quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Justiça de Goiás determina indisponibilidade de 1,2 milhões em bens do presidente da Assembleia Legislativa

POR Jornal Somos | 15/04/2019
Justiça de Goiás determina indisponibilidade de 1,2 milhões em bens do presidente da Assembleia Legislativa

Redação Jornal Somos

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A pedido do Ministério Público de Goiás, o Tribunal de Justiça de Goiás autorizou o bloqueio de bens do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSL). A indisponibilidade de bens autorizada é no montante equivalente a 50 vezes o valor da remuneração percebida por ele, ou seja, o valor do subsídio de um deputado estadual, totalizando R$ 1.266.112,50. A decisão é da 1ª Turma Julgadora da 5ª Câmara Cível que, à unanimidade de votos, acolheu os termos do voto do relator, desembargador Alan Sebastião de Sena Conceição.

 

A responsável pelo recurso foi a promotora Renata Dantas de Morais e Macedo que ainda destacou a importância de a decisão do TJ-GO ter acolhido o entendimento de que a indisponibilidade de bens em casos de improbidade não se limita ao valor do dano, mas abrange também a possível multa civil. A medida refere-se ao caso ocorrido em 2015, em que um show sertanejo oferecido ao aniversário de Rio Verde seria presente do deputado, por meio de emenda parlamentar, o que configuraria promoção pessoal, uma vez que ele seria candidato à prefeitura nas eleições de 2016, o que se confirmou posteriormente.

 

De acordo com nota do MP, a medida será implementada mediante bloqueio de bens via sistemas Bacenjud e Renajud, bem como através do envio de ofícios à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), à Junta Comercial de Goiás, à Central Nacional de Indisponibilidade de Bens (CNIB), ao Departamento Nacional de Registro do Comércio, à Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), aos Cartórios do Registro de Imóveis de Rio Verde e Montividiu, ao Tribunal de Justiça e à Corregedoria da Justiça de Goiás.

Resposta

Por meio de nota, a assessoria jurídica de Lissauer Vieira diz que recebe a decisão com "tranquilidade', que o "bloqueio de bens tem virado regra em casos como esse", e que o equívoco da acusação será provado durante o processo. (Leia nota na íntegra ao final)

 

Histórico

Em março de 2018, o Ministério Público de Goiás acionou o deputado estadual Lissauer Vieira para responsabilização pela prática de ato de improbidade administrativa, ao divulgar que seria de sua autoria emenda que destinou verba para pagamento de show de dupla sertaneja no aniversário de 167 anos de Rio Verde, situação que serviu para promoção pessoal do parlamentar. O material impresso indicava ainda que a festa, ocorrida no ano de 2015, era um presente do deputado, por meio de emenda parlamentar, o que configuraria promoção pessoal, uma vez que ele seria candidato à prefeitura nas eleições de 2016, o que se confirmou posteriormente.

 

Assim, liminarmente foi requerida a indisponibilidade de bens de Lissauer no valor de R$ 2.532.225,00, referente a cem vezes o valor do subsídio de um deputado estadual. Ocorre que este pedido foi indeferido. O magistrado argumentou que “a indisponibilidade de bens prevista no artigo 7º da Lei de Improbidade Administrativa depende da existência de fortes indícios de que o ente público atingido por ato de improbidade tenha sido defraudado patrimonialmente ou de que o agente do ato tenha enriquecido em consequência de resultados advindos do ato ilícito, o que não restou a priori caracterizado”.

 

Inconformada com a decisão, a promotora de Justiça Renata Dantas interpôs agravo de instrumento, reiterando estar evidenciado que o deputado atentou contra os princípios que regem a administração pública, sobretudo o da moralidade, o da impessoalidade e o da legalidade, tendo em vista que usou de cargo público para promoção pessoal, o que caracteriza ato de improbidade administrativa.

 

Ocorre que também este pedido foi indeferido, ao ser apontado que “não foi atestado a contento no processo – mormente porque inexistem elementos bastantes à comprovação de que houve, realmente, lesão ao patrimônio público ou enriquecimento ilícito por parte do agravado/réu”.

 

Assim, foi interposto agravo regimental reiterando o pedido a indisponibilidade de bens de Lissauer no valor de R$ 2.532.225,00, com a fixação da indisponibilidade dos bens do réu, até o valor máximo da multa civil. Após análise da argumentação do MP e parecer da procuradora Eliete Sousa Fonseca Suavinha, reconheceu-se a existência de suficientes indícios da prática de improbidade. Contudo, o relator Alan Sebastião deixou de acolher o pedido para a imposição do valor máximo da multa: “em observância aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, entendo plausível minorar a constrição patrimonial de ativos e propriedades do agravado para a metade do total requerido pelo Ministério Público Estadual, devendo atingir tão somente o montante equivalente a 50 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente, e não a 100 vezes o mesmo valor”, ponderou.

 

Leia a nota na íntegra

"Recebemos com muita tranquilidade a decisão da 5ª Câmara Cível do TJ-GO. Atualmente, o bloqueio de bens tem virado regra em casos como esse, mesmo quando não há prova de qualquer ilegal praticado. Trata-se de análise preliminar de um pedido de indisponibilidade de bens do deputado estadual Lissauer Vieira, num processo em que se questiona sua participação em um show no aniversário de Rio Verde, em 2015.

Tal show aconteceu de fato e sem qualquer indício de irregularidade. O questionamento do Ministério Público diz respeito exclusivamente a uma descabida denúncia de que houve favorecimento à imagem do deputado por ele ter participado do evento. Nesta ação, o próprio MP em Rio Verde reconheceu nos autos que, de fato, não houve dano ao erário e que o suposto ato de improbidade teria se resumido à ofensa de princípios.

Esclarecemos ainda que na instância local, o juiz Marcio Morrone Xavier vislumbrou o abuso do pedido liminar e negou provimento à indisponibilidade dos bens, argumentando que tal medida “depende de fortes indícios de que o ente público tenha sido defraudado patrimonialmente ou de que o agente do ato tenha se enriquecido, fatos que não restaram, a priori, comprovados”. O processo está em seu início e durante a instrução ele poderá provar o equívoco da acusação. A defesa de Lissauer Vieira informa que recorrerá dessa decisão para provar que é inocente e para fazer prevalecer a justiça.

Ass: Assessoria juridica".

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