quinta-feira, 21 de novembro de 2024

MUNDO

Após um ano, Lorde ainda é atual e atemporal com Melodrama

POR Jornal Somos | 12/08/2018

O segundo álbum de estúdio de Lorde causou e ainda causa um grande impacto

Após um ano, Lorde ainda é atual e atemporal com Melodrama

Redação Jornal Somos

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Após um longo espaço de 4 anos entre o seu álbum de estreia e Melodrama, o segundo, Lorde amadureceu bastante mentalmente e musicalmente. Nesse tempo ela montou uma trilha sonora, fez colaborações, turnês e principalmente rompeu um relacionamento que a inspirou a escrever novas músicas e resultou em várias faixas que encontramos nesse disco. O projeto de 11 faixas (12, se contar que existe uma faixa dupla) se passa numa festa e é uma jornada de autoconhecimento, confissões, coração partido e cura. Entramos na viagem desse disco e você pode conferir a resenha abaixo:

 

Faixa 1 - Green Light

O silêncio deixado desde Yellow Flicker Beat, principal faixa de Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1, terceiro filme da franquia, foi rompido pelo primeiro single desse novo trabalho de estúdio. A música, chamada Green Light, começa com um piano tímido que recebe novos elementos até se tornar uma balada triste sobre não conseguir superar um relacionamento com um instrumental que pode ser considerado um pop grandioso, tocados em pistas de balada. O refrão grita: "querido, eu venho buscar as minhas coisas mas não consigo superar". O próximo trecho fala sobre esperar a luz verde, nome da música, que não é nada mais que esperar aquele sinal ou momento de claridão para que você possa continuar a sua jornada. Contextualizando com o álbum, esse é o início da festa, o momento em que o relacionamento acaba.

 

 

Faixa 2 - Sober

A segunda faixa do álbum é sobre estar em uma festa e ficar pensando "o que vamos fazer quando estivermos sóbrios?". Com vários instrumentos, incorporando até trompetes, Jack Antonoff coprodutor do álbum e também presente no projeto Fun. e Bleachers, que inclusive já produziu álbuns da Taylor Swift e St. Vincent, mostra que a sintonia com Lorde foi incrível ao ponto de não saturar a música, mesmo usando de distintos elementos. É uma faixa sobre aproveitar o fim de semana ao máximo sem pensar no amanhã.

 

Faixa 3 - Homemade Dynamite

Essa música teve na composição a ajuda de Tove Lo, cantora sueca dona de hits como Stay High, Talking Body e Cool Girl. É uma faixa romântica, onde ela conhece alguém que parece ser tão "estranho" como ela e pede para que possam se comportar anormalmente. Então ela conta suas melhores mentiras. Existe uma linha bem distinta e obscura na faixa, onde ela fala "coloquei o seu amigo bêbado para dirigir mas ele quase não consegue ver. Logo estaremos espalhados na estrada, vermelho e prata, com todo o vidro estilhaçado". No final, é uma música sobre conhecer alguém que você se identifica e não ligar para mais nada já que possivelmente encontrou o amor da sua vida.

 

Faixa 4 - The Louvre

Em The Louvre ela continua apaixonada e declama todo o seu amor, com uma produção muito bem feita por Flume, que já trabalhou antes com a cantora num remix de Tennis Court. As batidas do coração se incorporam às batidas do refrão e a cantora fala que eles são tão perfeitos juntos que deveriam estar no Museu do Louvre, mesmo que seja lá no fundo. A faixa começa com um violão, se transforma em electropop e se encerra num tipo de guitarra que emociona mesmo sendo apenas instrumental.

 

Faixa 5 - Liability

Balada no piano que fala sobre ser um fardo e se sentir sozinha por isso. Ela diz que o amor dela a magoou dizendo que não queria ter a conhecido, cometendo um grande erro de dançar na tempestade venenosa dela e que está chorando no táxi por isso. A canção progride até ela falar que está voltando aos braços da mulher que ela ama e na reviravolta da letra, descobrimos que essa mulher é ela mesma. A parte mais dolorida é quando ela assume para si mesma que é o brinquedo que as pessoas aproveitam até que as pessoas se cansem dela.

