A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Roubos de Cargas (Decar), deflagrou nesta quinta-feira (3) a segunda fase da Operação Depositário Infiel, desmantelando uma sofisticada organização criminosa envolvida em desvios e receptação de cargas, fraudes documentais, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e manuseio ilícito de bens apreendidos.

A ação resultou no cumprimento de 24 mandados de prisão preventiva, apreensão de 82 veículos e bloqueio judicial de R$ 65 milhões em bens e valores. Também foram autorizadas quebras de sigilo bancário e fiscal, entre outras medidas cautelares. Os mandados foram cumpridos em diversas cidades, como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Trindade, Palmeiras de Goiás e Gouvelândia.

As investigações, que já se estendem por quase três anos, revelaram o modus operandi do grupo: motoristas eram aliciados para desviar cargas, que depois eram consideradas "roubadas" mediante falsificação de boletins de ocorrência. Assim, o grupo acionava indevidamente seguradoras. As cargas, adquiridas por cerca de 60% do valor original, eram armazenadas em galpões e posteriormente revendidas no mercado com aparência de legalidade.

O dinheiro obtido nas fraudes era lavado por meio de transferências bancárias pulverizadas para contas de “laranjas” — familiares e funcionários — além de ser investido em imóveis e obras na construção civil. A organização também atuava ilegalmente na destinação de cargas apreendidas e na venda de mercadorias contrabandeadas, como defensivos agrícolas com laudos falsos.

Outro ponto grave da investigação foi a identificação do envolvimento da quadrilha com o tráfico de drogas: cerca de 220 volumes de cocaína, avaliados em R$ 40 milhões, e aproximadamente duas toneladas de maconha foram transportadas por motoristas vinculados ao esquema.

A operação revelou que o líder do grupo utilizava seu conhecimento como vistoriador de sinistros para manipular sindicâncias e facilitar o lucro com as cargas desviadas. Outro integrante importante da organização possui vasta ficha criminal, com passagens por roubo, furto, estelionato e apropriação indébita, e já foi alvo de outras operações de grande porte.

A Polícia Civil reafirma seu compromisso com o combate ao crime organizado e a proteção da cadeia logística de transportes em Goiás e no Brasil.