domingo, 06 de outubro de 2024
Foto: Divulgação/Sony Pictures
Quem viveu os anos 2000, lembra do sucesso que foram os filmes Gladiador e Cruzada. Em ambos, o diretor Ridley Scott traz períodos históricos, com pitadas de ficção, para a tela do cinema. O primeiro um dos fatores que funcionaram foi a parceria do diretor com o ator Joaquim Phoenix, na ocasião o antagonista de Gladiador, o Imperador Cômodus.
Mais de 20 anos depois, a parceria se repete em outro histórico, dessa vez com Phoenix no papel do protagonista, com o personagem título, Napoleão, em um filme que traz muito do que fez a carreira do diretor brilhar, ao mesmo tempo que peca em entregar um longa que parece incompleto.
Com um ritmo acelerado, a cinebiografia é praticamente um "Greatest Hits Vol.1" de Napoleão Bonaparte, muitas vezes lutando para manter um tom constante, pulando por momentos importantes de sua história e deixando lacunas que poderiam ser melhor exploradas.
O filme começa com a execução na guilhotina da última rainha da França, Maria Antonieta. É um início forte, que mostra que Napoleão estava presente, no meio da multidão, quando tudo aconteceu. Sem dar muito tempo para a história apresentar o soldado e suas pretensões, já somos jogados para ele liderando as forças francesas no Cerco de Toulon, meses mais tarde.
Esse início mostra exatamente o que se esperar do resto do filme. O longa tem poucos momentos de respiro, sempre avançando como se tivesse muito conteúdo para explorar (e tem), mas sem tempo suficiente para isso.
Presente em praticamente todas as cenas, Joaquin Phoenix é a força por trás da história, mas às vezes se mostra pouco inspirado, entregando uma atuação apenas aceitável. Em outros momentos, quando mostra a vulnerabilidade de Napoleão, o ator chega a ser engraçado, ainda que de um jeito contido, no papel, criando uma personalidade interessante de se acompanhar e que ajuda a criar uma figura mais complexa do imperador.
Isso faz com que, mesmo com duas horas e trinta e oito minutos de duração, você não o conheça tão bem como poderia. Existem rumores sobre uma "edição do diretor", com mais de quatro horas, mas como essa versão não é a que chega aos cinemas, não temos como saber se mesmo com todo esse material extra, a execução de Ridley Scott tenha sido tão boa assim.
Analisando o que temos acesso, que é a cinebiografia que chega aos cinemas, é possível seguir uma linha de ambição e propósito por parte de Napoleão. Ele cresce com certa rapidez dentro do exército e sua ascensão ao poder parece fácil demais. Em dado momento, é dito que Napoleão é visto como César pelos franceses, que o aceitariam com tranquilidade como seu novo rei. Só que isso não é mostrado em momento algum no filme, que foca muito mais nos bastidores e na paixão de Bonaparte por Josefina, seu grande amor, que serve como fio condutor da história.
Napoleão mostra várias batalhas que o imperador participou, como a já citada em Toulon, e depois Austerlitz, Borodino e Waterloo, mas apesar de muito bem filmadas, nenhuma delas é particularmente emocionante. O tom épico que os trailers do filme passaram não está tão presente assim no produto final, talvez por conta da fotografia acinzentada que ele apresenta.
Não existe muita vida em boa parte do longa, com tudo sendo mostrado em tons frios e, aliado ao fato de diversas outras produções recentes abordarem cenas grandiosas similares e com resultados mais satisfatórios, essas cenas épicas de Napoleão parecem menores do que deveriam ser.
Napoleão parece um épico incompleto. Não pela qualidade do que chega aos cinemas, que é bastante satisfatória, mas por parecer que faltam trechos da história que a tornariam melhor. Talvez aquela versão do diretor realmente traga isso, mas o que temos no cinema é bom, mas falta um pouco para ser especial.
Napoleão está nos cinemas de todo o Brasil. E você, vai assistir?
Esse texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.
Jornal online com a missão de produzir jornalismo sério, com credibilidade e informação atualizada, da cidade de Rio Verde e região.