quinta-feira, 25 de abril de 2024

Projeto do IFG apresenta software que possibilita diálogo direto entre surdos e ouvintes

POR Jornal Somos | 11/06/2019
Projeto do IFG apresenta software que possibilita diálogo direto entre surdos e ouvintes
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Uma proposta do projeto de pesquisa do Sistema de Tradutor Bidirecional de Língua de Sinais está sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Instituto Federal de Goiás (IFG).  Além de possibilitar a comunicação direta entre surdos e ouvintes, há uma outra possibilidade em desenvolvimento que, a partir do texto escrito que aparece na tela do computador e com a utilização de um aplicativo que faça a leitura oral do que está escrito, o diálogo entre uma pessoa cega e uma pessoa surda. A proposta se constituirá em um instrumento importante para facilitar o diálogo dos surdos dos Institutos Federais com toda a comunidade acadêmica e externa, além de apoiar essas pessoas na utilização dos serviços da biblioteca, na busca por informações na recepção das unidades de ensino ou mesmo em um diálogo informal e, em especial, nas atividades de ensino.

 

Só no IFG, existem cerca de 20 estudantes surdos matriculados. Esses alunos frequentam cursos nos câmpus Aparecida de Goiânia, Jataí, Itumbiara, Anápolis e, além deles, há professores surdos nos Câmpus Goiânia e Goiânia Oeste, segundo dados da Pró-reitoria de Ensino. A Instituição possui tradutores e intérpretes de Libras, que assistem esses estudantes nas atividades acadêmicas, mas na rotina escolar, fora da sala de aula, o processo de aprendizagem é desafiador.

 

“É um instrumento de tecnologia assistiva que vai trazer um ganho para comunidade de surdos, porque você ter a condição de colocar um surdo pra se comunicar com um cego ou com qualquer pessoa é fantástica. Se pensarmos hoje, no IFG, seria interessante ter nas bibliotecas, pois há momentos em que não há intérprete de Libras por lá. Daí o surdo chega, veste a luva e teria uma conversa. Poderia ser utilizada em uma quantidade enorme de locais, pois o objetivo é facilitar o diálogo e não eliminar a necessidade de ter intérpretes. É um instrumento a mais pra compor toda uma política de ações assistivas da Instituição”, ressalta o coordenador do projeto, professor Wesley Pacheco.

 

A professora Waléria Vaz, do Câmpus Aparecida de Goiânia, e participante da equipe, compartilha da mesma opinião de Pacheco, ao afirmar que falta no cotidiano da instituição um instrumento que facilite o diálogo entre o surdo e a comunidade. “No dia a dia, o IFG garante o intérprete/tradutor, mas muitos serviços poderiam ser facilitados com o tradutor bidirecional, na biblioteca, recepção e diversos setores institucionais”, destaca.

 

 

 Projeto

O projeto, desenvolvido desde 2014, recebe há dois anos apoio financeiro da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), do Ministério da Educação (MEC), e está em processo de teste para futura montagem de 50 kits a serem distribuídos a todos os Institutos Federais do país, ao Colégio Pedro II, aos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet) e à Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR). Cada kit será composto por um par de luvas bidirecionais de língua de sinais, um computador, um aparelho Kinect (que é um aparelho usado em jogos de vídeo games para captar movimentos/gestos por meio de um sensor para serem traduzidos), um software tradutor e interpretador de língua de sinais. Ao todo, o projeto recebeu recursos da ordem de R$ 1,1 milhão, para custear bolsas a estudantes e pesquisadores, material e a produção dos kits a serem distribuídos, o que é um valor reduzido para os benefícios que o sistema proporciona, afirma Pacheco.

 

Segundo o pesquisador, o “projeto tradutor bidirecional busca viabilizar a comunicação entre surdos e ouvintes. Os pesquisadores trabalharam com a implementação de hardware (luvas e o Kinect), que traduz expressões de qualquer língua de sinais para a modalidade escrita de qualquer língua oral, o permitirá seu uso por diferentes países. Foi desenvolvido um hardware que identifica os parâmetros das línguas de sinais, utilizando reconhecimento de padrões com abordagem sensorial para decodificação na língua escrita”, conta. Em outras palavras, a pessoa surda veste as luvas e por meio dos gestos que ela faz e que estão inseridas na Libras, o que ela quer “falar” passa a ser traduzido quase que simultaneamente para a língua portuguesa. O texto escrito aparece na tela do computador conectado às luvas e, quando programado no software, aparece também em diversas outras línguas.

 

Para dar suporte à luva e as expressões a serem traduzidas, está sendo elaborado um banco de dados com palavras, frases e todo o vocabulário (gestos) da Libras traduzida para o português, etapa que conta com a participação dos professores Thiago Cardoso Aguiar e Waléria Vaz, ambos do Câmpus Aparecida. Eles estão inserindo os gestos e as traduções no banco de dados, que deve ser dinâmico e pode ser adequado conforme os regionalismos e as expressões que a própria Libras possui nas diversas regiões do país.

 

O projeto conta com uma equipe formada por estudantes, professores e servidores dos câmpus Senador Canedo e Aparecida de Goiânia. São 26 bolsistas, 16 pesquisadores, sendo cinco do Instituto Politécnico do Porto (instituição parceira), quatro de Aparecida, sete de Senador Canedo, mais 23 voluntários e um professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC).

 

Atualmente, a luva funciona com o auxílio de um software de teste, também elaborado pela equipe de pesquisadores do projeto, por meio de um cabo conectado entre a luva e o computador. A ideia agora, segundo Pacheco, é aperfeiçoar a luva e eliminar o cabo, que hoje serve como alimentador de energia e conexão com o computador. “Queremos aperfeiçoar, acoplar uma bateria à luva e fazer com que ela funcione sem o cabo, por meio da tecnologia de bluetooth. As luvas possuem internamente os conectores eletrônicos e sensores que em frente ao Kinect possibilitam a tradução dos gestos”, diz.

 

Esse software usado neste momento ainda é um programa em teste, pois o final será desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Porto (IPP), segundo parceria firmada entre a instituição portuguesa, o IFG e a Setec. A versão final possibilitará a tradução bidirecional, ou seja, além de traduzir os gestos, haverá também a resposta em Libras, por meio de um avatar a ser construído pelo IPP.

 

Proveniente do projeto da Luva Bidirecional, outras ações estão em andamento ou com projetos elaborados. Uma delas é de elaboração de um Glossário em Libras, com participação de todos os Institutos Federais do País. Nesse glossário haverá expressões e conteúdos referentes às disciplinas que os estudantes possuem nos diversos cursos ofertados nos IFs brasileiros, como nos de Administração, Mecânica, Física e Matemática. “Queremos construir um espaço onde todos os glossários sejam criados, nas disciplinas, convidado toda a Rede para participar. Será um glossário em Libras, com filmes para serem vistos no contexto das áreas, uma palavra traduzida para língua portuguesa e depois pra Libras, com diversos recursos”, conta a professora Waléria.

 

Fonte Diretoria de Comunicação Social/Reitoria do IFG

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