A morte do Papa Francisco deixou uma marca profunda no Vaticano, especialmente entre os brasileiros que atuam nas comunicações da Santa Sé. Em meio à preparação para o funeral, marcado para ocorrer neste sábado (26), histórias emocionantes e reflexões sobre o legado do pontífice se destacam, especialmente no que diz respeito ao papel das mulheres na Igreja — uma das bandeiras mais importantes do papa argentino.

Brasileiros na linha de frente da comunicação vaticana

Em Roma, a poucos metros da Praça São Pedro, funciona o ministério responsável pela comunicação da Santa Sé, que transmite informações para o mundo em mais de 50 idiomas. Ali, brasileiros trabalham com afinco para manter viva a missão de Francisco de se conectar com os jovens por meio das redes sociais. O projeto é fruto direto da visão moderna e pastoral do pontífice, que via a comunicação como ponte essencial entre a Igreja e as novas gerações.

Entre os rostos brasileiros que conviveram de perto com o Papa está Bianca Fraccalvieri, que lidera a equipe de comunicação em português. Com anos de convivência com o pontífice, ela compartilha lembranças singelas, como o dia em que o vento quase atrapalhou sua leitura em um dos encontros semanais com os funcionários do Vaticano. Francisco, com seu jeito sereno, simplesmente respondeu com um gesto calmo: “Acontece”.

O Papa que abraçou e empoderou as mulheres

Francisco será lembrado não apenas por seu carisma e humildade, mas também por sua postura firme em valorizar o papel das mulheres na Igreja. Ele nomeou mulheres para cargos antes inéditos no Vaticano: a governadora do Estado do Vaticano e a diretora dos Museus Vaticanos são mulheres — um avanço significativo na estrutura eclesiástica.

“Ele dizia: ‘Onde estão as mulheres, as coisas funcionam’”, recorda Bianca, emocionada.

A jornalista Andressa Collet, outra brasileira que teve contato direto com o Papa, também coleciona memórias marcantes. Foi ela quem levou a bandeira do Brasil ao encontro privado com o Papa, no dia 31 de outubro de 2024. Na ocasião, o pontífice posou com o símbolo nacional e recebeu um a um os brasileiros, num gesto de acolhimento inesquecível. Para Andressa, Francisco foi um “papa como um pai”, que abençoou seus filhos — um ainda bebê, outro ainda em seu ventre — e abriu espaços que ligaram as mães ainda mais à Igreja.

Última homenagem: leitura em português na missa final

Bianca Fraccalvieri recebeu uma das missões mais simbólicas do adeus ao Papa Francisco. Neste sábado, durante a última missa antes do enterro na Igreja de Santa Maria Maior, ela fará a leitura de uma mensagem especial, em português, como forma de agradecimento e despedida.

“Papa Francisco, eu posso dizer só que eu amei imensamente, intensamente do primeiro até o último dia do seu pontificado”, declarou Bianca, emocionada.

Francisco deixa um legado de renovação, inclusão e compaixão — especialmente para as mulheres da Igreja e para todos aqueles que se sentiram, com ele, verdadeiramente acolhidos.

*Com informações G1