segunda-feira, 01 de julho de 2024

Rastro do fogo: últimos incêndios começaram em 14 propriedades no Pantanal, aponta MP

POR Bento Júnior | 28/06/2024
Rastro do fogo: últimos incêndios começaram em 14 propriedades no Pantanal, aponta MP

Foto: Eleandro Pereira - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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Levantamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou 14 locais responsáveis pelo início dos últimos incêndios no Pantanal. Destes, 12 são fazendas e possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), as outras duas são áreas próximas às propriedades rurais. As causas das queimadas ainda são investigadas.

 

Enquanto o MPMS investiga, Força Nacional foi enviada para combater os incêndios e a Polícia Federal vai criar um Gabinete de Contingenciamento de Crise para investigar de forma mais rápida os incêndios no Pantanal. A Polícia Militar Ambiental (PMA) já atua com apurações em áreas de responsabilidade do estado.

 

Mais de 680 mil hectares foram consumidos pelo fogo neste ano no bioma, que abrange os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Neste ano, 3426 focos de incêndio foram registrados em todo o Pantanal. O número é 2000% maior do que o de 2023, quando 157 focos de calor foram detectados.

 

"De todo este incêndio que está acontecendo, já foi espalhado por mais de 300 mil hectares, mais de 100 propriedades. Nós identificamos 14 pontos iniciais. Em seis pontos, a Polícia Militar Ambiental já foi ao local fazer investigações. Aguardamos os relatórios", detalha Loubet.

Com ajuda de helicópteros, equipes da PMA tentam chegar aos outros pontos que ainda não foram averiguados. Após a visita, os policiais oferecem um inquérito investigativo, que vão servir de base para possíveis responsabilizações cíveis.

 

"Sabemos que no Pantanal maior parte dos incêndios acontecem de forma humana, mas podem ser algum incêndio acidental. Então, nosso objetivo é o seguinte: ter um agente público o mais rápido possível fazendo a investigação da causa de incêndio. Mas se não conseguirmos comprovar que houve o incêndio intencional, nós vamos gerar multa e um processo criminal. As propriedades serão chamadas ao Ministério Público para realizar trabalhos preventivos e recuperação dos danos na área", complementa Loubet.

 

Os dados do MPMS são processados pelo Núcleo de Geotecnologias (NUGEO). Os pesquisadores utilizam imagens de satélites que indicam os pontos de ignição, locais onde o fogo começou.

 

Com ajuda dos registros espaciais, os especialistas regridem as imagens até chegarem no exato momento em que o incêndio era apenas um foco de calor. Após obter a informação inicial, os pesquisadores integram dados de precipitação e ventos para entenderem a trajetória do fogo.

 

Com base nos dados disponibilizados pelo MPMS, equipes da Polícia Federal vão instalar um Gabinete de Gerenciamento de Crise, nesta quinta-feira (27), no Pantanal. Os policiais devem ficar concentrados em uma sala cedida na Marinha, em Ladário (MS).

 

Ao todo, duas equipes vão ser deslocadas de Brasília para serem incorporados ao efetivo da PF no Pantanal. Serão enviados peritos e policiais federais especialistas em investigações de incêndios e queimadas.

 

O Gabinete de Crise foi criado por determinação da própria Superintendência da PF, em Brasília. Além dos agentes especializados, uma aeronave será disponibilizada para contribuir com o trabalho dos policiais, buscando agilidade para chegar nos pontos de ignição. O superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Carlos D'Ângelo, explicou que a ida dos policiais ao Pantanal é estratégica.

 

"Diante da realidade observada, de crise, vamos atuar no eixo de responsabilização, se é que há. O gabinete será interagências. Esse pessoal todo será encaminhado com aparato técnico e tecnológico. Queremos enviar equipes de pronto logo após o incêndio ser debelado, isso será possível com o avião que vamos receber. Queremos ganhar tempo para ter maior qualidade na perícia técnica", explicou o superintendente da PF.

Equipes da Marinha, Exército do Brasil, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Instituto Nacional de Preservação Ambiental (Inpa) e outros órgãos nacionais foram convidados a incorporarem o gabinete de crise.

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