O júri popular que analisaria a morte de uma jovem de 23 anos, ocorrida em novembro de 2023, foi interrompido nesta quinta-feira (4) no Fórum Municipal de Jataí após a defesa do acusado deixar o plenário. Segundo os advogados, manifestações da plateia teriam influenciado o ambiente e comprometido a imparcialidade dos jurados.

Em nota, a defesa afirmou que solicitou a dissolução do conselho de sentença devido às reações do público, consideradas perceptíveis e capazes de gerar pressão sobre quem julgaria o caso. O pedido foi negado pelo juiz, o que motivou a retirada da equipe de defesa e o consequente cancelamento da sessão. A banca jurídica também pediu que o julgamento seja remarcado para outra data, ainda não definida.

A defesa reiterou que o disparo foi acidental, que o acusado prestou socorro à vítima e que o vídeo gravado por ela comprovaria essa versão se reproduzido com áudio. Em posição enviada no início da semana, os advogados afirmaram que, por respeito ao segredo de justiça e à memória da jovem, não detalhariam a estratégia a ser apresentada ao júri.

O caso

A jovem registrou em vídeo o momento em que foi atingida por um disparo dentro de um carro. Na denúncia apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), o homicídio foi qualificado por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.

Conforme o delegado responsável pela investigação, o casal passou a tarde consumindo bebidas alcoólicas. Durante a noite, a vítima gravou o momento em que o acusado manuseia a arma e, em seguida, atira. Após o disparo, ela foi levada ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu ao ferimento no tórax.

Inicialmente, o acusado contou à Polícia Militar que dois homens em uma motocicleta teriam efetuado o disparo, mas a versão caiu após os agentes encontrarem no celular da vítima o vídeo que registrou o fato. Uma pistola calibre .380 foi localizada perto do veículo do investigado. Ele disse não saber que a arma estava carregada.

Violência anterior

Amigos relataram à polícia que a vítima já havia mencionado agressões e ameaças, e que teria sido orientada a buscar medida protetiva. Episódios de comportamento agressivo também teriam sido observados cerca de um mês antes do crime, durante um período de separação do casal.

O julgamento deve ser remarcado pela Justiça.

Nota completa da defesa:

“A defesa de Diego informa que pediu à dissolução do conselho de sentença, pois houve várias manifestações da plateia que foram claramente perceptíveis pelos jurados, criando um ambiente de pressão e comprometendo a serenidade necessária para o julgamento imparcial.

Diante da negativa do júiz e de clara contaminação e nulidade, a defesa deixa o plenário do júri, requerendo que seja designado outra data e desta forma com respeito a todos os preceitos legais.

A defesa informa ainda que espera ansiosa o momento que o júri ocorra novamente, sem tumultos, para que possa ocorrer o julgamento correto.

Ao final esclarecendo reiteradamente que foi um acidente, ele prestou socorro a vítima e o vídeo gravado demonstra isto se ouvido com som.”

Mirelle Gonsalez Maciel
Rodrigo Lustosa
Álvaro Assis

Com informações de Mais Goiás.