segunda-feira, 08 de julho de 2024

Goiás

Entrevista com Hugo (Imbilino)

POR Jornal Somos | 06/07/2018

Em seu oitavo filme, Hugo Caiapônia, conhecido como Imbilino apresentou parte da vida, do filme e dos projetos ao JORNAL SOMOS.

Entrevista com Hugo (Imbilino)

Jornal Somos

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1 – SEU TRABALHO MAIS RECENTE, “O BAÚ DE OURO”, É SEU 8º FILME. DO QUE SE TRATA A HISTÓRIA?

Baú de Ouro é um filme no qual uma tia do Imbilino deixa para ele um testamento contendo um mapa com a localização de um baú cheio de ouro, que estava enterrado na fazenda dele. Uma professora lê a carta e espalha o boato na cidade, causando uma invasão às terras de Imbilino. Então, aparecem pessoas para aproveitar da sua nova “fortuna”.  Entre tantas aventuras, até avião o caipira tem que pilotar.

2 – COMO É GRAVAR SENDO PRODUTOR INDEPENDENTE?

É difícil no começo. Hoje nós já temos um nome e estamos conseguindo apoio da Lei Goiases. A produção executiva é do meu filho Vinícius Vilela. A produtora é minha, mas ele é quem produz os filmes, para não ter tanta coisa em cima de mim, porque estava muito atarefado. Fui conseguindo mais espaço, as pessoas acreditam mais na história, vão patrocinando e ajudando, não é fácil. Por exemplo, a gente grava o DVD e quando lança, imediatamente a pirataria toma conta.

3 – COMO SURGIU O PERSONAGEM?                  

Uma pessoa me mostrou um filme de comédia, eu assisti e notei que havia coisas que não estavam muito boas. Coisas como maltratar crianças. Aí pensei “isso não é uma comédia”. Comédia tem piadas interpretadas, porque eu tinha feito um CD de piadas e não gostei porque era só a voz, esse negócio não era legal. Fui à casa do meu primo que já havia feito cinema, era assistente de câmera, o chamei para os três filmes e ele disse que seria muito difícil. Perguntei a ele “Quanto você quer?”, e ele, levando na brincadeira, disse que a esposa iria ganhar neném, então eu disse que bancaria o parto da esposa dele e fizemos os filmes. Cheguei em casa, e pensei “agora vou criar uma história”, eu tinha um radinho que estava dentro de baú que carregamos há muitos anos, peguei aquele radinho e fui escrevendo as piadinhas e quando vi estava surgindo um filme. Criei um roteiro, e o personagem foi questão de minutos. Num estalar de dedos, com a língua para a fora, eu passei algo no bigode, coloquei um chapéu, ergui a calça, estalei os dedos, arrastei os pés, ainda sem voz, andei para lá e para cá e pensei “esse aqui é o personagem”. Desci as escadas da minha casa, havia um senhor que morava perto, e eu o perguntei (já caracterizado de Imbilino), “Escuta, onde mora o Hugo aqui?” e ele disse “Nesse prédio aí”. Me pegou pelo braço e me levou até a entrada da escada e não percebeu que eu era o Hugo. Ninguém me conhecia descaracterizado, agora já estou mais parecido, com sessenta anos. Foi onde eu vi que o personagem tinha dado certo. Passados os primeiros filmes, fomos melhorando aqui e ali, dedicando mais. A mão divina que falou “vai servir para alegrar o povo”.

4 – COMO É A ACEITAÇÃO FORA DO ESTADO?

O Imbilino é mais famoso fora do estado de Goiás do que dentro do estado. Nordeste inteiro ama o Imbilino. Eu fui homenageado em Fortaleza como o novo Mazzaropi, e fui convidado também para a cerimônia de cinzas do Chico Anysio, pela rádio do governo do ‘Cobrinha’, eles pagaram tudo para eu ir a cerimônia, foi onde eu vi o tanto que o povo nordestino tem um carinho pelo Imbilino. No Mato Grosso sou mais conhecido por conta da pirataria. Em São Paulo e no Rio sou bastante reconhecido e em Brasília, então, nem se fala.

5 – DIANTE DA ATUAL SITUAÇÃO DO PAÍS, A POLÍTICA INTERFERE NAS PRODUÇÕES?

De um modo geral, prejudica em tudo. O Brasil está muito desacreditado por conta dos políticos e isso prejudica muito nas exibições. Com essa crise, diminuiu o público em quarenta por cento. E acaba prejudicando sim, porque agora vai ser difícil, até dar uma normalizada. Mas, se Deus quiser, o Brasil vai entrar no eixo, porque nosso país é riquíssimo, só falta administração.

6 - Você considera que seus filmes marcam o estereótipo e inverdades sobre o caipira?

Eu acho que criei um caipira verdadeiro. Quando uma pessoa vai fazer um caipira, faz todo rasgado, fumando, bebendo, caipira, todo sujo. E eu procurei um jeito de fazer um caipira limpinho, básico, das conversas eu ouvia o que saia do nosso palavreado. E não usar a palavra “cumpadre” porque não tem identidade, se eu chamasse o personagem Juca de ‘cumpadre’ e ele também, ninguém saberia do Juca e nem do Imbilino, cada personagem tem que ter sua identidade.

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