quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
Neste mês de julho, a Saúde de Goiás chama a atenção para as hepatites virais com o Julho Amarelo. O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais foi estabelecido em 2010 e é celebrado em 28 de julho. Hepatites virais são doenças causadas por diferentes vírus hepatotrópicos – aqueles que têm preferência pelo fígado.
Os mais relevantes são os vírus A, B, C, D e E. De 2014 a 2018, Goiás registrou 7.114 casos notificados de hepatites, dos quais 3.787 do sexo masculino, 3.326 no feminino e um caso ignorado. A maior predominância dos registros fica na faixa etária de 35 a 49 anos, com 2.485 casos. Em relação aos óbitos por hepatites virais, foram 45 em Goiás em 2017.
A doença é causada pelo uso de álcool, drogas, doenças autoimunes, mas o motivo mais comum são as infecções virais. De acordo com a coordenadora de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), HIV e Hepatites Virais da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES), Priscilla Silva Rosa de Almeida, as hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. São chamadas de doenças silenciosas, pois muitas vezes não apresentam sintomas. Se não for adequadamente diagnosticada e tratada, poderá evoluir para suas formas mais graves, levando à insuficiência hepática aguda, cirrose, câncer do fígado e até mesmo à morte.
Os vírus das hepatites A e E são transmitidos por via fecal-oral. O tipo A atinge principalmente crianças e adultos jovens. Além da transmissão por meio da água e dos alimentos, o uso de utensílios contaminados e o contato direto com fezes de indivíduos infectados são fontes de contaminação importantes. A transmissão do vírus E tem sido relacionada, desde sua descoberta, à veiculação por água. No entanto, a maior ocorrência da infecção em adultos jovens tem sugerido a possibilidade da sua transmissão por via sexual.
Já a transmissão dos vírus das hepatites B, C e D ocorre pelo sangue, contato sexual e fluidos corporais. O vírus da hepatite B pode ser transmitido por via parenteral, por contato com sangue, órgãos transplantados que não passaram por triagem, por outros fluidos corporais contaminados que entram em contato com a pele ou com mucosas feridas ou com pequenos ferimentos e por via sexual. A partícula viral pode se manter infecciosa por até uma semana, por isso, materiais perfurocortantes não esterilizados também são vias potenciais de infecção.
Em relação ao tipo D, a transmissão pode ocorrer com o vírus B (coinfecção) ou infectar portadores crônicos do vírus B (superinfecção). O vírus C é transmitido pelo contato com sangue contaminado e, por isso, pessoas transfundidas antes de 1993 – quando foram instituídos os testes de triagem obrigatórios – apresentam maior possibilidade de terem sido infectadas.
Priscilla Silva Rosa de Almeida explica que, clinicamente, as hepatites provocadas por vírus podem se apresentar de modo sintomático ou assintomático. “Em geral, elas se apresentam de modo assintomático. Nas hepatites virais sintomáticas, as manifestações variam desde um mal-estar generalizado até o comprometimento hepático fulminante. São sintomas frequentes a falta de apetite, dor abdominal, náuseas, vômitos, icterícia, urina escura, fezes esbranquiçadas e febre”, acrescenta.
Os casos crônicos das hepatites virais B, C e D podem evoluir com o desenvolvimento de fibrose, cirrose hepática e suas complicações. Pessoas com hepatites virais crônicas também têm risco aumentado para o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. O diagnóstico é feito com base na história clínica e epidemiológica do paciente e começa com os exames de sangue de rotina.
A coordenadora estadual de ISTs, HIV e Hepatites Virais informa que o diagnóstico das hepatites pode ser feito em qualquer unidade de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás, por meio da execução de testes rápidos ou de exames sorológicos. “Os testes rápidos são práticos, em função da sua simplicidade de execução, pois não necessitam de infraestrutura laboratorial para serem realizados e os resultados são de fácil leitura e interpretação”, diz Priscilla.
Para evitar a infecção pelos vírus das hepatites, os seguintes cuidados são necessários: usar preservativo nas relações sexuais; não compartilhar seringas, agulhas ou objetos perfurocortantes; não compartilhar objetos de higiene pessoal, tais como escova de dente, lâminas de barbear e materiais de manicure; consumir somente água potável e higienizar alimentos antes de consumi-los.
A coordenadora da SES acrescenta que as hepatites A e B são doenças imunopreveníveis e podem ser evitadas por meio de vacinas, que estão previstas no calendário nacional de imunização do SUS. A hepatite D é evitada pela mesma vacina da hepatite B.
Priscilla Rosa alerta que não existe tratamento específico para as formas agudas, exceto para hepatite C e hepatite B aguda grave. O tratamento é realizado por meio de medicamentos preconizados de acordo com cada tipo viral e/ou fase da doença. Para as demais hepatites, se necessário, apenas tratamento sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso. A única restrição dietética está relacionada à ingestão de álcool.
Em Goiás, o medicamento para tratar a hepatite B pode ser obtido na Central de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa (Cemac). Já a hepatite C é tratada no Hospital de Doenças Tropicais (HDT). Segundo a coordenadora, com o objetivo de facilitar o tratamento, alguns Serviços de Atendimentos Especializados (SAE) já estão aptos a prescrever e dispensar o tratamento, nos municípios de Anápolis, Itumbiara e Jataí.
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