosos deles", mas ela conseguiu conquistar o amor que ela tanto lutou e chegou a desistir em Girl of The Year, apesar de não ter tempo para usufruí-lo, já que é fim do mundo.

 

No final vem a velha reflexão que vimos em vários filmes de Sessão da Tarde: não gaste tanto tempo buscando por coisas fúteis. Foque no amor e tudo dará certo. 

 

Ouça o álbum completo:

 

 

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