quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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Maria de Fátima é do Pará. Ela e o marido Oséias Pacheco viajaram, em novembro, para Goiás para visitar alguns amigos. Além da hospitalidade dos goianos, eles encontraram a oportunidade de se qualificar e melhorar de vida. “No Pará, a partir dos 40 anos, é difícil arrumar emprego com carteira assinada e em Goiás, eu com 45 e meu esposo com 44, estamos com uma perspectiva maravilhosa. O Programa de Avicultura de Precisão do Senar Goiás nos fez rever a ideia que eu tinha da produção de frangos. Nós aprendemos e acredito que estamos prontos para trabalhar na área e ter Goiás como a nossa casa”, explica. “É uma oportunidade de emprego e conhecimento completo na criação de aves de corte. Eu acredito que encontrei uma nova profissão, um novo meio de vida com a ajuda do Senar Goiás”, afirma, Oséias Pacheco Santos.
O casal está entre os 16 participantes do curso, com duração de 160 horas, elaborado para atender a demanda por granjeiros em Itaberaí e demais regiões. “Muitas pessoas não têm ideia do quanto o trabalho de granjeiro é importante e o quanto pode transformar a vida para melhor. Na granja você vai fazer conta de gramas, valorizar cada centavo e aprender a dar valor no tempo, já que o frango é produzido por minuto. Com os técnicos, você aprende sobre sanidade para saúde de uma ave e acaba transferindo para sua casa. O granjeiro tem casa confortável dentro da empresa, não gasta com deslocamento para o trabalho. Oferecemos participação nos lucros para complementar o salário. Nós temos um granjeiro que formou o filho engenheiro, outros que cresceram, fizeram carreira aqui dentro. No entanto, as pessoas precisam estar qualificadas para começar”, conta o presidente do conselho da SSA Alimentos, José Garrote.
A empresa, que detém marcas como a Super Frango, começou o ano com cerca de 500 vagas abertas em Itaberaí, mas não encontra mão de obra especializada. Goiás, atualmente é o 5º maior produtor de aves e o 4º maior exportador de carne de frango no Brasil, segundo informações do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag). Além de Itaberaí, as principais regiões produtoras no Estado são Rio Verde, Pires do Rio e Palmeiras de Goiás.
“A avicultura de corte tem um grande potencial de crescimento em Goiás, tanto para o abastecimento de mercado interno, quanto para crescer nas exportações. A mão de obra qualificada é sempre um gargalo em qualquer cadeia produtiva. Na avicultura de corte não é diferente. O crescimento da produção de frangos no Brasil se baseou em um modal em que se adota um alto grau de tecnologia, e dessa forma, se exige em todas as áreas técnicas de produção uma mão de obra qualificada, preparada e motivada. Os granjeiros acompanham a produção desde a chegada dos pintinhos na granja até a saída do lote de frango para o abatedouro. Sua importância no processo produtivo é muito grande”, explica o professor da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente da Associação Goiana de Avicultura, Marcos Café.
Qualificação
O curso de Avicultura de Precisão do Senar Goiás é realizado em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) da UFG, que cedeu o aviário-escola para que os alunos aprendessem desde o início da profissão de granjeiro. São dois meses de duração. “O aviário-escola da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG é um laboratório de ensino, pesquisa e extensão na área de frangos de corte. Os principais projetos de pesquisa que temos realizado ultimamente são na linha de pesquisa do uso de produtos para substituir os antibióticos melhoradores de desempenho na produção de frangos. Temos também testado aditivos vegetais e naturais em rações de frangos, manejos alternativos, níveis nutricionais das rações e uso de aditivos tecnológicos. Todos esses projetos de pesquisa são conduzidos com empresas parceiras do Brasil e do exterior”, destaca o professor.
A capacitação em Avicultura de Precisão trabalha todas as fases de um aviário. Após a recepção dos pintinhos, são 45 dias para se tornarem aves em ponto de abate. “Nós iniciamos a parte prática com a preparação do galpão, com todo o processo de desinfecção, ambiência, temperatura, ventilação e umidade. Os pintinhos são recebidos com tudo pronto e em duplas os alunos fazem o manejo. O galpão tem 125 metros, com capacidade para 20 mil aves. Então, eles fazem o controle de alimentação, água e pesagem, além de uma verificação minuciosa para que a sanidade das aves seja perfeita. É importante que eles aprendam aqui, que mesmo parecendo ser um trabalho simples, depois que se pega o jeito, qualquer erro pode resultar na mortalidade de todas as aves”, explica o instrutor do Senar Goiás, Gustavo Milanez.
