quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Redação Jornal Somos
A Saíra-de-cabeça-azul, uma ave do Cerrado que havia sido vista em Goiás pela última vez há 91 anos atrás, em 1929, reapareceu na Chapada dos Veadeiros em dezembro de 2020, durante uma expedição do naturalista Estevão Santos e do biólogo Marcelo Kuhlmann, que descreveram o encontro em um artigo científico publicado, neste mês de setembro, no Bulletin of the British Ornithologists’ Club (BBOC).
A dupla realizou a expedição para observar as aves e a flora local, uma vez que na época das chuvas, os frutos e sementes disponíveis na mata aumentam. O pássaro, uma Stilpnia cyanicollis, foi visto devido à sua cor, que chamou atenção mesmo sem o uso de binóculo.
“Assim que chegamos na beira do rio São Miguel a gente viu uma pixirica, que pertence a um grupo de plantas frutíferas muito comum no Cerrado. Me lembro de ver um passarinho que saltava na ponta da árvore, de um galho ao outro. A cor escura dele me chamou a atenção, porque era bem visível mesmo sem a utilização do binóculo. Assim que eu bati o binóculo, vi imediatamente que era essa saíra e quase caí pra trás”, contou Estevão.
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Além dos quase 100 anos entre uma aparição e outra da ave, o flagrante de 2020 aconteceu na mesma região onde a Saíra foi localizada pela primeira vez, em 1929, pelo naturalista Blaser, tornando a redescoberta ainda mais especial e rara.
“Eu acessei um catálogo virtual para conferir as espécies que ele coletou. Através da localidade e das datas, tracei um itinerário para assimilar quais lugares ele tinha percorrido. No caso dessa ave, as únicas informações eram ‘Veadeiros, Rio São Miguel’”, explicou naturalista.
São conhecidas sete subespécies da Saíra, mas apenas duas são presentes no Brasil. Segundo os pesquisadores, esse reencontro com a ave reforça a importância da conservação do meio ambiente, que quando respeitada, é capaz de abrigar, inclusive, espécies raras ou desconhecidas.
“Avistamos a ave em uma propriedade particular, com cerca de 80% da vegetação nativa conservada. Artigos como esse também têm o papel de destacar a importância da conservação e mostrar que, em ambientes conservados, vivem espécies raras ou até mesmo desconhecidas”, afirmou o biólogo Marcelo Kuhlman.
(Com informações do Mais Goiás)
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