sábado, 12 de julho de 2025
Foto: Reprodução Polícia Civil
A Polícia Civil de Goiás deflagrou nesta quinta-feira (10) uma das maiores operações contra crimes cibernéticos já realizadas no estado. Batizada de Operação Deep Hunt, a ofensiva mirou uma associação criminosa altamente estruturada, especializada em fraudes bancárias, lavagem de dinheiro com uso de criptoativos e comércio de dados sensíveis na darkweb.
A ação contou com a atuação da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), com apoio da Gerência de Inteligência de Sinais, do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro e do time de investigação da Binance — empresa que atua como provedora global de serviços de ativos virtuais.
Durante o cumprimento das ordens judiciais, 32 pessoas foram presas em bairros das cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Goianira, Senador Canedo, Abadiânia, Estrela do Norte, além do Distrito Federal e do Rio de Janeiro. Ao todo, a Justiça expediu 41 mandados de prisão temporária, 43 mandados de busca e apreensão, e medidas de sequestro de bens móveis, imóveis e recursos financeiros, que somam mais de R$ 112 milhões. A operação envolveu 180 policiais civis.
As investigações duraram cerca de um ano e meio e começaram após a identificação de transações financeiras suspeitas envolvendo carteiras virtuais ligadas a marketplaces ilegais da darkweb. Esses ambientes clandestinos oferecem uma ampla variedade de produtos ilícitos, como dados bancários, cartões de crédito com código de verificação (CVV), dumps de cartões (cópias da trilha magnética dos cartões), documentos falsificados e até cédulas de moeda estrangeira adulteradas.
A Polícia Civil identificou que os criminosos atuavam com extrema sofisticação, utilizando ferramentas digitais de anonimização e fragmentação de valores, o que dificultava o rastreamento do dinheiro. Eles movimentavam grandes quantias através de criptoativos e contas bancárias em nome de empresas e pessoas interpostas, muitas delas de fachada. A movimentação financeira do grupo, segundo a apuração, chegou a R$ 164 milhões.
O modus operandi da quadrilha envolvia diversas fases. Primeiramente, os integrantes acessavam plataformas ilegais na darkweb para adquirir dados bancários e documentos forjados, pagos com criptomoedas. Posteriormente, esses dados eram usados para aplicar golpes bancários e compras online fraudulentas.
Os lucros gerados eram lavados por meio de empresas fictícias, com a criação de movimentações contábeis simuladas. Assim, os valores voltavam ao sistema financeiro formal por meio da aquisição de terrenos, imóveis de alto padrão e veículos de luxo. A investigação também descobriu que os criminosos compravam ferramentas para clonagem de cartões, softwares para falsificação de documentos e até criavam sites falsos com aparência de órgãos públicos.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos diversos materiais ilícitos, como documentos falsificados, máquinas de cartão, impressoras, drogas e armas. Duas pessoas foram presas em flagrante por tráfico de entorpecentes e posse irregular de arma de fogo.
Os investigados devem responder pelos crimes de furto qualificado mediante fraude, uso de servidor no exterior para práticas criminosas, lavagem de dinheiro com uso de ativo virtual, falsificação de documentos públicos e particulares, além de associação criminosa.
A operação representa um duro golpe contra organizações que se aproveitam da tecnologia e da descentralização financeira para aplicar golpes e burlar o sistema jurídico. O trabalho integrado da PCGO com parceiros estratégicos demonstra a capacidade das forças de segurança de atuarem de forma eficiente mesmo diante da complexidade dos crimes cibernéticos.
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