sábado, 23 de novembro de 2024

MUNDO

Como a Previdência chilena mata seus idosos

POR | 09/02/2019
Como a Previdência chilena mata seus idosos

Redação Jornal Somos

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No Chile, a privatização da Previdência Social está exigindo cada vez mais esforços da população que está prestes a se aposentar. O fundo foi transferido para a iniciativa privada durante a ditadura de Pinochet nos anos 80. Hoje o sistema enfrenta um dos momentos mais complexos dos últimos 30 anos: Chile tem número recorde de suicídio de idosos. O índice ainda é crescente.

 

 

O Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgou um estudo que mostra que entre 2010 e 2015, 936 idosos maiores de 70 anos cometeram suicídios. No caso dos maiores de 80 anos, em média 17,7 a cada 100 habitantes recorreram ao suicídio. A causa é a redução no valor das pensões e aposentadorias, causada pela privatização da previdência no passado. Por quê?

 

 

Parece absurdo, mas o estudo mostrou que quanto mais avançada a idade maior é a necessidade de cuidados específicos com a saúde. Mas o acesso aos sistemas públicos de saúde e ao setor particular é complicado e caro. Ou seja, é necessário ter uma situação financeira organizada para passar por essa etapa da vida de forma saudável e confortável.

 

 

A proposta de privatizar a Previdência no Chile surgiu com a justificativa de que iria auxiliar no crescimento econômico. Por isso foram criadas as Administradoras de Fundos de Pensão (AFP), controladas por instituições privadas, que ficaram responsáveis pela administração das pensões e poupanças.

 

 

De acordo com especialistas, este argumento não se comprovou. A privatização beneficiou apenas corporações privadas, que segundo membros do movimento No Más AFP, tiraram dinheiro do setor público de saúde. Agora o controle do setor está com empresas financeiras multinacionais, como a BGT Pactual, do Brasil.

 

 

Idosos e suas famílias se encontram em uma situação difícil. Com a aposentadoria bancada pelo trabalhador, as pessoas tiveram que entregar 10% de seus salários ao mercado especulativo, sem auxílio do Estado ou dos próprios empregadores. Para piorar, um aposentado no Chile recebe por entre 40 e 60% do salário mínimo.

 

 

No momento, são cerca de 10 milhões de filiados e mais de 170 bilhões de dólares aplicados no mercado de capital especulativo e em bolsas de valores de Londres e Frankfurt.

 

 

O que a história do Chile nos ensina?

 

O programa de privatização responsável pelo aumento dos registros de suicídios entre idosos foi criado durante a ditadura militar de Augusto Pinochet ainda na década de 1980. Paulo Guedes, nomeado pelo presidente eleito como uma espécie de superministro da Economia é um dos principais admiradores da Escola de Chicago e das reformas ultraliberais traçadas durante a ditadura Pinochet.

 

 

Resta saber se Bolsonaro vai obter sucesso na substituição do sistema previdenciário distributivo por um sistema de capitalização.

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