Novas denúncias divulgadas por reportagem do Fantástico neste domingo (21) indicam tentativas de suborno do Padre Robson de Oliveira, ex-reitor da Basílica de Trindade, à desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), tráfico de influência com a delegada Renata Vieira, titular afastada da DEAM/DPCA de Trindade, utilização de verbas da Associação Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe) em tentativas de suborno, além de uma suposta sugestão de homicídio contra um dirigente da Afipe.

De acordo com o material, os investigadores do Ministério Público de Goiás (MP-GO) afiram que o padre possuía “portas abertas” com alguns desembargadores do TJGO. A comprovação dessa proximidade seria uma conversa gravada em que o religioso teria prometido que desembolsaria R$ 750 mil para dividir entre três desembargadores que conseguiram reverter, em segunda instância, uma decisão que era desfavorável à Afipe em um processo referente à compra de uma fazenda. Além disso, há a informação de que o MP teria uma lista de pessoas que receberam dinheiro da Afipe, incluindo pessoas da Justiça.

O TJ disse, por meio de nota, que “desconhece os fatos narrados na reportagem” e ainda que “não foram utilizados os meios próprios de trazer ao Poder Judiciário informações ou indícios de eventual conduta inadequada de magistrados para regular apuração”, bem como “não se pode presumir a ocorrência de irregularidades do julgamento de processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente”.

Outros áudios demonstram conversas frequentes entre Padre Robson e a delegada Renata Vieira, que liderava a investigação de um caso de extorsão envolvendo o líder religioso e teria, inclusive, corrigido um depoimento do padre à Polícia. “Renata, eu mandei pra você aí, é uma coisa bem laica mesmo, eu fiz da minha cabeça aqui, se quiser mudar também muda”, afirma o religioso, que recebeu como resposta um “não se preocupe” da delegada.

Segundo a reportagem, Renata havia ganhado um contrato para venda de uma fragrância aromatizante na igreja de Trindade. A delegada foi afastada da Polícia Civil na última sexta-feira (19). A corporação disse, por nota, que instaurou um procedimento preliminar apuratório e, com isso, afastou a servidora para manter a transparência e regularidade nas investigações.

Em resposta às ocorrências, a delegada informou, em nota, que é amiga de Robson de Oliveira desde 2009 e que comandou a investigação do eventual crime de extorsão onde o padre era vítima obedecendo às normativas da Lei. O advogado dela, por sua vez, ainda acrescentou que o suborno nunca ocorreu e que o áudio investigado é, provavelmente, uma montagem.

Além desta, foram anunciadas mais tentativas de suborno. Neste outro caso, a reportagem afirma que o padre teria contratado o jornalista e ex-vereador Tayrone di Martino e a esposa dele, Talitta di Martino, para produzirem uma biografia que nunca foi encontrada pelos investigadores. Em áudio, o religioso contava: “Você acha que eu ia dar R$ 350 mil para fazer um servicinho daquele da biografia da minha vida. Aquilo foi extorsão, Talitta. Extorsão pura”. A extorsão seria consequência de um suposto romance entre Robson e Talitta.

Após ser citado no caso, Tayrone criticou a emissora de TV que divulgou as novas denúncias. “Hoje vi o quanto a Globo faz um mau jornalismo. Eles falam o que querem, mesmo recebendo todos os esclarecimentos”, disse em uma postagem. Ainda segundo o jornalista, o livro sobre a vida de Padre Robson foi seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na pós-graduação em jornalismo literário, e que após ser desligado da Afipe, ele havia decidido vender o conteúdo para que fosse publicado.

De todas as gravações, destaque também para uma em que o padre teria sugerido o homicídio de um dirigente da Afipe que estava envolvido nos esquemas de suborno. “Se o senhor pudesse matar ele pra mim, seria uma bênção”, disse Robson de Oliveira. A defesa do religioso afirma que não conhece o conteúdo destas mensagens, que elas são “frutos de montagens e adulterações feitas por pessoas inescrupulosas”, e que o padre é vítima de extorsão e perseguição.

(Com informações do O Popular, do Jornal Opção e do Fantástico)