O Papa Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), às 7h35 (horário de Roma), na Casa Santa Marta, no Vaticano. O anúncio foi feito pelo Camerlengo Kevin Farrell. “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai”, declarou o cardeal, destacando a dedicação de Francisco à Igreja ao longo de sua vida.

No domingo (20), ele fez sua última aparição pública na sacada da Basílica de São Pedro, durante a tradicional bênção de Páscoa Urbi et Orbi. “Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos sua alma ao amor misericordioso do Deus Trino”, afirmou Farrell.

Trajetória e legado do primeiro Papa das Américas

Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, o Papa Francisco foi o primeiro pontífice das Américas e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Filho de imigrantes italianos e o mais velho de cinco irmãos, chegou a se formar técnico em química antes de seguir o chamado religioso.

Ordenado sacerdote em 1969, tornou-se bispo auxiliar de Buenos Aires e foi nomeado cardeal em 2001 por João Paulo II. Assumiu o papado em 2013, após a renúncia de Bento XVI. Seu pontificado foi marcado pela simplicidade, empatia e atenção aos mais pobres.

Mesmo com a saúde fragilizada nos últimos anos – com problemas respiratórios, limitações motoras e internações – manteve sua rotina de compromissos até os últimos meses.

Papado voltado à paz, justiça social e inclusão

Ao longo de seus 12 anos de pontificado, Francisco se destacou por sua atuação em prol da paz e dos direitos humanos. Fez diversos apelos por cessar-fogo em zonas de conflito, como na Ucrânia e na Faixa de Gaza. “A soberania deve ser garantida pelo diálogo e pela paz, não pelo ódio e pela guerra”, defendeu.

Foi também um defensor do meio ambiente, chamando a atenção global para a crise climática: “A Terra está com febre. Ela está doente”, alertou em 2024.

Francisco foi responsável por mudanças significativas dentro da Igreja. Em 2023, autorizou que padres dessem bênçãos a casais do mesmo sexo, desde que fora dos rituais litúrgicos. A decisão foi considerada um marco de acolhimento.

Em janeiro de 2025, nomeou pela primeira vez uma mulher para chefiar um dicastério do Vaticano: a freira Simona Brambilla, responsável por supervisionar as ordens religiosas da Igreja.

Milagre reconhecido na Amazônia

Outro momento marcante foi a canonização do padre José Allamano, em 2024, por um milagre ocorrido na Amazônia. Segundo a Congregação Consolata, um indígena yanomami sobreviveu a um ataque de onça após orações direcionadas ao missionário.

Últimas palavras de um pastor firme na fé

Mesmo diante de rumores sobre uma possível renúncia, Francisco reafirmou em 2024 que não via necessidade de deixar o cargo. “Não tenho motivos sérios o suficiente para me fazerem pensar em desistir”, declarou à época.