quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A agropecuária brasileira vai muito além do trivial e de práticas sustentáveis, como a ILPF e outras inovações, contribuindo para descarbonização da atividade. Com aumento de ações nesse sentido, a sustentabilidade das lavouras e pastagens brasileiras tem tido reconhecimento inclusive da ONU
“O produtor é o principal interessado na preservação do meio ambiente”, resumem estudiosos e líderes do setor agropecuário. Imagens aéreas e pesquisas técnicas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ilustram a participação específica da agropecuária brasileira na emissão de gases de efeito estufa. Elas comprovam que a realidade dos impactos gerados pelo agro difere dos mitos e do sentimento preponderante quando o assunto é a relação entre homem do campo, poluição e aquecimento global.
Existe uma verdadeira “revolução verde” em curso na agropecuária com a incorporação de tecnologias e novas práticas que contribuem para descarbonização da atividade, entre outros benefícios. Esse esforço do agro brasileiro para produzir cada vez mais e em harmonia com o planeta, foi reconhecido na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.
O Brasil foi referenciado, durante a Semana Mundial do Meio Ambiente 2021, comemorada no dia 05 de junho. Em documento apresentado no evento, as Nações Unidas citam que a produtividade brasileira aumentou 386% e a área agrícola apenas 83%, com preservação de 120 milhões de hectares de floresta. Entre as novas práticas adotadas nas fazendas verde-amarelas e as políticas públicas que contribuíram para a conquista deste resultado aparecem ações como o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), que é composto por iniciativas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Sistemas Agroflorestais (SAFs), Sistema de Plantio Direto (SPD), entre outras práticas.
Práticas sustentáveis
Vista de perto, a vida no campo nos moldes atuais é composta por bons exemplos de agricultores e pecuaristas que ampliaram a produção e a produtividade de lavouras e pastagens, utilizando com equilíbrio e eficiência a água e outros recursos naturais disponíveis. Isso, somado às inovações do agro, permite expandir a safra, e até mesmo a pecuária, sem abrir novas áreas.
O superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges, ressalta que a instituição tem atuado em várias frentes para auxiliar produtores goianos e trabalhadores rurais a implementar atividades que otimizam o uso do solo e o custo com insumos, aumentando a produção e a produtividade. “Nosso objetivo é ensinar aos alunos e produtores assistidos como a inovação, a sustentabilidade e produtividade podem caminhar juntas”, frisa.
Dirceu afirma que, entre 2015 e 2019, o Senar promoveu a capacitação de mais 800 produtores goianos para que estes colocassem em prática as diretrizes do Plano ABC específicas para o bioma do Cerrado. “Também criamos dezenas de treinamentos e cursos presenciais que tratam de áreas chaves para o futuro, como ILPF, proteção de nascentes, gestão e manejo de pastagens, fontes de energia renováveis, agricultura de precisão, tratamento de dejetos e recuperação de pastagens degradadas, entre outros”, acrescenta.
O superintendente pontua, ainda, que o Senar tem alcançado excelentes resultados com o curso de Recuperação de Pastagens Degradadas. “É fundamental para quem quer recuperar o potencial produtivo das pastagens e reduzir custos com a criação do gado em harmonia com o meio ambiente”, reforça. Dirceu afirma que, mais recentemente, o Senar levou para o portfólio de cursos à distância, os programas: ILPF, ABC Cerrado e InovaAgro. Acesse os cursos de EAD Os cursos são gratuitos e podem ser acessados pelo Portal de Educação à Distância (ead.senargo.org.br). Já para os cursos presenciais disponíveis basta procurar o Sindicato Rural ou acessar o portal do Sistema Faeg Senar (sistemafaeg.com.br).
Ele destaca que, além destas ações, o Senar Goiás investiu na capacitação contínua da sua equipe de campo. “Os técnicos do programa de Assistência e Gerencial (ATeG) estão conseguindo implementar de fato essas novas práticas mais sustentáveis, com a colaboração dos produtores assistidos”.
Um destes casos é o do pecuarista de corte e leite e médico oftalmologista, Paulo Teodoro. Para ele, o agro é responsável por uma mudança de paradigmas para a sociedade. Paulo participa do programa de ATeG do Senar Goiás há apenas nove meses. A propriedade fica em Mairipotada. Neste período, praticamente dobrou a produção diária de leite por animal da fazenda, sem precisar abrir novas áreas. Esse fato surpreendeu inclusive familiares e amigos. “Meus pais sempre fizeram cursos do Senar e resolvi procurar a ATeG para melhorar os resultados da propriedade. Aposto em novidades que contribuem com o meio ambiente e reduzem custos operacionais”, diz.
