quinta-feira, 21 de novembro de 2024

MUNDO

Imagens de pessoas sem máscara na Copa do Mundo são censuradas na China

POR Thaynara Morais | 28/11/2022
Imagens de pessoas sem máscara na Copa do Mundo são censuradas na China

Redação Jornal Somos

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Em meio ao aumento dos protestos na China contra a política de covid zero, a televisão estatal chinesa está censurando imagens de pessoas sem máscaras na Copa do Mundo. Milhares de pessoas saíram às ruas nos últimos dias contra as duras regras de confinamento social e pedindo a renúncia de Xi Jinping, ditador reconduzido para o terceiro mandato em outubro. No domingo (27), inúmeras pessoas se concentraram em Pequim e Xangai.

 

 

O canal CCTV, com objetivo de evitar ainda mais a indignação da população, substituiu as imagens em que apareciam pessoas sentadas muito próximas uma das outras, com fotos de jogadores ou fotos do público feitas longe o suficiente para que rostos não pudessem ser identificados e a ausência de máscaras não fosse notada. Isso aconteceu na transmissão da partida entre Japão e Costa Rica.

 

 

No entanto, na internet é possível ver a transmissão sem censura, mesmo no Douyin, a versão chinesa do TikTok. A China é a última grande economia mundial que segue aplicando uma dura estratégia contra o coronavírus, chamada de covid zero, que envolve confinamentos de bairros e cidades inteiras, períodos de quarentena e testes em massa.

 

 

Uma carta aberta foi amplamente compartilhada nos últimos dias na rede de mensagens WeChat, que questionava se a China está “no mesmo planeta” que o Catar e criticava a política de saúde do governo chinês. A carta acabou sendo censurada pelas autoridades.

 

 

 

Papel em branco

 

Neste domingo, manifestantes de várias cidades exibiram folhas de papel em branco de tamanho A4 em sinal de solidariedade e um aceno à falta de liberdade de expressão na China. Outros manifestantes publicaram quadro brancos em seus perfis do WeChat.

 

 

Circulam nas redes fotos de alunos da renomada universidade chinesa Tsinghua com cartazes mostrando as equações de Friedmann, escolhidas pela semelhança entre o nome do físico e a frase “freed man” (homem livre) ou “freedom” (liberdade).

 

 

Em reação aos mecanismos de busca que bloqueavam palavras-chave e nomes de lugares relacionados a protestos, tags com significados "positivos" circularam no WeChat e no Weibo.

 

 

Já nesta segunda-feira (28), muitas das postagens e referências às folhas em branco foram excluídas, ainda que publicações semelhantes continuem circulando.

 

 

 

Sarcasmo

 

Alguns manifestantes pediram explicitamente durante o fim de semana a renúncia de Xi e gritaram slogans como "Não aos testes de Covid, sim à liberdade", em referência a uma faixa pendurada por um manifestante em Pequim pouco antes do Congresso do Partido Comunista em outubro.

 

 

Os mais cautelosos, por outro lado, prestam homenagens com flores e velas às vítimas de um incêndio mortal em Xinjiang na semana passada, que provocou uma onda de indignação.

 

 

Uma multidão reunida em na noite de domingo em Pequim, gritava "quero fazer o teste de Covid! Quero escanear meu código QR de saúde!", inspirando os usuários do Weibo a postar frases igualmente sarcásticas.

 

 

Vídeos de Xi, assim como suas declarações, foram editados para parecer apoiar as manifestações em massa, incluindo um vídeo no qual ele diz: "Agora o povo chinês está organizado e não se pode brincar com ele".

 

 

Burlar a censura

 

Redes como Twitter e Instagram são bloqueadas na China através de um sistema que censura a internet, no entanto cidadãos com experiência em tecnologia conseguem publicar informações sobre os protestos utilizando um software especial de rede privada virtual (VPN).

 

 

Para espalhar a mensagem além das fronteiras da China, contas anônimas do Twitter recebem vídeos enviados de todo o país, enquanto várias transmissões ao vivo dos protestos são organizadas no Instagram.

 

 

Estudantes chineses que estão no exterior organizaram manifestações semelhantes em todo o mundo.

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