quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Cerca de 30 pessoas ligadas esquema de produção e venda de produtos para emagrecimento pela internet foram denunciadas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). As fábricas funcionavam em cidades do interior do estado sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de forma “amadora”, segundo os promotores de Justiça.
Um dos investigados é um vereador de Paranaiguara, onde a investigação começou, e é apontado como um dos líderes do esquema. Uma adolescente também participava da produção dos medicamentos, em Cachoeira Alta, cidade que abrigava uma das fábricas, conforme o MP-GO. Dos 30 denunciados, 13 seguem presos até esta segunda-feira (20).
“Nos causou perplexidade a ousadia do grupo e também o tamanho dele. Ainda não temos o quanto eles conseguiram movimentar, mas foram apreendidos e bloqueados R$ 7 milhões”, disse o promotor Fabrício Lamas.
A denúncia foi enviada ao Poder Judiciário na sexta-feira (17). Foram denunciadas, ao todo, 29 pessoas, por organização criminosa e falsificação adulteração e vendas de remédios sem registro na vigilância sanitária. Uma mulher irá responder por falso testemunho.
“Não há indícios da participação dela na fabricação ou venda dos produtos. Ela é casada com um dos denunciados, mas prestou depoimento se passando por esposa de outro denunciado para tentar beneficiá-lo”, explicou Lamas.
O vereador denunciado é Aderivaldo Lima Pereira (PT). Ele é suspeito de adquirir matéria-prima, armazenar os produtos e revendê-los. A defesa dele disse que já entrou com um pedido de liberdade.
"Ele foi preso em flagrante durante a operação e na casa dele foram encontrados remédios. Ainda não podemos falar em linha de defesa porque não tivemos acesso a todo o processo", disse o advogado Flavio Silva Pereira.
Produção
A denúncia resultou da investigação da Polícia Civil e do MP-GO. A fábrica clandestina de remédios para emagrecer localizada em Cachoeira Alta, foi fechada pela corporação no dia 4 de dezembro.
Nesta época, foram presos também suspeitos de fazer parte da produção e venda dos comprimidos. Também foram apreendidas milhares de cápsulas e veículos de luxo que estavam com os detidos. Foram encontradas na indústria 2 toneladas de produtos que eram usados na fabricação das cápsulas.
O grupo era dividido em quatro grupos: intelectual, de produção, de compra de matérias-primas e distribuição, venda e lavagem de dinheiro. De acordo com o Ministério Público, as matérias primas eram adquiridas de maneira clandestina com laboratórios nacionais. Os remédios eram preparados em laboratórios improvisados em Cacheira Alta, Paranaiguara e Quirinópolis.
“Era uma fabricação totalmente amadora. Eles usavam uma betoneira para misturar os produtos, sem dosar a quantidade, verificar a qualidade. Eles usavam um anoréxico para emagrecer e um antidepressivo”, disse o promotor.
Entre as substâncias sintéticas e de uso controlado estavam sibutramina e fluoxetina. A sibutramina é usada para diminuir a sensação de fome. Já a fluoxetina é um antidepressivo.
Depois que todas as substâncias eram misturadas, o suposto medicamento se transformava em um pó fino com cheiro de ervas. Porém, o mesmo pó ganhava diferentes rótulos, com nomes diferentes, e era enviado para várias partes do Brasil e até para Portugal.
Vendas para Portugal
Os remédios, depois de prontos, eram vendidos pela internet ou também repassados em academias, salões de beleza e revendedoras de cosméticos.
“Eles usavam blogueiros, pessoas de influência nas redes sociais, para divulgar os produtos”, completou o promotor.
Conforme a denúncia, eles usavam laranjas e empresas de fachada para movimentar e lavar o dinheiro, comprando imóveis, terrenos e carros de luxo.
“Essa movimentação de carros de luxo e um padrão de vida muito elevado de algumas pessoas em uma cidade pequena, sem nada que justificasse um salto na renda, nos chamou a atenção e, a partir daí, começamos a investigar”, disse a promotora Daniela Lemos.
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