quinta-feira, 21 de novembro de 2024
O presidente do Sindicato Rural de Rio Verde respondeu ao Jornal Somos sobre a comemoração da 60ª edição e ações de sua gestão.
Redação Jornal Somos
EJ: Quais são as expectativas para a Exposição Agropecuária de Rio Verde em 2018?
LUCIANO: Agora é a época em que fica todo mundo ansioso, a gente vai acompanhando algumas que estão acontecendo, que é um termômetro. Esse ano está sendo bem atípico, na questão de público, nas que já estão acontecendo estão deixando muito a desejar. Santa Helena teve vários shows bons, a grade de show não deixou nada a desejar, aquela é a grade que na época que fecharam comentamos muito nos nossos grupos o tanto que ficou boa, parabenizando pela escolha daquela grade. Achamos apertado para Rio Verde em termos de custos e a nossa não ficou muito diferente em relação ao ano interior. E esse ano o que a gente está vendo de diferente é que não está sendo assim: “esse” é o show que vai explodir de público. O pessoal está bem equilibrado em termos de venda dos ingressos, não tem nenhum despontando demais, não está tendo uma disparidade. Então você vê que a grade é uma grade muito boa. Sempre comentam: “oh Luciano, ficou boa a grade esse ano, parabéns e tal’’.
EJ: Este ano Rio Verde faz 170 anos e a Exposição está em sua 60ª edição, está programado algo especial por estas datas?
LUCIANO: Estamos tentando fazer um resgate da história da exposição, um túnel do tempo. Um memorial da exposição para mostrar um pouquinho da evolução do evento desde o inicio até hoje. Nossa ideia é fazer um túnel do tempo para mostrar um pouquinho como era ontem e como ela está hoje. Estamos buscando parceiros para conseguir encontrar informação e principalmente fotografia, porque eu quero mostrar é a realidade, que lá no inicio não existia a estrutura que existe hoje, e que hoje a gente está com essa visibilidade e sendo destaque no país inteiro. Então nossa ideia é um museu, vamos montar um museu que vai ser o diferencial da exposição esse ano.
EJ: Todos os anos o Sindicato insere alguma atividade nova ao evento, qual será este ano?
LUCIANO: O grande diferencial é a estrutura que a gente tem melhorado. Dar acessibilidade maior para as pessoas que necessitam, como por exemplo, os banheiros especiais e alguém cuidando dessa parte. Melhorias na infraestrutura mesmo. Quanto à parte de arquibancada, a gente permanece com a mesma do ano passado, mas um pouco melhorada, principalmente na parte de segurança, porque como estamos esperando um público maior esse ano, a segurança vai ser reforçada com uma equipe lá de Goiânia que vem pra trabalhar aqui.
EJ: Muitas pessoas só veem a Exposição como um momento de festa e lazer, porém sabemos que é muito mais. Qual a função da exposição para o produtor rural?
LUCIANO: A exposição agropecuária há muitos anos atrás, você entrava lá, tinha de tudo, para agricultura, agropecuária, infinidade de empresas, hoje você vai lá e fala “Luciano, há uns anos atrás aqui tinha pequenos equipamentos para produtores de leite, para pecuaristas, tinha tudo, por que hoje não tem mais?” Com a vinda da Tecnoshow, ela fez uma transformação, uma revolução nesse segmento. A indústria vai para a Tecnoshow, chama todos os seus parceiros revendedores da região, porque isso envolve mais de 50, 100 municípios. É uma feira feita de negócios, uma feira que tem horário para começar e para terminar as palestras. Então por que não trazemos isso pra cá? É uma dificuldade para as empresas devido aos horários, para o pessoal ficar o dia inteiro e às vezes até às 22h. Isso inviabiliza muitos negócios, o custo benefício é muito alto nessa questão. E hoje exposição é vista como festa, mas nós temos paralelamente um evento que acontece na segunda semana que é a Jornada Tecnológica, voltado para palestras aos produtores de todos os segmentos. Temos também essa preocupação. Dentro dela temos vários treinamentos que acontecem o ano inteiro, dentro do parque e dentro da exposição. A gente vai vendo a demanda e os aplica (os treinamentos). Dependendo da exposição às vezes você consegue fazer treinamento para 100 pessoas. São mais 100 pessoas que saem capacitadas, além do número de pessoas que participam e frequentam no dia a dia.
EJ: Quando assumiu a presidência em 2016, sua maior promessa era a aproximação com o produtor, acredita que já alcançou esta meta?
LUCIANO: Sim, o resultado existe, mas isso aí é uma luta interminável. Você alcançar o produtor, chegar nele, não é muito difícil. Você fazer o que ele quer, também não é difícil porque é o que a gente já pratica no nosso dia a dia. Por eu ser produtor e já estar nessa vida, na agricultura, na pecuária, ter envolvimento, conhecimento, tenho feito essa aproximação. A partir do momento que tem qualquer demanda que prejudique a classe produtora, a gente entra em ação. Nós vamos, nós lutamos, vamos atrás de tudo que é possível para tirar os desafios, principalmente governamentais, que vem em cima do setor do agronegócio, no setor do produtor, onde está o produtor. Então, a gente vem tendo essa aproximação, tendo desafios e conseguido derrubar muitas coisas. Estamos fazendo, porém não é tão simples.
