quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
De acordo com os Estados Unidos, o míssil que caiu em território da Polônia na terça-feira (15/11), matando duas pessoas, pode ter sido um erro de trajetória de um sistema antimísseis da Ucrânia.
A versão do país ganhou força nesta quarta-feira (16), ajudando a diminuir a tensão criada entre Rússia e países ocidentais após o acontecido, em que um artefato atingiu um armazém de grãos no vilarejo polonês de Przewodów, cerca de 6 quilômetros da fronteira com a Ucrânia.
"Existe uma informação preliminar que contesta isso (a versão de que o míssil partiu da Rússia). Eu não quero afirmar isso antes de a investigação ser concluída, mas pela trajetória do míssil é pouco provável que ele tenha sido disparado da Rússia", declarou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, após uma reunião de emergência com líderes do G20 em Bali, na Indonésia.
A Polônia é membro da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar prevê a defesa de todos os sócios em caso de ataque de um terceiro país. Com isso, os Estados Unidos, que fazem parte do bloco, poderiam atacar a Rússia.
A fala de Biden foi elogiada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov e chamada de "reação comedida".
O Ministério da Defesa russo voltou a negar que o míssil tenha sido disparado por suas forças.
"Nós concordamos em ajudar a investigação polonesa sobre a explosão perto da fronteira com a Ucrânia. Nós vamos tomar uma decisão coletiva sobre quais serão os próximos passos ao fim da investigação", afirmou Biden.
O presidente americano, apesar de levantar a hipótese de o disparo contra a Polônia não ter sido feito pela Rússia, criticou o país novamente por escalar as tensões na Ucrânia com vários ataques na terça-feira. "Eles atacaram enquanto nós estávamos reunidos", disse.
O míssil caiu em uma fazenda de grãos e deixou ao menos dois mortos no vilarejo de Przewodów, que fica no leste da Polônia, próximo à fronteira com a Ucrânia. De acordo com o governo polonês, a cidade foi atingida por volta das 15h40 no horário local (11h40, no horário de Brasília).
A Polônia é um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar formada em 1949 e que hoje conta com 30 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e França.
Segundo o presidente da Polônia, Andrzej Duda, é provável que o país acione o Artigo 4 da Otan em uma reunião que está marcada para esta quarta-feira (16).
Este artigo diz que "as Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das Partes".
Além desse, o Artigo 5 do tratado também fala sobre invasões a nações que fazem parte da Otan. Ele diz que "um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas" e prevê ainda a possibilidade de "emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança".
O que diz a Polônia
O chefe do Escritório de Segurança Nacional da Polônia, Jacek Siewiera, disse que o presidente da Polônia conversou com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, sobre a queda do míssil.
"Verificamos as premissas do Artigo 4 da Otan. Estamos em contato com nossos aliados e esperamos conversas com o lado americano", declarou Siewiera.
No entanto, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, disse que o país ainda está analisando a possibilidade de utilizar o Artigo 4 da OTAN, mas parece que pode não ser necessário usar essa medida.
A Polônia pediu explicações sobre o caso ao embaixador da Rússia em Varsóvia.
O que diz a Rússia
O Ministério da Defesa da Rússia negou a alegação antes de a Polônia afirmar que seu território foi atingido por um míssil russo, e ainda classificou como "uma provocação deliberada com o objetivo de agravar a situação".
O governo russo afirmou em comunicado que "nenhum ataque a alvos perto da fronteira entre Ucrânia e Polônia foi feito por meios de destruição russos".
Por outro lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não tem informações sobre o incidente.
A informação sobre a queda de mísseis russos foi revelada por um alto funcionário da inteligência dos Estados Unidos, que falou à Associated Press em condição de anonimato.
O Pentágono afirmou inicialmente que não era possível confirmar a informação de que mísseis russos atingiram a Polônia. "Não temos nenhuma informação neste momento para corroborar esses relatos e estamos investigando isso mais a fundo", disse o porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder.
O presidente da Ucrânia Volodymir Zelensky acusou a Rússia de ter atacado a Ucrânia.
"Quanto mais a Rússia sentir impunidade, mais ameaças haverá para qualquer um ao alcance dos mísseis russos. Disparar mísseis conta o território da Otan. Este é um ataque de mísseis russos contra a segurança coletiva. Esta é uma escalada muito significativa. Devemos agir", afirmou Zelensky.
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