quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A Polícia Civil do Estado de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar) – com apoio de várias delegacias especializadas, da Polícia Penal e da Secretaria da Economia -, deflagrou nesta quarta-feira (21) a Operação Piratas do Campo – Resposta Final. Esta é a última etapa de uma complexa investigação policial que se desenrola há um ano e meio, iniciada em janeiro de 2020, após significativo aumento de crimes de roubo de cargas e defensivos agrícolas.
Nesta última fase, foram presas dez pessoas, entre mandados de prisão temporária e preventiva. Entre elas, estão donos de casas agropecuárias e supermercados em Goiânia e também investigados residentes nas cidades de Novo Progresso (Pará) e Luiz Eduardo Magalhães (Bahia). Os policiais civis cumpriram ainda 18 mandados de buscas e apreensões. A Polícia Civil apreendeu mais de R$ 100 milhões em defensivos agrícolas e gêneros alimentícios, todos eles oriundos de roubos praticados em propriedades rurais e cargas embarcadas nas rodovias. Também foram apreendidos 5 veículos e dinheiro em espécie, além de produtos agropecuários.
As diligências investigatórias deram conta da existência de uma grande e complexa organização criminosa com raio de ação em cinco unidades federativas: Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Pará e Tocantins. A organização criminosa era liderada por membros de uma mesma família (pai, mãe, filho e enteado), todos presos nesta etapa da operação.
A família contratava pessoas para roubar defensivos agrícolas em grandes fazendas e em caminhões que transportavam o referido produto. Os caminhões eram levados para galpões no Mato Grosso e em Goiás. Nestes imóveis, existiam sofisticadas aparelhagens de indústria química, usadas para adulteração dos defensivos que aumentam a quantidade da litragem em cem vezes mais do que o original (vinte litros se transformavam em 200 litros).
Após a falsificação dos defensivos, os criminosos os reembalavam em galões idênticos aos de grandes indústrias, como Bayer e Syngenta, com etiquetas, selos e vasilhames que chamaram a atenção pela semelhança aos originais. Os produtos falsificados eram então colocados à venda em grandes empresas localizadas em várias capitais do país.
Grandes lavouras de milho e soja foram completamente destruídas pelo uso desses produtos, o que causou prejuízos de substancial monta aos produtores rurais e ao meio ambiente. Donos de gráficas e empresas de embalagens envolvidos no esquema também foram presos na operação. Somadas todas as etapas da Operação Piratas do Campo, mais de 20 pessoas já foram presas.
Devido às prisões anteriores dos familiares, sequestro e arresto de seus bens, agentes de segurança pública ligados à investigação foram ameaçados de morte. O líder da organização criminosa chegou a ameaçar de morte, inclusive, um Promotor de Justiça de Minas Gerais.
Todos os bens móveis, imóveis e valores terão suas propriedades perdidas em razão de medidas judiciais a serem protocolizadas. Os investigados responderão pelos seguintes crimes: roubos majorados com emprego de arma de fogo, concurso de pessoas e restrição da liberdade da vítima; receptação qualificada, crimes contra a ordem tributária, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
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