quarta-feira, 18 de junho de 2025
Foto: TBC
O Protocolo Antirracista da Fifa, adotado este ano pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi colocado em prática pela primeira vez na história da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. A medida inédita aconteceu durante o empate entre Rio Verde e Anapolina, no último domingo (15/06), no Estádio Mozart Veloso do Carmo, em Rio Verde.
Aos 48 minutos do segundo tempo, o árbitro Jefferson Ferreira interrompeu a partida e cruzou os braços na altura do peito, sinal internacional de combate ao racismo. A atitude foi tomada após o meia Patrick, do Rio Verde, ser expulso por proferir ofensas racistas ao goleiro Artur, da Anapolina.
De acordo com a súmula da partida, Patrick teria dito: “Volta para o gol, negão, c…! Vai se f…”. A fala gerou reação imediata do goleiro e motivou o acionamento do protocolo da Fifa. O árbitro registrou ainda que o atleta do Rio Verde deixou o campo normalmente após a expulsão.
A confusão entre os jogadores teve início durante uma cobrança de falta a favor do Rio Verde, quando um atleta da Anapolina caiu no gramado. Ao tentar levantá-lo, Patrick foi afastado por Artur, o que gerou a discussão que terminou com a medida disciplinar.
Ao final do jogo, o árbitro consultou o goleiro da Rubra sobre o desejo de formalizar uma denúncia policial. Artur, no entanto, afirmou ter aceitado as desculpas de Patrick e decidiu encerrar o episódio no âmbito esportivo e pessoal.
Apesar disso, como o caso foi relatado em súmula, Patrick poderá ser julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva de Goiás (TJD-GO), com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de atos discriminatórios e preconceituosos. A punição prevista varia de cinco a dez jogos de suspensão e multa que pode chegar a R$ 100 mil.
A medida criada pela FIFA é uma maneira de informar o árbitro que algum jogador está sendo alvo de abuso racista. O jogador vai cruzar os braços na frente do peito para anunciar um ato discriminatório, o que obrigará à paralisação da partida. Caso o ato não cesse, o jogo pode ser suspenso e até abandonado.
O Esporte Clube Rio Verde se manifestou por meio de nota oficial à coluna que “Mesmo que a arbitragem tenha registrado em súmula, ambos os jogadores envolvidos acabaram se resolvendo, pondo fim à situação. O EC Rio Verde repudia veementemente qualquer manifestação como esta e, em casos como este, o clube sempre irá cooperar com as autoridades para que a Justiça seja feita.”
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Jornal Somos.