sexta-feira, 03 de outubro de 2025
O assassinato de três jovens mulheres, transmitido ao vivo em uma rede social, chocou a Argentina e escancarou mais uma vez a brutalidade ligada ao narcotráfico no país. As vítimas — duas de 20 anos e uma de 15 — desapareceram em 19 de setembro e foram encontradas mortas cinco dias depois, enterradas em uma casa na periferia de Buenos Aires. O crime gerou comoção nacional, protestos e um forte apelo por justiça.
As três moravam em La Matanza, região populosa da província de Buenos Aires, e, segundo familiares, sobreviviam de trabalhos ocasionais.
Na noite de 19 de setembro, as jovens entraram voluntariamente em uma caminhonete após receberem a promessa de participar de uma festa paga. Foram levadas a uma casa em Florencio Varela, onde caíram em uma emboscada.
De acordo com a investigação, elas foram torturadas em uma sessão transmitida em tempo real a um grupo fechado no Instagram, acompanhado por cerca de 45 pessoas. Durante a transmissão, um dos criminosos afirmou: “É isso que acontece com quem rouba droga”. Os laudos indicam que as mortes ocorreram naquela mesma noite.
A principal linha de investigação aponta para uma execução mafiosa ligada ao narcotráfico, como forma de “disciplinamento” dentro da organização criminosa. O ministro da Segurança da província, Javier Alonso, afirmou que “tudo é possível” e classificou o ataque como um ato de punição do crime organizado.
Até o momento, 12 pessoas foram presas, algumas delas confessando participação. O principal acusado, conhecido como “Pequeño J” ou “Julito”, de cerca de 23 anos, continua foragido. A casa onde os corpos foram enterrados estaria vinculada a uma rede de tráfico de drogas atuante em vários bairros da capital argentina.
O caso causou indignação nacional. Familiares denunciaram que as vítimas eram empurradas para situações de vulnerabilidade por um “sistema” que as desamparava. Coletivos feministas e organizações de direitos humanos convocaram uma marcha para este sábado (27), em Buenos Aires, com o lema: “Não há vítimas boas ou ruins, há feminicídios. Nenhuma vida é descartável”.
O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, declarou que o narcotráfico “não conhece fronteiras nem jurisdições e ainda exerce todas as formas de violência sexista”. A Justiça argentina agora avalia as acusações contra os detidos e intensifica as buscas por Julito. O crime aumentou a pressão sobre o governo para endurecer o combate ao narcotráfico e reforçar políticas de proteção às mulheres em situação de risco.
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