segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Foto: Reprodução/G1
A adolescente mantida em cárcere por dois anos em Goiânia conseguiu fugir durante a madrugada após encontrar uma escada esquecida no quintal da casa onde era mantida presa. Segundo apuração da TV Anhanguera, ela usou o objeto para escalar o muro, saiu correndo e buscou ajuda com uma moradora do bairro.
O caso aconteceu no Setor Leste Universitário. A mãe da jovem, o padrasto e outra mulher — que viviam juntos em um trisal — foram presos na sexta-feira (21). Mãe e filha são naturais de Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal.
Depois de escapar, por volta das 6h, a adolescente encontrou uma vizinha que chegava de viagem em um ponto de ônibus. A moradora contou que a jovem estava muito fraca, com aparência debilitada, e pediu apenas que ligasse para o pai dela.
Punições severas e maus-tratos constantes
Em entrevista à TV Anhanguera, a conselheira tutelar Aline Pinheiro Braz dos Santos afirmou que a adolescente era constantemente punida por motivos banais e que os suspeitos “criavam formas de castigo”.
“Simplesmente por não gostar da forma que ela fez alguma coisa. A punição talvez era não tomar banho, ficar a noite inteira de joelho. Ela ficava três dias ou mais sem se alimentar. Ela está bastante machucada das agressões que sofria”, relatou Aline.
O pai da adolescente disse que nunca conseguiu manter contato com a filha após o fim do casamento, pois a mãe impedia qualquer aproximação. “Ela [mãe] falou: ‘Não, ela tá bem, tá vivendo’, mas nunca deixou eu ter contato com ela. Aí, pela situação em que minha filha ficou, vi que ela estava sendo mantida em cárcere privado, presa, dormindo no chão”, contou.
No Boletim de Ocorrência obtido pela TV Anhanguera, a adolescente relatou agressões com cabos elétricos, madeiras, tubos de PVC e queimaduras provocadas por cigarro. Ela também disse que os suspeitos a faziam acreditar que “merecia” os maus-tratos por ser “uma pessoa ruim”.
A adolescente foi encaminhada ao Hospital da Mulher (Hemu) e, em seguida, passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) para avaliar lesões e investigar se houve violência sexual.
A Delegacia Estadual da Mulher (Deam) informou que os suspeitos permanecem detidos. O caso agora segue sob investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que conduzirá o inquérito em sigilo.
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