sábado, 23 de novembro de 2024

Goiás

Alerta para Goiás: Caso de ferrugem-asiática no Brasil preocupa sojicultores

POR Jornal Somos | 06/12/2018

Agrônomo alerta produtores goianos para prevenirem lavouras da doença que pode chegar ao estado a qualquer momento

Alerta para Goiás: Caso de ferrugem-asiática no Brasil preocupa sojicultores

Redação Jornal Somos

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A ferrugem-asiática da soja chegou mais cedo nas lavouras comerciais na safra 2018/2019, acompanhando a implantação antecipada das lavouras, logo após o término dos períodos de vazio sanitário. Até agora, há 57 relatos de ferrugem em seis estados – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Somente na temporada 2009/2010, o país viu tantos casos até o dia 4 de dezembro, com 70 ocorrências.

 

A dificuldade para manejar a doença será ainda mais complexa nos estados em que a semeadura foi mais tardia, a exemplo do Rio Grande do Sul. Nessa safra, a pesquisadora Leila Costamilan, da Embrapa Trigo, diz que as chuvas frequentes e em altos volumes, em outubro, atrasaram os plantios. A ferrugem foi relatada 10 dias mais tarde, nesta safra, do que na safra 2017/2018.

 

O Agrônomo Estevão Rodrigues, também professor do Curso de Agronomia da Faculdade Objetivo cedeu ao Jornal informações sobre a ferrugem-asiática e deu dicas importantes para prevenção da doença.

 

Segundo o produtor a ferrugem-asiática ocorre na cultura da soja, e é hoje considerada uma das principais doenças ocorrentes, sendo a que mais preocupa o produtor. Ele explica que durante muitos anos as ocorrências do surgimento da doença veio acontecendo de forma silenciosa em nossa região, nas últimas três safras, a ferrugem entrou nas lavouras a partir de janeiro. “Se observamos o que está ocorrendo nessa nova safra com novo cenário, em amplitude geral em nosso país, em algumas regiões a doença chegou mais cedo, conforme os dados da Embrapa que registrou 59 focos de ferrugem no Brasil, se observarmos a ocorrência da doença está concentrada nos estados que não possuem o vazio sanitário”.

 

Estevão explica que o vazio sanitário colabora com a prevenção do fungo nas plantações. “O vazio sanitário realizado em nossa região, Goiás, têm contribuído para que a doença da ferrugem tenha ocorrências mais tardias. Outro fator é que os produtores rurais hoje, têm mais consciência de que é necessário fazer aplicações preventivas, evitando a entrada do fungo na lavoura e se observarmos, os estados registrados com a ocorrência da doença, não têm uma programação de vazio sanitário como nós produtores de Goiás temos como em outros estados a exemplo o Mato Grosso.”

 

Estevão explica como que funciona o vazio sanitário realizado pelos produtores goianos. Segundo ele, o vazio sanitário acaba delimitando os meses do ano em que pode ter as plantas de soja no campo e delimita também o calendário de plantio da soja, no caso os produtores podem plantar nos meses de outubro, novembro e dezembro, ou seja, após de 31 de dezembro já não se pode mais plantar em Goiás.

 

 “A soja que é plantada após 31 de dezembro, dependendo do ciclo, será colhida no máximo até o mês de junho. Após a colheita desta, a nossa região fica isenta da hospedeira da doença que seria a soja, nos meses de julho, agosto e setembro, dentro desses três meses a nossa região fica sem oferta de alimento para o fungo proliferar, o que acaba quebrando o ciclo do fungo e posteriormente no novo plantio nós teremos a ocorrência dessa doença de forma mais silenciosa ou mais tardia, que é o que tem ocorrido em nossa região”.

 

Estevão alerta que, mesmo que a doença ainda não tenha vindo para a região, os produtores devem se preparar para a vinda dela a qualquer momento.

 

“Analisando os dados da Embrapa, o que posso adiantar para os produtores da região é que eles fiquem atentos, e que sempre tenham que chegar primeiro do que a doença, aplicando produtos que protegem a lavoura. Sabemos que existe produtos que controlam o fungo, que são os fungicidas, e existem modalidades de fungicidas diferentes. O produtor hoje tem muitas ferramentas, como alerta aos produtores da nossa região, a doença pode aparecer a qualquer momento, porém, temos que continuar aplicando os fungicidas, fazendo rotação de princípios ativos de modos de ações fungicidas, temos que trabalhar com fungicidas chamados multisítios, que são fungicidas que minimizam o fator de resistência, associar os fungicidas de sítios específicos e continuar o monitoramento”.

 

Outro fator importante relatado pelo agrônomo é que o produtor precisa seguir sem falta o calendário de plantio e fazer o vazio sanitário. “O produtor tem que ficar atento, não podendo deixar de seguir o calendário de plantio para não plantar em época errada e não deixar de fazer o vazio sanitário”.

 

Ferrugem Asiática

É uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O seu principal dano é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. O nível de dano que a doença pode ocasionar depende do momento em que ela incide na cultura, das condições climáticas favoráveis à sua multiplicação. Os danos podem chegar a cerca de 70%. A doença foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil em 2001. Devido à facilidade de disseminação do fungo pelo vento, a doença ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de soja do país.

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