terça-feira, 01 de outubro de 2024

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Coluna Bento Junior: WONKA - RESGATE ÀS ORIGENS?

POR Bento Júnior | 07/12/2023
Coluna Bento Junior: WONKA - RESGATE ÀS ORIGENS?

Foto: Reprodução/CinePOP

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Tocar em franquias bem estabelecidas é um perigo. Tim Burton que o diga. Na terceira adaptação do universo criado pelo escritor Roald Dahl nos anos 60, a aposta, porém é mais ambiciosa. As primeiras adaptações, de 1971 e 2005, adaptam a história do livro, contando a saga de Willy Wonka em levar as crianças para “testá-las” em sua grandiosa e extravagante fábrica de chocolates. Apesar das abordagens de Mel Stuart e Tim Burton serem diferentes, incluindo as caracterizações do protagonista, interpretados por Gene Wilder e Johnny Depp, a essência da história ainda é a mesma.

 

A ambição do projeto de Paul King, porém, é trazer o astro em ascensão Timothée Chalamet como Willy Wonka, adaptando o universo da obra de Dahl, um dos livros para crianças mais vendidos de todos os tempos, mas mostrando como o maior inventor, mágico e fabricante de chocolate do mundo se tornou o amado Willy Wonka que todos conhecemos hoje. Com a veia musical pulsante, o longa apresenta o turbulento, porém cativante, início da jornada do protagonista rumo ao seu maior sonho: abrir sua própria fábrica de chocolates para honrar sua família.

 

Desde os primeiros segundos de Wonka, o público deve se deparar com um traço que seguirá de forma fixa durante toda a narrativa: o cinema musical. Mesmo que o estilo possa afastar algumas pessoas, é cativante ver como a inserção de cada canção aproveita ao máximo os cenários e atores. Há um quê teatral durante todos estes momentos, com a presença de diálogos entre cantorias, coreografias ambiciosas e movimentos expansivos.

 

A inspiração do cineasta, obviamente, está nas duas versões originais de A Fantástica Fábrica de Chocolate nas telonas, nas quais o pitoresco Willy Wonka se torna hipnotizante enquanto conduz a narrativa aos seus próprios moldes. Ainda que dois atores tenham eternizado, à sua forma, o personagem no imaginário popular, Chalamet aparenta segurança ao encontrar a sua própria maneira de apresentar o inventor.

 

 

Com algumas referências aos projetos anteriores, a história utiliza também as músicas como uma expressão natural deste universo lúdico: aqui, a trilha sonora é quase um personagem que auxilia Wonka e demais personagens a compreenderem as mazelas em que se encontram. É através destas sequências que, também, os indivíduos conseguem expressar seus sentimentos mais profundos.

 

Os fãs de longa data podem estranhar algumas mudanças na história de origem de Willy Wonka, mas dificilmente ficarão decepcionados com a maneira como isso é feito. Durante a trajetória deste jovem ambicioso, descobrimos as motivações impulsionadas por barras de chocolate e doces voadores: tudo está conectado à família. Apesar de ter uma vida dura, o seu amor e a vontade de cumprir uma promessa feita na infância são mais importantes do que qualquer competição entre lojas.

 

Wonka ainda permite que o personagem, visto por muitas vezes como uma pessoa egoísta, tenha suas camadas expostas ao público. Em determinado ponto, ao procurar o sabor ideal, ele comenta que um dos seus maiores sonhos é “se sentir como naquela época” em que tudo era mais simples, um pensamento recorrente na mente de pessoas que perderam entes queridos ou deixaram para trás laços de uma vida. A atmosfera otimista, inclusive, é aproveitada de forma estratégica fora das telas - afinal, o longa chega aos cinemas no final do ano, período em que a sensibilidade do Natal está em voga e os desejos de renovações para um novo ciclo se manifestam.

 

 

Apesar disso, é um deleite ver Olivia Colman em tela. Sua vilanesca performance está alinhada ao trio de lojistas interpretados por Paterson Joseph, Matt Lucas e Mathew Baynton, que, apesar dos aspectos mais caricatos, estão em ótima forma. O mesmo pode-se dizer de Keegan-Michael Key, Rowan Atkinson, Jim Carter, Natasha Rothwell, Rich Fulcher, Rakhee Thakrar, Tom Davis e Kobna Holdbrook-Smith, um elenco extremamente competente em suas atuações. E, claro, não poderia deixar de citar o bizarro - e charmoso - Hugh Grant como Oompa-Loompa.

 

Embora haja alguns tropeços, como o uso de fat suit (traje com preenchimentos que transformam um ator magro em personagem gordo) e algumas soluções previsíveis no ato final, é inegável que a versão de Paul King para Wonka é encantadora. A construção de universo, com uma mistura bem elaborada de efeitos práticos e especiais, dá um toque singular ao projeto que poderia facilmente ser genérico. É impressionante experienciar uma atmosfera fabular que, para muitos, deve se juntar aos universos mágicos de obras como Harry Potter e O Estranho Mundo de Jack.

 

Wonka estreia nos cinemas hoje (07). Já assistiu o filme? Conte para nós o que achou!

 

 

Esse texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos. 

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