terça-feira, 09 de setembro de 2025

QUANDO O PODER É JULGADO: BOLSONARO NO STF E O ESPELHO GLOBAL DOS EX-PRESIDENTES CONDENADOS

POR | 09/09/2025
QUANDO O PODER É JULGADO: BOLSONARO NO STF E O ESPELHO GLOBAL DOS EX-PRESIDENTES CONDENADOS

Foto: Metropoles

N

Nesta semana, o Brasil vive um momento histórico: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sete aliados pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Acusados de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e outros crimes graves, os réus enfrentam penas que podem chegar a 43 anos de prisão.

 

O relator Alexandre de Moraes abriu os votos, e o país aguarda a decisão dos demais ministros com expectativa e tensão.

 

Mas o que parece inédito no cenário nacional é, na verdade, parte de uma tendência global. Mais de 70 ex-chefes de Estado já foram condenados por crimes diversos em seus países. De corrupção à violação dos direitos humanos, o mundo tem mostrado que o poder não é sinônimo de impunidade.

 

Veja alguns exemplos:

 

  • Park Geun-hye (Coreia do Sul): condenada a 24 anos por corrupção e abuso de poder.
  • Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy (França): ambos condenados por corrupção, embora com penas leves.
  • Silvio Berlusconi: enfrentou 36 processos, sendo condenado por fraude fiscal.
  • Ehud Olmert e Moshe Katsav (Israel): condenados por corrupção e crimes sexuais, respectivamente.
  • Alejandro Toledo: condenado a 13 anos por corrupção
  • Hosni Mubarak (Egito): condenado por corrupção e absolvido por assassinato de manifestantes.
  • Lula e Michel Temer: ambos presos por corrupção, embora Lula tenha tido sua condenação anulada posteriormente.

 

O julgamento de Bolsonaro, portanto, insere o Brasil num debate internacional sobre responsabilidade política e justiça. A diferença, neste caso, é o foro: enquanto a maioria dos líderes mundiais foi julgada por tribunais comuns, Bolsonaro é julgado diretamente pelo STF, sem possibilidade de recorrer a instâncias inferiores.

 

A pergunta que paira é: o Brasil está finalmente amadurecendo sua democracia ao responsabilizar seus líderes, ou estamos diante de um processo politizado que pode aprofundar divisões?

 

Independentemente da resposta, o que está em jogo é mais do que o destino de um ex-presidente. É a reafirmação — ou o enfraquecimento — do Estado Democrático de Direito. E o mundo está assistindo.

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

COMPARTILHE: