Na Arábia Saudita, que até o fim do ano passado era o único país que não permitia mulheres no volante, ainda existem muitos problemas para a total permissão de conduzir algum veículo por quem quiser. A proibição será oficialmente encerrada no domingo, mas o país ainda está distante de considerar normal uma pessoa do sexo feminino na direção.

Em entrevista à Bloomberg, uma estudante de administração, de 26 anos, sabe que será uma luta convencer seus pais porque, em sua comunidade, há quem ache vergonhoso ver uma mulher no volante. Assim que conseguir tirar a carteira de motorista, ela vai guardá-la em uma gaveta enquanto não tiver coragem de usá-la.

Porém, se por um lado o país é excessivamente conservador, por outro lado ele é bem liberal. Desde 2016 existe em projeto uma robô chamada Sophia, que em ação polêmica ocorrida um mês após a legalização da CNH para as mulheres do país: A humanoide recebeu cidadania, podendo circular pelo evento em que foi apresentada sem a companhia de um homem, enquanto várias mulheres, de carne e osso e com a mesma cidadania que foi dada à ela, não podem dar um passo fora de casa sem a tutela de seus maridos, pais ou até mesmo filhos.

Parece que por lá, o que importa não é a experiência ou maturidade, mas o órgão sexual que existe em seu corpo. Protestos são feitos há muito tempo, seja por mulheres comuns como a Aziza Yousef (capa da matéria), que dirigiu um carro em via pública em 2014 como forma de protestar contra a proibição ou a rapper M.I.A., que inseriu imagens de mulheres dirigindo em seu videoclipe de 2012 para a música Bad Girls (Garotas Más, em tradução livre) e foi fortemente boicotada pelo país.

O próximo passo não é mais do Estado, e sim da população de quebrar o paradigma milenar de mulher submissa ao homem, tirando e usando sem medos e repressões suas carteiras, demonstrando que lugar de mulher é onde ela quiser.