Depois de uma breve passagem pela zona de guerra na Ucrânia, Emerson Souza, morador de Formosa (GO), está de volta ao Brasil e garante: a experiência não correspondeu às expectativas. Em busca de uma remuneração alta para melhorar a vida da família, ele embarcou em maio após ser recrutado por um grupo de WhatsApp. No entanto, encontrou riscos extremos, saudade dos quatro filhos — o quinto a caminho — e promessas que nunca se concretizaram.

Ao chegar em território ucraniano, Emerson se deparou com uma rotina de medo constante. Em Kharkiv, presenciou drones, explosões e disparos da artilharia antiaérea. “É péssimo ficar longe da família da gente, sabendo que pode morrer a qualquer momento”, relatou.

O jovem, de 28 anos, recebeu pouco mais de R$ 2 mil pelo período em que esteve integrado ao exército ucraniano, valor muito inferior ao prometido e insuficiente até para custear o retorno ao Brasil, estimado em R$ 16 mil. A volta só foi possível graças à ajuda de parentes e da família da esposa.

A fuga da guerra foi marcada por tensão. Emerson saiu da legião de treinamento, passou por vilas, viajou de táxi e ônibus até a fronteira com a Polônia, onde quase foi retido. “Pegaram meu passaporte e demoraram muito para devolver. A barriga esfriou”, recorda. Após percorrer um longo trajeto passando por Roma, São Paulo e Brasília, desembarcou no dia 1º de agosto.

O reencontro com a família foi carregado de emoção. “A primeira coisa que fiz foi abraçar minha filha e minha mulher. Quando vi minha filha correndo e dizendo ‘papai, papai’… aquilo quase partiu meu coração”, contou.