A técnica de campo, Mirianny Urzêda, relembra que a propriedade tinha um alto gasto com concentrado e usava toda área disponível como pasto. Com a introdução dos piquetes e do sistema rotacionado, eles conseguiram reduzir a área ocupada pelos animais. “Outra etapa importante foi a criação do bezerreiro, implementado em março de 2021, que diminuiu a mortalidade dos bezerros em até 90 dias de vida”, explica Mirianny. “Parte da pastagem que era utilizada para esses animais virou piquete para vacas em lactação”, completa.
Quanto aos resultados alcançados, Paulo Teodoro conta que a principal mudança veio com a implementação do sistema de piquetes rotacionados. “Três piquetes em apenas nove hectares e já descobri que estes três, bem manejados, valem por quase 80 hectares de pastagem. Investi no manejo correto somado à adubação do pasto e ao conhecimento do solo”, ressalta.
Os primeiros resultados apontam que, com a ATeG do Senar, a produção média diária da fazenda saltou de 342 litros por dia para 700 litros por dia, apenas com o aumento de 46 para 58 animais e boa gestão. Com o uso de técnicas de pastejo rotacionado, foi possível aumentar o volume de 7,43 litros por dia em cada animal para 12 litros por dia em cada vaca.
A fazenda usa silagem de milho para alimentação do rebanho. Para auxiliar o produtor a intensificar a produção da silagem, a técnica orientou o plantio dos mesmos nove hectares de milho, porém - utilizando o sistema ILP e a adubação correta do solo. “O novo sistema adotado possibilitou dobrar a produção de silagem, de 200 para 400 toneladas”, conta o produtor que acompanha os resultados pelo computador diariamente e aos finais de semana, direto na fazenda. Paulo diz que está mudando paradigmas e cumprindo seu papel com as futuras gerações. “Não dá para produzir usando técnicas antigas, da época dos meus avós. Temos que implantar novidades que trazem resultados para o meio ambiente e para o produtor”, completa.
O produtor se mostra cada dia mais interessado e curioso em relação às novas tecnologias. Ele, diferente dos mitos, sabe que o agro brasileiro é amigo da ciência e da terra. “’Seja reduzindo, reflorestando, reutilizando a água ou mesmo recuperando uma pastagem - ganhamos todos”.
Foi criado pelo Brasil e é considerado o maior programa de reduções voluntárias de emissão de carbono no planeta. Executado até 2020, o Plano ABC registrou resultados bem-sucedidos, tornando-se referência mundial de política pública para o setor. Para a próxima década, o ABC+ reestrutura os conceitos e estratégias, mantendo o compromisso com a sustentabilidade na produção de alimentos, fibras e energia, promovendo resiliência e aumentando a produtividade e renda dos sistemas agropecuários de produção, permitindo ainda redução de emissões de gases de efeito estufa. O Plano ABC é composto por sete programas:
Revitalização de bacias hidrográficas
A criação de uma plataforma de marketplace para alavancar a revitalização de bacias hidrográficas no Brasil é uma iniciativa importante para garantir a manutenção da água em quantidade e qualidade suficiente para a produção de alimentos e os outros usos da água na bacia, avalia o presidente da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Veras. “Isso vai ser importante tanto para o meio rural quanto para a cidade, porque poderemos revitalizar as bacias hidrográficas que carecem de alguma recuperação, como proteção das nascentes e corpos hídricos para enfrentar as crises hídricas que vêm acontecendo ao longo do tempo. Com água em quantidade e qualidade, teremos mais água para atender os múltiplos usos e, no caso do agro, para manter a produção de alimentos”, salienta.
A iniciativa é do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e faz parte do Programa Águas Brasileiras do Governo Federal, para ampliar a quantidade e a qualidade da água disponível para consumo e para o setor produtivo, de forma a fomentar o desenvolvimento regional e garantir mais qualidade de vida para a população.
O órgão publicou um edital para contratar empresa ou entidade que desenvolva uma plataforma com o conceito de marketplace que irá proporcionar o encontro de organizações que elaboram e executam projetos de revitalização de bacias com empresas, fundos nacionais e internacionais e pessoas físicas que buscam se engajar na agenda de sustentabilidade. As inscrições estão abertas até 5 de julho.
Fonte: Comunicação Sistemas Faeg/Senar
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