 

 

Faixa 6 - Hard Feelings/Loveless

A primeira parte da canção se trata de aceitar o término. "Porque eu me lembro de quando nós dois eramos pra sempre (...) e agora estamos sentados em seu carro e nosso amor é um fantasma". Ela fala que começa a cuidar de si mesma do jeito que costumava cuidar da pessoa que amava e além de lindo, isso mostra a evolução iminente da cantora, que começa a demonstrar sinais de superação do fim do relacionamento, encerrando a primeira parte falando: "Vou começar a esquecer essas pequenas coisas (fragmentos que a lembram do amor) até que eu esteja bem longe de você". Após um som eletrônico rasgado entre as faixas, começa Loveless que não é nada mais e nada menos do que uma reflexão sobre toda a nossa geração, conhecida popularmente como geração sem coração.

 

Faixa 7 - Sober II (Melodrama)

A faixa-título do álbum é a continuação de Sober e agora o amanhã chegou e ela está em uma profunda reflexão sobre a festa. É a tristeza quando a festa acaba e as luzes apagam, a deixando sozinha novamente. Leva a faixa-título do álbum pois Lorde, que possui sinestesia, condição que a faz enxergar cores nas músicas que ouve, enxerga a faixa como tons de azul e violeta, cores da capa do álbum e cores que ela sente que define o álbum por completo.

 

Faixa 8 - Writer in the Dark

A faixa mais pesada do álbum, retrata o amor exagerado de Lorde por alguém. Ela diz que vai amar a pessoa até ela chamar os policiais para a detê-la, ela parece chorar enquanto canta e também diz que só vai parar de amar a pessoa quando a respiração dela parar. Na música, a pessoa se arrepende de a ter beijado no escuro e ela reafirma que vai escrever sobre isso e o eternalizar em seu coração, mas o problema é o seguinte: ela é apenas a amante dele. No fim do dia, ele vai a abandonar para dar amor à outra pessoa e ela se torna inconsolável por viver nessa mentira.

 

Faixa 9 - Supercut

Amada pelos fãs por ser a faixa mais pop do álbum, nessa música ela percebe que tudo o que passa em sua mente relacionado ao relacionamento está picotado, que o cerébro dela ignora as partes ruins que os levaram ao término e que a maior parte do que ela lembra é mentira, já que é apenas um filme cortado para parecer perfeito, coisa que o relacionamento nunca foi. "Na minha mente eu faço tudo certo, mas é apenas um corte do que nós fomos", ela reafirma e conclui a música.

 

Faixa 10 - Liability (Reprise)

Nessa faixa ela reconhece que não é apenas culpa dela e que um relacionamento é uma via de duas mãos. Ela diz que a culpa pode ter sido da festa, a culpa pode ter sido do amor violento ou a culpa pode ter sido das lágrimas e êxtases que passaram, mas ela sabe que a culpa não é só dela e ele não é quem ele pensava ser, tornando tudo mais claro e na penúltima faixa, dando o ponto final que o relacionamento mereceu desde o início.

 

Faixa 11 - Perfect Places

"Todas as noites eu vivo e morro, sinto a festa em meus ossos", ela começa. Durante a faixa, ela diz que está no auge e não consegue ficar sozinha. Demonstra medo, já que todos os seus herois estão morrendo (referência à morte de David Bowie, ídolo da cantora). O nome da música, que traduzido para o português seria Lugares Perfeitos, se trata daquele lugar mental que conseguimos alcançar ao nos sentirmos felizes ou extasiados, é algo que ela vem buscando em festas e bebidas, mas no final ela termina se perguntando "mas o que são lugares perfeitos mesmo?". Após passar o álbum todo reflexiva, ela termina o álbum finalmente chegando ao ponto da existência humana: a busca incessante pela felicidade. 

 

 

Nesse álbum, que foi majoritariamente produzido por Lorde e Jack Antonoff, Lorde se firma como um dos nomes mais inovadores atuais e voz de uma geração, se igualando a clássicos e gigantes como David Bowie e Prince. Uma grande evolução desde o seu primeiro álbum (que foi lançado quando ela tinha 17 anos e a rendeu 2 Grammys, prêmio mais importante da música) sem perder a sua essência de jovem em busca de algo. Além de inspirar muitos jovens, Melodrama, se tornou o que Lorde colocou no encarte do disco: Eterno. Diversos jovens totalmente entregues ao disco e a toda a mensagem transmitida pela cantora eternalizaram o álbum em forma de tatuagens, incluindo a pessoa que escreve esse texto. Sem a intenção, ela fez o álbum da década.

 

Nota Jornal Somos: 95/100

Nota da crítica geral: 91/100

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