quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Conheça a candidata Ipamerina trans que está entre os goianos com nome social concorrendo às eleições

POR Ana Carolina Morais | 11/11/2020
Conheça a candidata Ipamerina trans que está entre os goianos com nome social concorrendo às eleições

Redação Jornal Somos

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Existem 22.544 candidatos inscritos na Justiça Eleitoral para disputar às 2.456 cadeiras dos legislativos municipais do estado de Goiás, e entre eles, 6 utilizaram nome social, que é o nome pelo qual transexuais e travestis, preferem ser chamados, no lugar daquele que foi registrado em cartório, que não simboliza sua real identidade de gênero. Uma destas seis pessoas é Paullety Ramona Jordana, concorrente ao cargo de vereadora por Ipameri, município do sudeste goiano.

 

 

A jornada de Paullety, assim como a da grande maioria da comunidade transexual, foi de diversos percalços até, enfim, se acolher, de fato, como quem é. “Eu nasci assim, sempre tive atração por homens, sempre me senti diferente, sempre me senti mulher trans. Servi ao exército e lá me descobri muito mais (...) Assumi só depois. Passei por duas clínicas psiquiátricas, até que percebi, ou perceberam, que era a sexualidade a maior causadora de minha deficiência. Fui à luta e não aceitei me prostar. (...) Passei a me vestir com estilo e toquei a vida avante”, conta.

 

 

A identidade de gênero, que representa tanta luta, foi o fator que trouxe, à Paullety, o desejo de reivindicar não somente os seus direitos, mas o de toda a população. “Sou candidata pela primeira vez. Na vida militar eu não participava. Não tinha condições de enfrentar a vida. Daí eu descobri a verdade, eu mudei, eu fui avante, e nove anos depois, afastada dessa vida militar, aí sim que eu me assumi e comecei a ter mais participação, fazendo o uso da tribuna e também participando mais na vida política do meu município (...) requerendo o melhor para Ipameri. Aí que eu comecei a ver novos horizontes”, revela a candidata.

 

 

 

 

O nome social de Paullety Ramona ganhou vida assim que foi permitido. Ela conta que começou a utilizá-lo logo após tomar conhecimento desta possibilidade, por meio de uma matéria exibida no Jornal Nacional. “Lembra da primeira vez que foi anunciado que estava liberado para quem quisesse ter seu nome social? Então, corri lá no outro dia”.

 

 

Essa é a primeira vez na história brasileira em que candidatos transgênero puderam utilizar o nome social nas eleições municipais. A medida que concedeu este direito foi aprovada no ano de 2018. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram registradas 165 candidaturas neste formato em todo o país para concorrerem ao pleito deste ano.

 

O número de apenas seis candidatos goianos utilizando nome social soa insignificante, mas considerando que o Brasil é o país onde mais se registram assassinatos de transexuais e travestis no mundo – liderando esse ranking desde 2008, conforme dados internacionais da ONG Transgender Europe –, esse quantitativo pode ser interpretado como o início de uma mudança, que permitirá a concretização dos direitos desse grupo social, a partir da voz e força política que finalmente começa a ser conquistada.

 

 

 

 

A candidata ipamerina revela que sente muita falta de uma representação LGBTQIA+ na política. “Nunca tivemos uma parada LGBTQIA+. Precisamos de acolhimento para nossa irmandade. Precisamos de mais representatividade”.

 

 

Sendo assim, a decisão de concorrer ao cargo de vereadora, segundo ela, foi “por que eu quero tudo o que reivindiquei executado, porque o povo ipamerino me sugeriu, realmente me questionando: ‘por que você não sai candidata a vereadora?’, e porque é minha vocação. Depois, serei candidata a prefeita”, afirma Paullety.

 

 

 

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