Você ouve rádio?

Essa talvez não seja uma pergunta que deva ter respondido recentemente, e pode até parecer que não há sentido nela, mas o pessoal das agências e comerciais estão sempre estudando os melhores caminhos para alcançar maior eficácia na comunicação realizada.

Pensando nisto, a empresa de auditoria e consultoria Deloitte Global fez uma pesquisa sobre as preferências entre as mídias e concluiu que as emissoras de rádio estão fazendo algo correto.

A Deloitte prevê que a receita global de rádio chegará a US$ 40 bilhões em 2019 (aproximadamente 148,8 bilhões em reais), um aumento de 1% em relação a 2018. Além disso, a Deloitte prevê que o alcance semanal da rádio permanecerá quase onipresente, com mais de 85% da população adulta ouvindo rádio, pelo menos semanalmente, no mundo desenvolvido (a mesma proporção que em 2018).  Quase 3 bilhões de pessoas no mundo todo ouvirão rádio.

Você pode se perguntar: mas todo mundo comenta sobre seriado, novela, jornal; não ouço as pessoas falando sobre rádio. É que o rádio possui uma grande vantagem em relação às outras mídias: ele pode ser ouvido enquanto realiza outras tarefas e atividades, como dirigindo, estudando, limpando casa, trabalhando, etc. Isso faz com que ele esteja presente no dia a dia das pessoas, mas não fique entre as primeiras memórias do cidadão. É como ouvir música, você não está atenta a ela, mas quando percebe já decorou e está cantando. Isso se apresenta inclusive na Pesquisa Brasileira de Mídia sobre os Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira (realizada pela SECOM – Departamento de Pesquisa de Opinião Pública), do Governo Federal, em que 37% das pessoas afirmam que escutam rádio enquanto faz uma atividade doméstica.

Ainda de acordo com a empresa, os adultos em todo o mundo ouvirão uma média de 90 minutos de rádio por dia, aproximadamente a mesma quantia de 2018. Esse horário está vinculado a programas que possuem mais informação e conteúdo. Vânia de Fátima Oliveira (45) ouve rádio o dia todo. “Trabalho como porteira em um condomínio, e quando estou lá deixo o rádio ligado para me entreter, mas quando estou em casa, acabo ouvindo também para saber do que acontece e ainda ouvir músicas”, descreve.

Mas os jovens também não ficam atrás. Júlio César Sousa (19), trabalha como office boy em Caçu – Go e afirma ouvir o rádio durante o dia inteiro. “Quando estou em casa me arrumando para o trabalho, ou quando estou trabalhando, estou sempre ouvindo as músicas e comentários dos locutores. Hoje em dia tem muito personagem engraçado, além de poder sempre descobrir uma música que nunca ouvi antes ou ainda.” Conta.

Artigos na última década provam que o rádio, mais do que qualquer outra mídia soube se adaptar aos novos contextos, tecnologias e formatos. A pesquisa acaba confirmando isso.

Anunciantes

O que toda essa pesquisa vai significar no âmbito da Publicidade e Propaganda? O rádio faz parte de qualquer campanha que tem como objetivo eficácia. Seja em primeiro plano ou como apoio. Ele só precisa receber o valor merecido.

No âmbito da mídia tradicional, os jornais e revistas impressas estão presos a uma luta contínua por lucros – e, em alguns casos, até pela própria existência. No final do ano passado, por exemplo, o Grupo Abril, que é uma das editoras mais tradicionais no Brasil na produção dos impressos acabou com 11 revistas tradicionais. E embora as receitas de anúncios de TV continuem a crescer, pelo menos um pouco, o declínio na TV por jovens – em vários países caiu em cerca de 50% nos últimos seis a sete anos.

O rádio não tem essa crise existencial ou um precipício demográfico iminente. Em 2017, o rádio atraiu cerca de 6% dos gastos com publicidade global e, em 2019, provavelmente será de cerca de 6% novamente. Os anunciantes sabem que a publicidade no rádio precisa ser parte de qualquer campanha.