terça-feira, 10 de junho de 2025

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JUSCELINO KUBITSCHEK: O LEGADO DE UM VISIONÁRIO, 61 ANOS APÓS SUA CASSAÇÃO

POR | 09/06/2025
JUSCELINO KUBITSCHEK: O LEGADO DE UM VISIONÁRIO, 61 ANOS APÓS SUA CASSAÇÃO

Foto: Presidência da República

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Há exatos 61 anos, em 1964, Juscelino Kubitschek, ex-presidente do Brasil, teve seus direitos políticos cassados pelo regime militar. Para muitos, foi um golpe contra um dos maiores estadistas que o país já viu. Entretanto, seu legado segue intacto, cravado na história como símbolo de progresso e ousadia.

 

JK não apenas construiu Brasília, uma capital erguida a partir do sonho de integrar o país, mas também impulsionou o desenvolvimento industrial e modernizou a infraestrutura nacional. Seu governo pautou-se pelo lema “50 anos em 5”, promovendo avanços que transformaram a economia e a sociedade brasileiras.

 

Apesar da injustiça da cassação, Juscelino permanece uma referência de liderança democrática e inovação. Seu compromisso com o crescimento e a confiança na capacidade do Brasil de prosperar continua inspirando gerações. Em tempos de incerteza, recordar seu legado é reafirmar a importância de uma política voltada para o desenvolvimento e para o bem comum.

 

61 anos depois, sua história ainda nos lembra que sonhar grande e agir com determinação podem mudar o destino de uma nação. Juscelino Kubitschek não foi apenas um presidente; foi um visionário que acreditou no Brasil.

 

Em 8 de junho de 1964, há 61 anos, o ex-presidente Juscelino Kubitschek teve seu mandato de senador pelo PSD de Goiás cassado e seus direitos políticos suspensos por uma década. Na prática, era o fim de uma trajetória política que parecia destinada a levá-lo novamente à Presidência da República, nas eleições que deveriam ocorrer em 1965. Mas o golpe militar de março daquele ano mudou o rumo da história.

 

O instrumento para afastá-lo foi o Ato Institucional nº 1, editado em 9 de abril de 1964. Ele concedia ao governo o poder de cassar mandatos, suspender direitos políticos e afastar servidores, sem necessidade de julgamento. Logo se iniciou a chamada "Operação Limpeza", que atingiria não apenas apoiadores do presidente deposto João Goulart, mas também nomes como JK, que haviam tentado dialogar com os novos donos do poder.

 

Em seu último discurso, no dia 3 de junho de 1964, o então senador por Goiás lamentou o tempo de "trevas" que o país vivia. "O golpe que na minha pessoa de ex-chefe de Estado querem desfechar atinge a vida democrática, a vontade livre do povo. Não me estão ferindo pessoalmente, mas a todos os que se julgam no direito de escolher a quem desejam escolher para presidir o seu destino. Este ato é um ato de usurpação e não ato de punição", afirmou. "Muito mais do que a mim, cassam os direitos políticos do Brasil", acrescentou. Ele assumiu ainda o compromisso de, mesmo silenciado, não abandonar a luta pela democracia.

 

Embora tivesse apoiado a eleição indireta do general Humberto de Alencar Castello Branco, acreditando na promessa de que haveria eleições presidenciais no ano seguinte, Juscelino logo se viu na mira do regime. No Senado, votou em Castello Branco, e chegou a manter conversas com o general em busca de um caminho de transição democrática.

 

Mas sua popularidade o condenava. Por não ser um quadro de esquerda nem um aliado de João Goulart, e sim um líder de centro com forte apoio popular e capacidade de construir alianças amplas, Juscelino se tornou um adversário incômodo para o novo regime.

 

Para justificar a cassação, velhas acusações foram reavivadas. Inquéritos policiais militares (IPMs) foram abertos para investigar seu patrimônio e seus vínculos políticos. Corriam boatos, as fake news da época, de que JK seria "a sétima fortuna do mundo", alimentada por opositores como Carlos Lacerda e membros da UDN. A construção de Brasília também era atacada por supostos casos de corrupção, igualmente não comprovados.

 

Cinco dias após o pronunciamento feito da tribuna do Senado, no dia 8 de junho de 1964, a cassação foi formalizada. O anúncio foi feito de forma solene e simbólica, pelo rádio, no programa oficial A Voz do Brasil. O recado era claro: ninguém estava imune. Afastado da vida pública, JK se dedicou a atividades privadas e à administração de sua fazenda em Luziânia, em Goiás, a cerca de 60 km de Brasília. Em 1976, aos 73 anos, morreu em um acidente de carro na Via Dutra, episódio que até hoje desperta dúvidas e teorias sobre uma possível sabotagem. Seu funeral, em Brasília, reuniu mais de 300 mil pessoas uma das maiores manifestações públicas da história da cidade.

 

No último mês de fevereiro, o Ministério dos Direitos Humanos decidiu reabrir as investigações sobre a morte do ex-presidente. A nova apuração busca esclarecer se a tragédia foi resultado de um atentado político, hipótese que, se confirmada, configuraria mais um crime da ditadura militar.

 

O inquérito do MPF divulgado em 2021 reforçou que, até hoje, não se pode nem confirmar nem descartar a possibilidade de sabotagem ou envenenamento. No acidente, tanto JK quanto o motorista, Geraldo Ribeiro, morreram após o carro invadir a pista contrária e colidir com uma carreta.

 

Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.

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