quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A Polícia Militar de Goiás (PM-GO), por meio de despacho proferido nesse mês e divulgado nesta quarta-feira (24) pelo portal Mais Goiás, pediu que os assentamentos rurais goianos fossem monitorados. Entre os requerimentos realizados estava que fosse feita a identificação de envolvimentos políticos. Até o momento, a PM ainda não explicou qual o objetivo desta ação.
A medida está sendo vista com desconfiança por líderes de movimentos sociais, que temem que isso se transforme em uma ferramenta de opressão. “Na medida que o Estado começa a fazer mapeamento sem explicar os reais motivos, há o receio. Existe a perspectiva de talvez tentar enquadrar movimentos como organizações criminosas, isso já aconteceu em Goiás nos últimos cinco anos”, justificou o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Goiás, Gilvan Rodrigues, ao O Popular.
A assinatura do despacho foi efetuada pela 2ª Seção do Estado Maior Estratégico da PM, com endereçamento ao 4º Comando Regional (4º CRPM), que é responsável pela região da cidade de Goiás. O documento solicita um relatório com detalhes referentes aos assentamentos.
Entre os pedidos, além da identificação de envolvimento político, está “localizar e mapear, por meio de coordenadas geográficas, os assentamentos/acampamentos inseridos na área”, “identificar e qualificar as lideranças locais desses movimentos, bem como levantar o quantitativo de pessoas em casa assentamento/acampamento (quantidade de crianças, mulheres e faixa etária dos integrantes desses movimentos” e “pormenorizar o histórico de invasões, conflitos ou qualquer assunto de interesse da segurança pública”.
Vazou que a PM de Goiás faz espionagem dos movimentos populares. O comando da polícia sempre esteve a serviço do latifundio. Antes não usavam farda. Agora usam e são pagos pelo povo. Espero que providências sejam tomadas contra a violação do direito de livre organização! pic.twitter.com/1KSvGpNpyd
— João Pedro Stedile (@stedile_mst) November 22, 2021
De acordo com Gilvan, “está explícito que o mapeamento busca grupos que lutem por terra, luta essa que é um direito constitucional”, e por isso, o documento foi denunciado pelo grupo à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), com expectativa de se realizar uma denúncia também à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e à Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça.
O coordenador do MST de Goiás ainda afirmou que foi notada a presença de agentes representantes do Estado nos municípios de Goiás, Aruanã, Palmeiras e Santa Helena. O Governo de Goiás não se manifestou sobre a suposta presença de agentes em assentamentos, nem sobre o despacho proferido pela PM.
(Com informações do Mais Goiás e do O Popular)
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