Esse ano, nós resolvemos trazer o produtor para mais próximo da estrutura organizacional da empresa. Hoje estamos todos em um espaço só, antes ficava separado o escritório da outra parte. Hoje não, o produtor passa por toda parte, me cumprimenta, diz que é bom poder falar comigo, antes não tinha isso. Eram dois prédios porque não tinha espaço físico. Aí a gente teve a ideia de aumentar. Um produtor esses dias disse que tem orgulho de chegar ao sindicato e ser recebido dessa forma, de poder encontrar comigo e pegar na minha mão. É gratificante pra gente, porque foi uma luta ter conseguido fazer essa reforma, conscientizar o produtor que agora ele teria que andar um pouco mais, fazer uma volta para entrar lá. Hoje ele está sendo muito melhor recebido e assistido por nós. Antes ele não me conhecia, hoje ele sabe que tem um departamento de comunicação.
EJ: Desde o ano passado várias crises nacionais e internacionais tem afetado diretamente o valor de venda e compra de produtos agropecuaristas. Como o sindicato tem se posicionado neste sentido?
LUCIANO: O Sindicato uma vez acionado, se conseguir resolver no âmbito municipal, que é a área de atuação dele, ele corre atrás e faz de tudo. Quando não cabe a ele, o órgão corre para a Federação (FAEG - Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás), que é a nível estadual. Uma vez sabendo que isso é em nível federal, a gente vai até a CNA (Confederação Nacional de Agricultura). Então, existe essa preocupação de onde é a defesa do produtor, e a gente sempre tem feito. A gente sempre tem conseguido muitas ações. É importante salientar que o sindicato de Rio Verde sempre tem liderado grandes partes dessas ações, é daqui que surgem as demandas que a gente leva para as federações e consegue ajudar o produtor. Foi daqui que saiu o pontapé inicial da lei da rastreabilidade. O sindicato daqui é muito empenhado e atuante em prestar o serviço para o produtor, não é uma instituição que faz festa, nós somos uma instituição que cuida do produtor rural.
EJ: Existe alguma prioridade para que os produtores tenham uma preferência de estar lá dentro?
LUCIANO: A gente tem esse cuidado sim, principalmente nessa questão de cursos e palestras. Nós sabemos que nossos produtores querem informação a respeito do mercado, então a gente vai buscar um especialista que fale do mercado. Estamos vendo que os preços do gado não estão viáveis para o produtor, eles nos procuram e querem isso. Também estamos procurando palestrantes para explicar isso para o produtor. Em relação aos cursos, é muita demanda. O produtor vai lá durante o ano inteiro “Ah, preciso de um curso na área de máquinas agrícolas, então temos a preocupação de levar para o produtor aquilo que ele quer.” A demanda chega intensa pra gente, então os cursos que irão acontecer nesse ano na exposição especificamente, alguns que já estão programados serão, por exemplo, na área de alimentação, porque as esposas vieram pedir. A gente quer uma coisa pra trabalhadora rural ter uma renda, porque hoje é o marido dela que trabalha lá na fazenda e ela fica ociosa. Vamos trazer o artesanato pra ela fazer, então, é conforme a demanda vai chegando e a gente vê especificamente o que vai ser feito.
Dentro desses treinamentos que nós estamos aprimorando, principalmente nos distritos e alguns assentamentos, estão tendo uma linha de produção, tanto de derivados de alimentos, quanto de artesanato, e esse pessoal tem toda certificação, principalmente de alimentos. Nós acompanhamos, levamos treinamentos, existe a fiscalização da vigilância sanitária, então eles têm espaço lá dentro (eventos) para comercialização, para expor, fazer o que quiser, sem custo, pois não pagam aquele estande. A gente monta e oferece. Muitos vão pra lá e locam seus espaços, eles não.
EJ: Ainda lhe falta pelo menos mais um ano de trabalho à frente da organização, o que ainda podemos esperar de projetos em sua gestão?
LUCIANO: Eu sou muito tranquilo nisso. Gosto de política, sempre participei, sempre atuei, mas a política que gosto é da classista, é a que me identifico, a que conheço. Não me vejo na política partidária. Sempre fui coligado, desde que cansei de ser mesário. Na época eu me filiei ao PP. Fui coligado com o prefeito Paulo Roberto, quando ele começou, no primeiro mandato de deputado federal, mas nunca cheguei a ser atuante. Eu saí desse partido por conta de um primo meu que foi candidato a deputado estadual. E nisso, um sobrinho meu me convenceu a me afiliar ao PMDB. Pelo qual, inclusive, me elegeram sem que eu nem soubesse (risos). Eu era filiado e votei, não tinha me colocado a participar do filiatório do partido. Quis matá-lo depois, mas disse que não faria porque minha mãe ficaria muito chateada. (risos), nunca fui a uma reunião. Porém, sobre a política partidária: digo que não, mas posso mudar a mente amanhã. Se me perguntarem hoje se estou com intenção de voto, não terei interesse, pois não tenho vaidade.