A instituição oferece, ainda, vários cursos que vão desde a produção de ovos até as aves. O período de duração é, em média, de cinco dias e permitem que os alunos saiam com condição de iniciar ou contribuir com a produção já existente. Mas no caso da profissão de granjeiro é preciso ter uma noção mais ampla. “As pessoas precisam entender desde a limpeza minuciosa até o manejo, que envolve ambiência e uma série de outras fases. Muitas coisas são automatizadas. Então, nós queremos investir muito em treinamento, em qualificação. Nesse curso, quem tem pouca ou nenhuma experiência na área de avicultura terá condições de corresponder às expectativas que o mercado apresenta, ou seja, conseguirá uma das vagas em aberto dos postos de trabalho”, explica o diretor técnico do Senar Goiás, Flávio Henrique Henrique Silva.
A qualificação profissional é uma demanda de mercado. Ao todo, 240 produtores do município de Itaberaí também contam com galpões de aves para completar a demanda de frangos da SSA Alimentos e precisam de mão de obra qualificada. “Os aviários estão crescendo no nosso município. As empresas estão expandindo, mas não tem funcionários para trabalhar. A natureza desse curso vem justamente para termos como corrigir esse problema. Um lote de frangos é rápido, cerca de dois meses. Acreditamos que daqui sairão ótimos profissionais para concluir cada lote com sucesso”, afirma o presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Itaberaí e Região (Copavir), Vicente Pereira de Carvalho Filho.
Oportunidade
A avicultura de sucesso precisa seguir cinco pilares: genética, ambiências, nutrição, sanidade e manejo. Nas duas últimas, os granjeiros têm fundamental importância. Uma das turmas do curso foi mobilizada pelo Sindicato Rural de Itaberaí. João Meire, que atualmente trabalha fazendo bicos e participou da qualificação, quer uma profissão com carteira assinada. “Eu estou muito otimista com o curso. Tenho alguns conhecidos que trabalham como granjeiros e conseguiram organizar a vida. Então eu espero aprender tudo que for necessário para que eu também consiga ser contratado”, acredita.
Deyse Magalhães está ansiosa para concluir o curso. Otimista, acredita que sairá empregada. “Minha expectativa é ser a melhor do meu futuro local de trabalho. Aprendi com o Senar Goiás não só sobre a produção de frangos, mas a importância do trabalho em equipe para que tenhamos um resultado preciso”, declara.
Cássio Silva, que é esposo dela, viu no curso uma possibilidade de melhorar a renda da família. “Como nos disseram que a maioria das granjas de maior porte oferece casa, boas condições de infraestrutura para a família dos granjeiros, se eu e minha esposa trabalharmos com a mesma coisa, teremos maiores ganhos e menos gastos e também contribuiremos um com o outro, complementando o aprendizado de cada um. Está sendo ótima a experiência com os outros colegas, com o instrutor do Senar. O curso está acrescentando muito na nossa vida”, afirma.
“Considero que hoje o Senar Goiás realiza o mais importante papel de formação de mão de obra rural no Brasil. A contribuição do trabalho realizado pela entidade é fator decisivo nas conquistas de sucesso do agro brasileiro. O curso que está sendo ministrado talvez seja o único do Brasil que se propõe a fazer o acompanhamento de um lote de frangos, desde a preparação do galpão até a apanha dos frangos. A turma de granjeiro vai ter a oportunidade única de além da parte teórica viver a prática no curso”, ressalta o presidente da Associação Goiana de Avicultura, Marcos Café.
O granjeiro responsável pelo aviário-escola da UFG, Charles Araújo, afirma que a oportunidade que os 16 alunos estão tendo fará com que eles sofram muito menos no processo de adaptação da função no mercado de trabalho. “Eu trabalhava com pecuária leiteira e quando resolvi migrar para a avicultura, fiz um curso só em sala de aula. Tive que aprender a prática sozinho e passei muitos apuros. Com tudo que está sendo compartilhado, acredito que a realidade será bem diferente, para melhor”, avalia.
Esse é o primeiro curso do Senar Goiás voltado para produção de aves de corte, com carga horária de dois meses. “É uma iniciativa que tem tudo para ser ampliada, inclusive para outras áreas do agro. E claro sempre faremos isso com parcerias e com a mobilização dos Sindicatos Rurais do Estado”, afirma o diretor do Senar, Flávio Henrique.
Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag
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