sexta-feira, 06 de junho de 2025
Já imaginou trocar a sociedade de uma empresa para viver da arte, e ainda ajudar a transformar sonhos em cor e afeto?
Foi exatamente essa escolha que Amanda Hernandez, de 28 anos, fez. Professora de inglês por mais de uma década, ela vive hoje uma realidade completamente diferente: é muralista em Rio Verde-GO, criadora de artes que alegram quartos infantis, clínicas, brinquedotecas e os corações de quem se encanta com cor e sensibilidade.
A transição começou de forma tímida, quase despretensiosa. Em meio à pandemia, com a escola de idiomas enfrentando dificuldades financeiras, devido à rotina suspensa pela Covid-19, Amanda resolveu ocupar o tempo com algo que admirava. Foi com uma tinta branca que havia ganhado da mãe e pigmentos que tinha em casa, desenhou à mão livre uma pequena arte em uma parede.
Era só uma parede de casa. Mas aquela experiência acendeu uma luz e foi ali que sua jornada profissional mudaria.
Amanda contou ao Jornal Somos que pediu pela internet mais materiais e acrescentou novos detalhes ao desenho. Gravou o processo, postou no Instagram e, para sua surpresa, as primeiras mensagens começaram a chegar. Uma amiga pediu que ela pintasse na sua casa. Outra perguntou quanto cobraria por um mural. Assim, ela viu nascer uma nova possibilidade de empreender. “Eu precisava de dinheiro, a escola não estava dando retorno, e meu esposo era quem sustentava a casa. Então fui me jogando. Peguei cada oportunidade que aparecia”, contou Amanda.
Segundo a artista, de início, as pinturas eram mais comerciais, sem um estilo definido. Mas tudo mudou quando surgiu uma parceria com uma influenciadora digital. Elas decidiram criar um mural delicado para o quarto da filha — e foi ali que Amanda se encontrou de verdade. “Aquele quarto infantil mudou tudo. Meu trabalho bombou e, desde então, os murais infantis se tornaram meu carro-chefe.”
Empreender é amor
Empreender não é fácil, mas quando se deposita amor e dedicação, muda tudo. E Amanda não esconde o amor pelo que faz. “Pintura infantil é o que me realiza. Eu gosto de fazer outras coisas também, mas é nos quartos de criança que eu sinto que estou colocando algo especial no mundo.”
Muito além de um serviço prestado, com tinta na parede, a artista entrega sentimento. E isso se reflete no seu processo de criação. Segundo ela, a cada projeto existe uma conversa para ouvir as histórias, entende desejos, acolhe dores. Depois, apresenta um projeto digital que já antecipa para o cliente o que será pintado. “Eu sempre digo que ninguém fica no escuro. Mas mais do que mostrar um rascunho, eu quero entender o que aquela arte representa pra quem vai vê-la todos os dias.”
Desafios no empreender
Com três anos de atuação no ramo, Amanda enxergou uma nova forma de empreender e se desdobra nas multi tarefas que existem dentro de empresa. Desde o primeiro orçamento até a entrega do mural, tudo passa por suas mãos. E com dedicação, transformou seu talento em um negócio criativo, afetivo e sustentável. Vivendo exclusivamente da renda como muralista, mostrando que, sim, é possível viver daquilo que se ama.
Apesar de trabalhar sozinha na maior parte das obras, ela explica que, em projetos maiores, costuma ter o apoio da mãe, que é uma de suas principais incentivadoras. E não é coincidência: o talento para a arte veio de família, onde sua mãe, avó e bisavó sempre foram ligadas à arte.
Ao compartilhar os bastidores e os contextos por trás de cada obra nos Instagram, vem capitando mais clientes. A artista também já realizou diversos murais comerciais, e um deles se destaca ao estar em uma das principais avenida da cidade, feito especialmente a uma loja no ramo de ótica.
Empreender em Rio Verde
Rio Verde conta com mais de 220 mil habitantes, segundo o Senso 2022, sendo a quarta maior de Goiás. Os dados da Receita Federal revelam que 847 novos registros na modalidade Micro Empresário Individual (MEI) foram abertos no município em 2024.
Sendo uma cidade pujante — mas com poucos artistas atuando como muralista —, Amanda explica que ainda há muito espaço e que não sente receio da concorrência. Sabendo que, através de seu trabalho, outras pessoas também se inspiraram a seguir pela arte. “Eu sempre falo que tem espaço pra todo mundo. Cada um com seu estilo. E é lindo ver esse movimento crescer.”
Além disso, revela que a cidade também a encontrou. “Rio Verde me abraçou. Tem gente que me reconhece na rua, me chama pelo nome, diz que ama meu trabalho. Nunca pensei que a arte teria tanto espaço aqui. Isso me emociona.”
Com o corpo manchado de tinta, o coração cheio de histórias e a alma moldada por gerações de mulheres artistas, Amanda segue espalhando cor onde antes havia parede vazia. E, mais do que isso, segue provando que empreender também é emocionar — e que arte e afeto são, sim, negócios de futuro.
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Partida será nesse sábado (7) às 16 horas no CIE Lazão em Rio Verde diante do Londrina